Pode
parecer curiosidade mórbida saber detalhes sobre a escravidão e a vida dos
escravos. Dele se pode depreender o cotidiano O Manual tem a vantagem de
detalhar o que era considerado ideal no Brasil no século XIX. Assim é possível
imaginar o que comiam ,vestiam e moravam esse grupo tão explorado pelo instituto da escravidão e pela sua vida
diária.Se o que . C. A Taunay ensina como os escravos devem ser tratados por
seus donos é ideal é fácil imaginar o pior. Vários são os pontos por ele
abordados como: alimentação, disciplina, vestimenta, habitação tarefas diária
direção moral e religiosa, castigos e relações entre os sexos. Enfim ávida
diária de um escravo.
ALIMENTAÇÃO-
Para ele um dos cuidados maiores deve ser com a alimentação, apesar de “serem
os negros sóbrios por natureza” e em seus desertos aturarem jejuns
extraordinários. “Os escravos devem ser bem alimentados, para produzirem mais”.
Como são frugais não precisa comer muito. Devem receber a mesma ração que é
destinada a duas categorias: os soldados e os trabalhadores das fábricas.
partindo desse principio, um negro deveria receber por dia: um décimo da quarta
parte de um alqueire de farinha de mandioca (347,5 gramas), meia libra de carne
fresca (228 gramas) ou quatro onças (112 gramas) de carne seca ou peixe e ainda
duas onças de arroz ou de feijão (875 grãos) As
refeições podem e devem ser enriquecidas com legumes e verduras plantadas na
fazenda
Em geral das refeições devem constar pela manhã:um punhado e
farinha ou bolo de milho acompanhada de uma fruta ou de calix de cachaça. Ao
meio dia carne ou peixe com pirão, de noite feijões, arroz, abóboras, carurus
entre outros. Enfim eram refeições suficientes para bem alimentar um
trabalhador braçal, sem perigo de engorda-los.
Lembrando
que libra é a unidade de massa definida como
453,59237 gramas.. O alqueire é parte
do sistema de unidades de massa correspondem 13,9 litros, em Portugal. A onça é medida de
massa equivalendo a 28,349523125 gramas, ou 437 grãos..
VESTIDOS, HABITAÇÃO
E DOENÇAS. È o segundo ponto abordado pelo
autor. Observa de inicio que os negros andavam nus na África, habitavam em ranchos piores do que chiqueiros. Mas
que não é preciso fazer o mesmo pois o Brasil é mais úmido e fresco do que a
África.
O vestuário deveria vir do algodão plantado na fazenda, mas
não havendo deve ser comprado das indústrias de Minas Gerais que vendem panos
baratos. No inverno i algodão deve ser substituído por baeta, que é um tecido grosseiro
de lã. que acabou dando seu nome as mantas usadas nos bebes.
Em relação às senzalas o autor recomenda que sejam
”levantadas do chão”, ou seja, seu assoalho seja elevado para não alagar nem
umedecer. E que cada escravo tenha seu jirau e seu cobertor. a senzala deve ser
mantida limpa.Conheci algumas senzalas em Minas Gerais( Ouro Preto) onde os
escravos dormiam em porões úmidos por
onde corria o esgoto da casa que ficava no andar superior .sua cama eram
as pedras roladas, de rio que ficaram brilhantes com o tempo de
tanto que foram usadas.
Recomenda por fim que cada fazenda tenha salas reservadas
seca e boa para servir de hospital para os escravos doentes e que tenha um
médico a disposição.. Ele se admira que muitos senhores não cuidem de seus
escravos e que os deixam morrer sem assistência e que vivem na imundície.Dá
para imaginara situação em que vivíamos escravos , basta imaginar as
senzalas comparáveis às casas de pau a pique e barro cobertas de palha
que até hoje abrigam nas margens das rodovias alagoanas, os peões das
fazendas.Como revelam algumas das imagens das senzalas que restaram
Tarefas diárias- O autor parte do pressuposto que os escravos não foram
comprados para folgar. mas para render.Visto que seus senhores pagaram altos preços por ele.
Afirma ainda que os negros são preguiçosos e só trabalham sob coação. A coação
diz ele se consegue com a vigilância continua e com aplicação de castigos. Deve
ser empregado com eles uma disciplina militar. O tempo das tarefas na lavoura
deve ser de sol a sol, ou seja, enquanto houver luz do dia e depois até as nove
ou dez horas da noite podem ser empregados em tarefas internas. Trabalhar de 14
a 16 horas por dia seis dias por semana é o ideal.
E os castigos não devem se muito cruéis, mas cinquenta
chibatadas com bacalhau não fazem mal algum. As mulheres e crianças devem ter
castigos mais leves que os dos homens adultos. O excesso de castigos acostuma e
brutaliza os escravos tornando-os perigosos e vingativos. Os crimes maiores
deveriam ter as penas cumpridas nas cadeias dos distritos e não nas fazendas.Os
donos que não entregaram seus escravos ao poder do estado se arriscam a serem suas vitimas. Não deve ser usado o
tronco e outros instrumentos de tortura. Mas os donos devem agir como pais
severos e cuidar da moral de seus escravos.
DIREÇÃO MORAL E
RELIGIOSA – Segundo Taunay uma das
clausulas tácitas da compra de escravos era sua conversão ao catolicismo. Essa
era a forma melhor de conforma-los com sua situação e de ocupa-los de forma
inocente aos domingos. Sendo o domingo instituição divina não só os escravos como as outras bestas
devem descansar neste dia.No domingo como nos outros dias eles devem ser vigiados
e tem tarefas a cumprir como a limpeza da senzala e de suas roupas diárias.
Podem-se organizar jogos com prêmios e missas as mais solenes
possíveis para ocupar o tempo livre.O cantochão pode ser executado pelos
escravos.Um bom castigo é privar os faltosos desses divertimentos organizados. Premiar os
escravos pelo bom trabalho é uma forma de garantir a obediência deles
RELAÇÕES DOS DOIS
SEXOS-A reprodução dos escravos não é
assunto pertinente ao governo deve ser deixado para os seus senhores.As espécies tendem a se reproduzir
de acordo com a lei divina.os senhores tem direito a obrigar os escravos a se
reproduzirem? Segundo o autor não. Mas essa possibilidade está presente apesar
de Taunay não falar as fazendas de criação.Mas os senhores não devem ser
rígidos quanto a legitimação das uniões portanto deve fechar os olhos sobre as relações que se estabelecem na
senzala.
Pela lei os criolos
nascidos pertencem á mãe assim os donos das mães garantem para si a prole
advinda dessas relações livres. Elas
devem ser secretas e desconhecidas.Assim os donos não precisam se responsabilizar por elas. Mas
as senzalas devem separar os sexos,sendo uma para os homens e outra para as
mulheres, sendo válido também para os casados.
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