terça-feira, 17 de dezembro de 2013

PRIMEIRAS CONSIDERAÇÕES







    Nos antigas colônias imperiais de Caxias, Dona Isabel, Conde D’Eu, Antônio Prado e Alfredo Chaves,  e nos municípios delas derivados entre 1875 e 1930 imigrantes e escravos e seus descendentes conviveram. O fato que nas colônias citadas era proibida a posse de escravos não significa que não houve relações sociais entre os dois grupos. Os colonos europeus, em sua maioria proveniente do Norte da Itália, chegaram ao Sul do Brasil a partir de 1875. A pequena propriedade, o trabalho familiar e a policultura marcaram a região do minifúndio, em contraposição aos campos e à campanha, que utilizavam mão-de-obra escrava, a monocultura e o latifúndio.
     Os imigrantes não podiam ter escravos, pois, dizia a lei “nas colônias de  agora e diante se fundarem, é expressamente proibido, sob qualquer pretexto  a residência de escravos. Igualmente não poderão nas existentes estabelecer-se pessoas que tenham escravos” “[i] Ou seja, nas colônias fundadas após 1868 eram proibidas a posse e a residência de escravos. Dessa forma, eram raros contatos entre colonos e escravos, mas ainda assim estes ocorriam, entre colonos e escravos através da vizinhança nas propriedades ou  em viagens dos tropeiros e carreteiros entre os campos e a serra.

Nos anos de 2007 a 2010 foi realizada uma pesquisa chamada Negros na Serra que contou com o apoio da Prefeitura Municipal de Caxias do Sul  e da Universidade de Caxias do Sul,que analisou  a presença africana na região colonial italiana do Rio Grande do Sul. Este ensaio resulta da pesquisa é se propõe  analisar as relações  sociais estabelecidas entre colonos  italianos e negros, logo  após sua chegada em 1875, até o fim do primeiro quartel do século XX,por meio de marcas  ou indícios  que ficaram nas fotos, nos testemunhos, nas cartas e nas relações sociais de trabalho e familiares estabelecidas entre os dois  grupos.
Segundo Florestan há duas fases distintas que marcam as relações entre negros e brancas imigrantes. A primeira vai de 1827 a 1855 durante a qual” a imigração seria sufocada pelas contingências sócioecônomicas do trabalho servil”. No Rio Grande do Sul esse período   possibilita que os alemães (imigrantes  ou não )  se tornem   latifundiários e por consequência donos de escravos,  através de herança,compra ou de  casamento A segunda   corresponde   a fase de consolidação e expansão da  competitividade  (1885-1930),o autor  nega o desalojamento da mão de obra negra pela dos europeus imigrantes. Segundo ele ocupavam 79% nas atividades manufatureiras; 85,5% do pessoal ocupado nas atividades artesanais; 81% no setor de transporte e conexos ,e 71,65 das atividades comerciais. Em síntese 71,2% do pessoal ocupado na zona urbana eram estrangeiros.(Florestan ,2007, p136) o que é número muito elevado. Ou seja, o trabalho da produção fica com os “gringos,que teriam  as maiores habilitações para o trabalho fabril.

TRAVESSIAS

            Os caminhos dos africanos da África à região da colônia é a mesma dos demais povos imigrantes forçados e  escravizados daquele continente que vem para a América para servir como instrumento de trabalho..  Da mesma forma as trajetórias dos imigrantes europeus muitos séculos marcam o caminho dos desvalidos,excluídos e sem terra que vem à América  em busca de terra e de  liberdade .
             Quando da chegada dos imigrantes, existiam escravos nas sesmarias, que faziam limite com a região colonial, como as de Criúva, Vila Oliva e Vila Seca, pertencentes a São Francisco de Paula. Na sesmaria do Raposo, de José Carvalho Bernardes, havia muitos escravos. Um dos herdeiros dessa sesmaria, Felisberto Soares de Oliveira, ou Beto Grande, tinha escravos e índios em sua propriedade situada  em  Morro Grande. Muitos dos tropeiros que percorreram a região colonial eram provenientes dessa sesmaria e muitos deles, negros.
            Na Fazenda da Pratinha, nos limites com a Colônia Alfredo Chaves, os escravos viviam ali, antes da chegada dos imigrantes, sendo de propriedade de donos das sesmarias um dos quais era  Silvério Antônio   de Araújo, que possuía muitas terras  e escravos. Com a abolição, tornaram-se agregados da fazenda, dentre eles estavam: os Martins, os Guedes, os Moreiras e os Telles, todos afro-brasileiros.  Muitos desses escravos eram tropeiros, e o caminho por eles traçado foi  usado para a abertura  da estrada provincial, aberta no século XIX, que ligava os campos à depressão central.
Laytano utilizando o mapa estatístico do Tenente Córdova de 1780 constata que a população negra do Rio Grande o Sul era de 5mil indivíduos. De acordo com esse  censo  nos Campos de Cima da Serra representados por    Vacaria(que incluía os de São Francisco  existiam 248 (43%) escravos quase o mesmo número de brancos que  era  291 (50%  )  e 32(5,6,%)   índios  numa população de 571 habitantes .O pequeno número de escravos representava ainda  assim  o mais alto percentual da Província de escravos   em relação ao restante da população. (LAYTANO,1958 , p.37)
Nos limites sul da região das colônias estão  registrados  dois proprietários alemães de  grandes glebas de terra são eles :João Brentano  e João Altthofen  Também  nos registros de batismo aparecem nomes de  proprietários de escravos de  origem germânica como os Horn ,os Hoffmann,os Shimitd entre outros. Entre 1861 e 1883 ocorreram 36 alforrias ,em 1884   136 e em 1885 duas, de  escravos do vale do rio Cai Pelos dados das alforrias é possível inferir que em média cada proprietário tinha apenas um escravo. Os  maiores proprietários de escravos eram a viúva Catarina Schimitt ,Nicolaus Blauth , Henrique Bier  e Jacob Diefenthäler  que possuíam  6 escravos cada um.

            O transporte pelas estradas era realizado por tropeiros, muitas vezes negro ou índio, encarregado de levar e trazer  tanto  mercadorias quanto  seres vivos. Foi com os tropeiros que os imigrantes tiveram o maior contato, pois era longa demais a viagem de 60 quilômetros que ligava o vale do rio Caí e os lotes coloniais. Para facilitar o transporte, a cada vinte quilômetros  de estradas, havia uma  casa de pasto ou uma casa de comércio  com potreiro onde as tropas podiam descansar.
Nas fazendas muitos dos escravos eram tropeiros, foi o seu caminho que marcou  o trajeto da estrada provincial, aberta em meados do  século XIX, que ligava os campos à depressão central. Os tropeiros estiveram presentes desde a chegada dos imigrantes. Eram eles que transportavam os recém chegados com suas bagagens e com eles tiveram o maior contato. O comércio colonial era feito através de duas estradas: a Buarque de Macedo, que unia a região dos atuais municípios de Garibaldi, Bento Gonçalves e Veranópolis  ao porto de São de  Montenegro, e a Visconde de Rio Branco, que unia a região de Caxias  ao porto de São Sebastião do  Caí.
Havia dois tipos de tropeiros e ambos tiveram papel importante na integração dos imigrantes a nova terra.
O primeiro tipo era aquele  ligado a fazendas e mais tarde as casas comerciais  , outros  eram autônomos fazendo o serviço de carga através de contratos de serviços para terceiros..Foi com eles que os colonos aprenderam  um pouco da  língua, a forma de vestir e  de comer. Lembra Costa, então morador de Alfredo Chaves, que   “nossa casa era pouso de tropeiros, todos negros, que iam para Guaporé via Fagundes Varela “ .Lembra  que paravam na casa comercial de  seu pai,  onde havia um potreiro de mais  de meia colônia. Em tempo de chuva, o pouso dos tropeiros demorava mais tempo, às vezes ficavam durante dias com a família, preparavam comida e “ensinavam a minha mãe a fazer charque” e de noite faziam serão: “[...] vinham em casa, cantavam , tocavam gaita eram divertidos”.(GIRON ,HERÉDIA ,2005,p. 66)
  Os tropeiros negros ou brancos ensinavam música e comida,mas mais do que isso  traziam e levavam notícias .Uma espécie de carteiros ou de radialistas  avant la letre . Após a abolição da escravatura as fazendas continuaram a manter grande número de empregados ,o que chama a atenção do cônsul Petrocchi, em 1904 que afirma:  “Os estancieiros costumam ter grande número de criados,na maior parte mulatos,crescidos na casa e filhos de antigos escravos.”O que significa que os colonos tinham muitos tropeiros com os quais conviver,grande parte dos quais era negros.(DE BONI,1985, p.94)
            Mais tarde foi a vez dos carreteiros,que realizavam um serviço semelhante ao dos tropeiros mas que exigiam estradas um pouco melhores. Na região havia centenas de carreteiros e carroceiros  Havia os que tinham carretas puxadas à mula ,e aqueles que tinham carroças  puxadas a bois. Havia ainda as diligências que eram carroças  rápidas em geral movidas pela tração de cavalos.
            Os carroceiros eram encarregados do transporte que exigia força motriz maior,utilizado no transporte de mercadorias pesadas (como toras de madeira) a serem tiradas do mato e levados para as balsas. Os carreteiros que usavam até 8 mudas de mulas era transporte para distâncias maiores,Já as diligências prestavam serviços de transporte de passageiros e determinadas cargas ,muito semelhante ao transporte  coletivo prestado pelos ônibus. Nunca é demais relembrar o papel fundamental que tiveram os pousos e as casas de pasto no surgimento de povoações,sendo o caso mais característico o de Ana Rech . Burton, ao analisar os diversos tipos de pousos, observa:
 Burton, estudando a evolução dos "pousos de viajantes", em meiados do século passado, observou que foram eles os germens de aldeia e vilas populosas, hoje tornadas cidades importantes.
A terceira fase da evolução do rancho, Burton considera a "venda", progresso decidido, mas não integralmente respeitável.(...). Nela tudo se vende - desde cabeças de alho a livros de missa e cachaça. A hospedagem é gratuita, cobrando-se apenas o milho para a tropa e outras necessidades.A estalagem ou hospedaria é a quarta e última face da evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e "camaradas"(empregados dos viajantes) e pasto para os animais.DORNAS,2010



A estalagem ou hospedaria é a quarta e última fase da evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e "camaradas" (empregados dos viajantes) e pasto para os animais.

Burton conclui que muitos desses pousos  deram origem a povoações. Essa observação  parece identificar a pousada de Ana Rech.


CONVIVÊNCIAS

            Muitas são as práticas que ligavam imigrantes e negros, uma era o trabalho, outras  relações sociais o lazer e a arte. Muitas são as práticas cotidianas como falar, ler, circular, fazer compras ou preparar refeições, táticas que segundo Certeau (1994, P.92) exigem a presença do outro. Muitas delas são antiquíssimas ,aquilo que os gregos chamavam de práticas. Muitas são as práticas que reuniram ainda que de forma transitória   europeus imigrantes e negros escravos e livres. Essas práticas revelam convivências, que podem ser representadas pelo tropeiro, o agricultor, pelo trabalhador de empresas, pelos músicos, pelas uniões e pelas  rixas.

            A Lei Provincial, nº 183, de 18 de outubro de 1850,(LAYTANO, 1958 p. 37 ) isolou colonos e negros. Em seu art. 1º, determinava que, a partir de então, ficava “proibida a introdução de escravos no território marcado para as colônias existentes, e para as que no futuro se formarem na Província”. Assim, nas colônias criadas antes dessa data, que haviam sido povoadas em grande parte por imigrantes alemães, era permitida a existência de escravos. Para os imigrantes chegados após aquela data ficava proibido o uso de mão-de-obra escrava no território das colônias. A  Lei foi ratificada em 1865 pelo decreto 3575, de30 de dezembro..
Tal proibição separou espacialmente escravos e colonos nas chamadas “colônias italianas” do Rio Grande do Sul. Os diretores e os membros das Comissões de Terra não podiam trazer seus escravos para as colônias, tendo procurado entre os colonos moças a serem empregadas nas lides domésticas e homens para serviços pesados.
            As relações entre colonos e escravos se estreitaram com o passar do tempo e pela vizinhança: nos campos, onde lidavam na terra. Num lado da cerca, em seu  lote colonial, o trabalhador livre e, do outro lado, nos campos do latifúndio, labutava o escravo. Essa vizinhança se deu em vários lugares, como no Travessão Leopoldina da VIII Légua. Foi assim que uma escrava deve ter conhecido Ana Rech, imigrante italiana chegada ao Brasil em 1877. A escrava de uma propriedade vizinha, ao dar à luz a uma criança, deixou-a na porta da casa da colona. Ana após relutar um pouco, acolheu em sua casa a filha da  escrava, levando-a ao batismo com o nome de Maria Joana; informa  à Intendência através de oficio de 27 de outubro de 1882  que vai criar a menina. Passados alguns meses, a pequena morre e mais uma vez a Intendência foi informada do ocorrido. Parece fundamental a data do fato, pois, em  1882 fazia dez anos da promulgação da Lei do Ventre Livre,que determinava a liberdade dos filhos de escravos nascidos  a partir daquela data.A lei  colocava  as crianças sob a proteção dos donos da escrava que dera à luz, até completar vinte anos
Ao que tudo indica, não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar seus filhos da escravidão. Muitas crianças negras aparecem nas  fotos do fim do século XIX e início do XX  ao lado das crianças imigrantes, no trabalho e nas escolas, educadas com elas lado a lado. O caso de Maria Joana não parece ser único ,mas até o momento foi o único documentado.
            Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na Província do Rio Grande do Sul. O ato legal não corresponde à realidade dos registros, pois, até 1888 é possível encontrar escravos tanto nos registros de batismos, como de casamentos. Por outro lado as alforrias continuam até a data da abolição da escravidão no Brasil.
   As regiões de imigração alemã e italiana foram as principais  consumidoras do gado roubado de São Francisco de Paula, atividade realizada por antigos escravos juntamente  com homens  livres.Um fato ocorrido em 13 de julho de 1888 em Nova Trento, 5º distrito de São Sebastião do Cai  revela   as relações que tinham se estabelecido   entre os colonos e os moradores dos  Campos de Cima da Serra  especialmente com ladrões de gado.(WEIMER,2008 ,p.168) Weimer aponta ainda  para uma série de infrações que tinham por centro 3 Forquilhas ligando lusos e colonos ,especialmente no período da Revolução federalista .
 A abolição abre novas oportunidades de trabalho para os ex-escravos; nas “colônias italianas” onde havia empresas e cidades. Alguns procuram trabalho da região, mas em número pequeno, outros se isolam nos arredores da cidade, em terras desocupadas situadas  próximo a cemitérios, em cima de morros e em zonas alagadiças que não haviam sido   ocupadas pelos colonos.         
Na verdade, os primeiros negros que os imigrantes viram nas sedes  colônias devem ter sido alguns dos 50 praças de linha comandados por um capitão, que guardavam a colônia. O número de guardas foi baixando com o correr do tempo em 1878 havia 10 praças, na medida em que os imigrantes se mostravam trabalhadores e quietos.
A construção da estrada de ferro foi outro espaço de união e de conflitos. A linha  que ligaria Porto Alegre- Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, e foi prolongada em 1876 até a estação de Novo Hamburgo. Em 1905, a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil  assume a linha. Em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e chegando até a atual  Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias.
Desde 1875 no Rio Grande do Sul, havia planos para prolongar a estrada de ferro até a região das colônias  serranas ,da qual havia  um  trecho construído  ligando  Porto Alegre a  São Leopoldo. a obra  exigia a derrubada de pinheiros  para a fabricação dos dormentes para a estrada de ferro. Os pinheirais eram numerosos na região situada entre Nova Vicenza e Caxias.
              Entre 1875 a 1910 os colonos esperaram em vão pela estrada de ferro. Com a estrada de ferro chegaram trabalhadores de outras regiões, entre eles antigos escravos, ocupados  no  assentamento de trilhos , na  abertura dos caminhos por onde seguia a estrada de ferro .
O trabalho na construção da estrada de ferro exigia esforço físico e grande quantidade de mão-de-obra, para o assentamento dos trilhos.  O assentamento dos trilhos por sua vez o exigia dormentes de madeira, provenientes da derrubada da mata nativa que cobria a região, especialmente a de pinheiros para a sua fabricação. A derrubada da madeira e o fabrico dos dormentes exigia  que a madeira fosse trabalhada..A ferrovia   estimulou a  abertura de  serrarias, nas quais,  diz Farina: 'os negros  se tornaram arrastadores, cortadores de pinheiros, limpadores de estábulos  carregadores eram antigos escravos que acorreram para a região situada  nas proximidades dos campos'(FARINA,1986, p.266).

 À medida que a estrada de ferro  foi sendo construída e seus trilhos  assentados mais negros chegavam à antiga Região Colonial Italiana. Os trabalhos de assentamento de trilhos para a abertura da estrada de ferro, movimentou a população do Estado. Novas estações foram construídas e com elas se desenvolveram de novas localidades, como Carlos Barbosa( distrito de Garibaldi),Nova Sardenha, Desvio Blauth , Nova Vicenza (antes pequeno povoado pertencente à Caxias) e Forqueta.
Com a chegada da estrada de ferro parece ter havido uma serie de conflitos entre: "brasileiros" e “italianos”. Os colonos imigrantes europeus e seus filhos eram pequenos proprietários. Em suas terras plantavam milho, videiras, batatas e outras culturas para sua subsistência e para a comercialização. A maioria dos trabalhadores braçais eram "brasileiros”, que chegaram a região com as serrarias e com a estrada de ferro. Seguiam o rumo da estrada construindo seus ranchos ao longo das margens das ferrovias, em geral não tinham terras e eram mal remunerados. As serrarias e a ferrovia trouxeram progresso e problemas de convivência e de entendimento aos moradores da  região. 

      Segundo lembranças de Dalvo Silvestri  os trabalhadores brasileiros em geral negros menosprezavam os colonos por serem “gringos” e trabalhadores braçais. Os colonos por sua vez se julgavam superiores a eles por plantar e colher em suas próprias terras. O modo de vida e a ideologia separavam os dois grupos. Os "brasileiros" gastavam tudo o que ganhavam e os colonos não comiam um ovo para não jogar a casca fora. O entendimento não poderia ser muito fácil, como realmente não o foi.  As diferenças entre colonos e trabalhadores entre eles não tardaram a se manifestar.
 Artur Perotoni, morador da Forqueta ,segundo lembranças de seu filho Faustino teve suas terras invadidas pelos cortadores de mato, empregados da serraria , e para completar  viu suas plantações serem  roubadas pelos novos moradores da Estação Forqueta . Primeiro tinham cortado os pinheiros sem pedir licença, depois roubaram parte da colheita. Desgostoso com tais problemas vendeu suas terras e foi viver em lugar mais distante do caminho de ferro.
 Outro problema ocasionado com a construção estrada de ferro foram as cercas de arame farpado impedindo a passagem através das antigas estradas vicinais, trazendo problemas de transporte, alguns desastres e até algumas mortes. A estrada de ferro algumas vezes dividia em duas uma propriedade, trazendo ainda possíveis posseiros. Assim na medida do possível os colonos afastavam-se das proximidades das estações.
                       


SABERES

Os negros  no discurso das histórias de famílias não eram tratados do mesmo modo que os índios ,esses algumas vezes  eram apresentados como parte da  natureza  selvagem .Eram parte de um mundo exótico e desconhecido. Outras vezes  eram apresentados como parte  da sociedade brasileira  “os nativos, negro e caboclo,  muito ajudaram, como se derrubava uma árvore e a desdobrá-lo sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore (...) ... e qual delas lascava melhor.” (MAINARDI,1999,p19 )
         Os negros tiveram papel importante no ensino das coisas da terra, ensinavam  o nome de cada árvore e sua utilização. , MAINARDI,1999,p 19) “Havia quantidade grande de erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois, (...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro.” (Idem p. 164) Tão lucrativo foi o negócio que  por mais de quarenta nos as empresas da região colonial exportaram erva mate para a Argentina e o Uruguai.(SASSI IN: GIRON E BERGAMASCHI ,2001,p208)
O  hábito do chimarrão  ao que tudo indica parece ter sido introduzido pelos  tropeiros  entre os colonos. Com o correr do tempo, na primeira metade do século XX, a erva-mate tornou-se um dos mais importantes produtos de exportação regional.  Foram os tropeiros negros os primeiros a se fixarem na zona urbana das antigas colônias .Na vila de Santa  Tereza de Caxias viviam na rua das Cabritas que contornava as terras de Antonio Giuriollo.  Muitos deles mudaram de trabalho, com o advento dos carroceiros ,já que não tinham  meios para a compra das juntas de bois e das pesadas carroças.São numerosos os que passam a  trabalhar como jornaleiros ou contratados  na construção pública , na abertura de estradas, no rebaixamento de ruas, no encanamento da água, na construção de barragens .
             As relações entre brancos e negros não se resumiam ao trabalho. Os negros foram importantes para os colonos por seus conhecimentos de plantas e de chás, “houve curandeiros que eram procurados para tratamento com 'garrafadas' de chás, por eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo, conhecedores de ervas, rezas e orações fortes”.(DALL1’Alba ,1984 p.267).
            Também entre os imigrantes europeus existiam bruxas e bruxos que benziam, rezavam e curavam como os giusta ossi, importantes para os pobres, desvalidos e isolados colonos, que quebravam ossos e  ficavam doentes, estando   excluídos dos cuidados médicos,sendo esses seus únicos recursos .Com o passar do tempo, as duas formas de curar e mesmo e as artes da cura se fundem. Muitos dos terreiros de umbanda são dirigidos por brancos de origem italiana.
Assim a influência africana está presente na região e de certa maneira com o passar do tempo as formas de curar e até mesmo de cultuar se confundem e se intercambiam. Como afirma Bosi do contato de duas culturas a que domina a outra  mas também  é marcada sendo ambas influenciada uma pela outra. A mais fraca  marca sua presença transformando a  dominante.(BOSI,1992,p.32,  )
Apesar da predominância na região da religião católica os negros foram  importantes para os colonos ,   por seus  conhecimentos de  plantas e  chás . Nas lembranças de antigos imigrantes reconhecem que “houve curandeiros e curandeiras que eram procurados para tratamento com “garrafadas” de chás, por eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo, conhecedores de ervas, rezas e orações fortes.” Nas pequenas cidades da região colonial, muitos conheciam e recorriam a tratamentos de benzedeiras em detrimento de tratamentos médicos tradicionais.
Também entre os imigrantes europeus existiram strie ou streghe ( bruxas) ,benzedeiros e benzedeiras que  rezavam,tratavam  e curavam. Alguns benziam as bichas ,chumbando-as ,outros tiravam a insolação com garrafas de água Outros ainda curavam os animais :“Sabemos que havia homens com a capacidade de fazer cais bicheiras de animais sem aplicar remédio algum “( DALL’ALBA,1997, p.113 .Outros eram  os “ giusta ossi “importantes para os desvalidos que estavam  e excluídos dos cuidados médicos .Com o passar do tempo as duas formas de   curar e mesmo as  culturas se funde. Em sua maioria dos terreiros de umbanda atuais são dirigidos por brancos de origem italiana e imigrante,enquanto negros buscam as religiões neopentecostais.
       Segundo Dall’Alba “muitos negros conviveram com os italianos .Inesquescível o Avelino Negro com sua famosa sanfona”. (DALL’ALBA1997,p. 52) Também  muito  lembrado pelo povo de Ana Rech  foi o curandeiro  Negro Pedro,que trabalhou no serviço público municipal , conhecido por suas curas milagrosas. Por seus feitos  mereceu um estudo monográfico.( DEMORI, 200))

            Com a vinda do tiro-de-guerra para Caxias, no início do século XX, muitos soldados negros chegaram à pequena cidade. Em 1922, foi construído o quartel  para abrigar  o 9º Batalhão de Caçadores, que se  instala em 1927, com o objetivo de formar contingente militar na região das “colônias italianas”. Com a chegada do grupamento militar, novos hábitos se instalam nas cidades coloniais, são criados os primeiros centros espíritas e kardecistas. Com a chegada dos militares vindos de outras regiões do Brasil, renascem as bandas musicais que haviam alegrado as festas até a primeira década do século XX.            Anos mais tarde (em 1919 ) com a construção do prolongamento da estrada de  ferro de Carlos Barbosa para Bento Gonçalves,    ocorre o mesmo fenômeno que antes ocorrera  em Caxias.

UNIÕES & CONFLITOS

Entre imigrantes e antigos escravos nem sempre as relações foram pacíficas.Cardoso dá conta de um crime ocorrido em 1882, no vale do rio Cai  quando um  escravo liberto  de nome Paulino ,que pertencia à  propriedade de  Narcisa Vieria de Souza  matou o colono  italiano Vergínio Pieruchini  que estava em visita  na casa de negócio (em Santana)  de Horacio Geralome .O acusado foi absolvido.Ele havia  ter matado por engano,  já seu  que o alvo era o dono da casa. Foi feito arranjo entre a senhora  e Paulino ficou livre. (CARDOSO ,2007p.67 )Salvo melhor juízo, esse parece ser o primeiro incidente entre imigrantes italianos e negros.
O primeiro registro escrito de união entre italianos e lusos e italianos e negros, parece ter ocorrido Santa Lúcia do Piai ,no local chamado Canudo .As terras dos atuais distritos de Santa Lúcia e  de Vila Oliva pertenciam a  um só  dono  Felisberto Soares ,pai de José de Oliveira Soares, ficou conhecido  como Senhor Grande .
Os incidentes ocorridos com o primeiro intendente eleito de Caxias, José Cândido de Campos Júnior,  nomeado em seu primeiro mandato pelo presidente do Estado do Rio Grande do Sul,  Júlio de Castilhos, em 15 de setembro de 1895 ,que foram da expulsão  do pároco de Caxias até atentados a bala contra o administrador, parecem ter causa política.Pois   o intendente do novo município era maçom e mulato.
            Em 7 de dezembro de 1895, em ofício dirigido  pelo intendente  Campos Júnior ao Conselho Municipal, sugere o aumento da guarda municipal: “Como deveis saber este município está infestado por pequenos grupos de bandidos que se preparam para alarmar a população local”. Esse foi o motivo alegado para solicitar mais verbas para aumento do efetivo da polícia. Em 24 de novembro de 1896, foi eleito por voto direto dos caxienses, sendo reeleito em 23 de setembro de 1900.(ADAMI ,1972, p.372)
            Na correspondência entre Júlio de Castilhos e seu secretário Aurélio Viríssimo de Bittencourt fica claro o papel estratégico de Campos Júnior na política da região antiga colonial.  (ANAIS, 2009).Várias vezes tentou se demitir da função sendo dissuadido pelo governador .
Os intendentes nas colônias devem ter vivido tempos  difíceis ,um deles Alorino Machado de Lucena externa seu desconforto afirmando em oficio de 23 de julho de 1895 “demito-me ,porque, percebo claramente que  a qualidade de ser eu brasileiro nato  angaria-me antipatia de muitos de outra origem.”(Adami, 1964 ,p.183)
            O conflito entre Nosadini e o Intendente não foi um conflito racial, mas político,o mesmo que  dividia o Estado do Rio Grande do Sul entre  federalistas e republicanos. Os federalistas eram antigos defensores da monarquia, e os republicanos eram os adeptos da nova crença : o positivismo.

            Ao que tudo indica no começo do século XX  não eram  incomuns incidentes envolvendo negros  e brancos. Guerino Zugno   lembra  que os   “colonos não gostam dos negros por causa dos crimes de homicídio, raptos de moças e emboscadas “AZEVEDO,1994,p162)  lembra também que as jovens apreciavam namorar com eles o que ocasionava ciúmes nos colonos.

    Ainda assim as uniões interétnicas continuavam a ocorrer.  Segundo Dal’Alba “apesar da contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos e com negros”.  DAll’ALBA ,1984,p117)
            Ainda assim as essas  uniões  não era tão pacificas, pois velhos costumes de segregação eram mantidos e  dificultavam  o convívio social.Entre eles está a separação nas festas.  A existência da segregação em festas e bailes na região dos campos faz parte das lembranças coletivas. Há muitas histórias sobre os salões de baile separados por cordas, nos quais de um lado dançavam os brancos e de outro os não brancos.  Em regiões de campo como Criúva, Mulada e Cazuza Ferreira, que mais tarde  foram  povoadas por imigrantes .
 Castilhos informa que na festa de Santa Maria do Belo Horizonte ,  em Cazuza Ferreira ,festa comemorada em  2 do fevereiro ocorriam festividades  religiosas e recreativas que duravam  todo o dia

A noite com inicio às 9 horas começava o baile na sociedade com a entrada dos corredores dançando a polonesa. O baile durava até o dia clarear. .Nesse mesmo dia havia o baile dos morenos (negros) e dos agricultores (amarelos) cada grupo em suas respectivas comunidades. A padroeira dos morenos Nossa Senhora do Rosário. A padroeira dos agricultores  era Nossa Senhora da Penha. Toda programação religiosa, festiva e cavalhadas era feita como todas as outras festas, mas cada um em sua própria sociedade. (apud Castilhos, 2007.p32 )




            O informante não se limita citar as diferenças entre os grupos revela também as diferenças entre os oragos dos grupos. Os salões separados correspondem à divisão não só de  cores mas a  uma  divisão social da sociedade escravista em sua fase terminal . Havia três salões, um para os brancos, um para os negros e uns para os mestiços. Conta-se que na Mulada e nas localidades menos povoadas, nas quais havia apenas uma sala de baile essa era dividida ao meio por uma corda, de um lado dançavam os brancos de outro os pretos, o gaiteiro tocava no meio entre as duas salas, assim os  dois grupos não se misturavam . Caso semelhante ocorria também em Criúva.
Interessante observar que a segregação se refere as também às padroeiras.  A origem dos cultos às santas indica uma divisão social.  Os negros cultuavam Nossa Senhora do Rosário .A devoção teve inicio em Portugal quando a partir 1478, os padres dominicanos  os negros no culto religioso católico . Ao que tudo indica o culto a Nossa Senhora vincula-se ao rosário ,que lembrava o rosário de Ifa o que parece ter facilitado a assimilação ,já que lembrava objetos sagrados do culto africano.(Internet) 
 Por outro lado ele  é reforçado pela lenda que diz  que a Senhora apareceu no mar.:

 os Caboclos, já devotos da Santa Virgem através de catequese dos Jesuítas, rezaram, dançaram, cantaram, tocaram seus instrumentos, para que a Santa Virgem viesse até eles. Mas Ela não veio. Em seguida, os Marujos, também devotos, foram até a praia e empreenderam sua tentativa de trazer a Virgem do Rosário até eles. Após rezarem, dançarem, cantarem, tocarem seus instrumentos, não conseguiram trazê-la. Por último, vieram os Negros ou Catopês até a praia e após louvarem a Virgem do Rosário, Ela veio até eles. Por isto é que se diz que a Virgem de N. Sª do Rosário é a protetora dos negros.(Internet)

            Assim a fé em Nossa Senhora do Rosário seria uma escolha da Padroeira e não deles negros e escravos.
 A fé em Nossa Senhora da Penha por parte dos agricultores,  iniciou no século XVII quando   o fazendeiro Baltazar de Abreu Cardoso em sua propriedade, no Rio de Janeiro  encontrou uma serpente em um penhasco(penha )  ,conta a tradição e que ele  teria sido salvo pela proteção da virgem a festa da padroeira é 1º de setembro(internet).
           
IMÁGINARIO
          “È impossível compreender o que foi, e  o que é a história humana, fora da categoria do imaginário”observa Castoriades (1982, p.192). Ainda  mais difícil é esquecer como  cada sociedade vê determinados indivíduos de modo muito preciso. De forma simplificada pode-se afirmar que cada  grupo imputa ao outro seus problemas (IDEM ,194).De forma similar   a palavra negro no discurso dos imigrantes significa trabalho duro,ou trabalho forçado e  mal remunerado .Ao se referir aos brasileiros como ‘neri ‘era demarcada  a diferença ,entre os que eram do grupo e os que não eram    ou seja, não pertenciam ao grupo dos  ‘coloni’.  Em relação aos negros os imigrantes atribuíram a eles o mesmo que atribuíam a si. Ou seja, os imigrantes julgavam que eles colonos “ trabalhavam como um negro”(GIRON ,2007, p.46),pois,. eram eles que   realizavam o  trabalho mais árduo, sacrificado e mal pago. Segundo Stavinski  a semelhança começava antes da chegada dos imigrantes ao Brasil .Era na viagem que ela transparecia“ as  famílias de imigrantes eram instaladas nos porões de terceira classe,Repetiam-se, aqui , as cenas tristemente célebres navios 'negreiros' empregados outrora no tráfico de escravos africanos.(Stavisnki,1976, p  )
 Comparar as condições de imigrantes que vinham em navios à vapor com os navios negreiros é exagerada. Os navios  que transportavam viajantes e turistas entre a Europa e a  América eram bem diversos do que os que transportavam os escravos. Os imigrantes  bem ou mal instalados eram passageiros,com passagem paga. Os escravos eram considerados peças e como tal transportados  como carga.   A memória que irmana os dois grupos  no sofrimento,algumas vezes também são comparados na virtude .                                              
   Assim imigrantes e escravos eram  irmanados no sofrimento,  e algumas vezes   comparados na virtude . Como informa Antoni Zielinski em carta de 26 de fevereiro de 1891 ( STOLZ,1997 , p.116 ) “A população é 50% branca e   50% preta. Os pretos são muito bons e até melhores do que os brancos,pois esses são exibidos e sem religião.” Ou seja os negros são tão simples e bondosos como os imigrantes,que tem religião e não são exibidos ,como os ricos ,pois nada tem a exibir a não ser a própria pobreza. Essa é uma visão que perpassa em  cartas e memórias.
            Além de melhores que os brancos brasileiros , os negros, nas lembranças eram julgados   mais trabalhadores que seus donos.    Albin August Kaempffe em carta a seus pais de  1º de maio de 1835 observa  em relação aos brasileiros :


 De trabalho essa gente não sabe nada o que, alias, eles não necessitam, pois seus negros devem fornecer-lhes, diariamente,determinada quantia do que vivem. Só os negros de famílias de melhores condição tem alguma vestimenta ;os demais trazem apenas um avental pela cintura e o resto fica nu( STOLZ,1997 ,p.81 )
.

 Ao chegar à Porto Alegre  o imigrante anota “eu estava na cidade desejada a tanto, e observava os negros, que alegres e contentes, estavam ocupados em bater couros de boi.”(idem p 82) Dias depois constata que  “ dois negros nos servem :um cuida da cozinha;outro faz os demais serviços caseiros, posso assegurar-lhes que nosso cozinheiro nada perde para os europeus, pois eu nunca comi tão bem na Europa como aqui.”(idem p. 84)
Um dos relatos mais interessantes sobre a visão de um imigrante sobre o Brasil e sobre os escravos é o de  Giuseppe Dall’Acqua, que veio para o Brasil do povoado de Lantrago( Beluno) em 1878 .O diário publicado na obra Assim vivem os italianos (COSTA E BATTISTEL1983,p. 1111  e seguintes) conta detalhes da viagem  de um grupo de italianos desde a saída da Itália até a chegada na colônia Dona Isabel
Há ter três citações sobre  escravos. A primeira  data da chegada no dia 28 de maio em  Pernambuco ,diz Dall’Acqua: “ Aqui os imigrantes têm ocasião pouco edificante de ver os negros quase nus ,que se atiravam ao mar de cabeça para baixo ,para disputar no fundo com aboca a moeda que alguns atiravam na água”(Idem p. 1147) Complementa suas observações ao chegar à cidade de São Salvador na Bahia:

Nesta cidade,como também em Pernambuco,existem muitíssimos negros,oriundos da África,de ambos os sexos, mal e escassamente vestidos. No Brasil ainda existe a desumana lei da escravidão,que em todas a República da América,já foi abolida há tempo ( DALL’ACQUA,1983p. 1147)

 Cita ain da as lavadeiras negras  na barra da lagoa ,e por último o morettino( moreninho) que levava a égua madrinha ,” que guiava tropa é chamado de vulgarmente de madrinheiro.”(Idem p. 1159).As três observações para alguém que desconhecia os negros ,tem caráter descritivo.
Por outro lado poucos são os provérbios  que tratam das relações entre brancos e negros Um dos raros  afirma  I zê    come i nêgri(são como negros) o que significa que vivem muito mal ,sem condições econômicas. Mais uma vez há a comparação entre a vida de brancos miseráveis e negros. Fica claro nos  provérbios usados pelos colonos ,que o preconceito (ou talvez seja inveja ) aparece   contra os ricos,  paradigmático é o que segue :  ‘El tempo e i siúri quel che i vol luri” (o tempo e os ricos fazem o  que querem).Ou seja  imprevisíveis e incontroláveis como o próprio tempo são os ricos ,contra os quais não há salvação.
Não foram  encontrados entre os provérbios  trazidos pelos imigrantes , que revelem preconceito dos  colonos contra  os ‘neri”.Existem na região  muitos provérbios que  manifestam posições evidentemente racistas,mas  em geral são em português , para os quais  não foi encontrada a versão em dialeto.
Há uma citação em Costa  que talvez explique  a origem do medo que os imigrantes tinham dos índios e que passaram a desenvolver em relação aos negros.
Talvez,o conceito já criado na mente dos imigrantes ,na Itália que o Brasil estava cheio de  índios que comiam gente ,criara ainda maior pânico.Preconceito (grifo da autora) semelhante a esse criou-se em relação ao negro, hoje ainda (1982) em lugares mais retirados ,onde há descendentes de italianos  as crianças ,até certa idade ,tem medo de negro.São esses preconceitos culturais que desencadeiam preconceitos tacias.”( COSTA ,1982, p.108)

O medo parece no caso citado estar relacionado mias ao desconhecimento e a ignorância do que a um preconceito racial. Na verdade o preconceito como o imaginário dos colonos foi  sendo plasmado no Rio Grande do Sul de acordo com pensamento hegemônico da classe dominante.


IMAGENS
            Outra marca da presença dos negros na região são as fotografias. Essas são bem mais numerosas que as memórias e   as histórias  escritas, onde eles as vezes   parecem não existir . Nas fotos ao contrário estão  presentes, apesar de seu pequeno. Ainda assim aparecem como trabalhadores como soldados,como funcionários da Comissão de Terras e trabalhadores braçais das intendências.
            As fotos mais do que os relatos contam da presença do negro entre os brancos imigrantes.  Cerca de 40 fotos cuja temática é a construção da estrada de ferro apresentam negros e brancos trabalhando lado a lado. Grande parte das fotos são da coleção Mancuso um dos fotógrafos da região,do inicio do século XX. Enquanto outros fotógrafos se preocupavam com os retratos e com fotografias de empresas  por encomenda dos donos, Mancuso se debruçou sobre a cidade e seus habitantes comuns. Uma de suas fotos tem em primeiro plano um negro e outros aparecem ao fundo trabalhando na construção de uma estrada em Caxias. Outra mostra negros trabalhando nas obras da Praça Dante Alighieri  e guardas correndo pelo logradouro público. Provas incontestáveis que os negros estavam na região desde o final do século XIX e que conviviam com os imigrantes.
as fotos encontradas pode-se identificar uma maioria de trabalhadores brancos no movimento operário caxiense, conseqüência da predominância da imigração italiana na região de Caxias do Sul, o que não exclui a presença de trabalhadores negros no movimento operário.
Nas fotos   de trabalhadores que ainda existem em grande número, identifica-se  uma maioria de trabalhadores brancos, consequência da predominância de trabalhadores brancos vindos com a imigração,o que não exclui os trabalhadores negros. (DUTRA ,2007)

            Os trabalhadores por outro lado foram muitos: homens, mulheres, brasileiros, estrangeiros, brancos, negros, crianças, jovens e adultos  cujas imagens ,mas não seu nome , estão preservados nas fotografias.
       Mas há muitas outras fotos. Uma delas datada de 1893, em Conde D”Eu (Garibaldi) apresenta um grupo caçadores reunidos com o produto de sua  caçada .Em  primeiro plano  aparece um  negro junto a outros caçadores que são imigrantes e colonos.
            Em uma fotografia de uma banda da Linha Palmeiro,datada da primeira década do século XX, há um negro  tocando  bumbo, seu nome  consta  da foto  é  João Garcez.Outra foto da nova banda Santa Cecília  de  Caxias apresenta grande número de músicos negros.
            São comuns   fotos de famílias de  imigrantes com mocinhas negras são comuns, vestidas do mesmo modo que as pequenas as outras  moças  ,parecendo um membro   da família .Algumas são identificadas ,outras não. Uma delas é  Maria,  que  trabalhava   no hotel Bela Vista de Luigia Grossi . A roupa que veste na foto  é semelhante à de Rita,  filha da dona do hotel.. Uma foto da família Perini,  da 6ª Légua  que retrata  á colheita da uva  tem uma criança negra, com uvas na mão,sentada  ao lado de outras  crianças  , como parte parte do grupo familiar.
             Por outro lado, em fotos de uma escola de Conde’ Eu  aparecem crianças negras,junto aos pequenos colonos loiros. As fotos de crianças brancas e pretas escolas se repetem em várias escolas municipais, como na escola municipal de Caxias,cuja professora era Suely Bascu.
            A figura de um menino como auxiliar de um tropeiro é outra figura emblemática, assim eles aparecem incluídos nos grupos dos primeiros tempos. Há várias fotos de tropeiros, brancos pretos e de carroceiros.Junto A famílias no inicio da partida ou no caminho.
    As fotos são estáticas, nelas não se percebe a possível discriminação,mas encerram um momento privilegiado da vida cotidiana ,que sem sombra de dúvida reúnem negros e colonos  e que merecem ser consideradas. A imagem do negro preservada em  fotografia de época não tem correspondência com as memórias e  histórias  escritas, nas quais eles muitas vezes parecem ausentes. 

            A Brigada Militar do Rio Grande do Sul fundada em 1837, em plena guerra civil, desde o inicio aceitou  negros,  e mais tarde os antigos escravos logo após a abolição, entraram naquela corporação. A seu serviço vieram para a Serra,  e passaram a viver entre os colonos Mas a força era pequena e, portanto pequeno também o foi o contato entre os colonos e soldados da Brigada .
As fotos de militares são muitas. Na escadaria  da Intendência,em fotos de festas de  família.,nas praças e nos desfiles.





 CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES


    O preconceito contra os pobres sejam escravos ou imigrantes tem sido através dos tempos uma prática comum das elites brasileiras. Muitas vezes ele é atribuído a outros segmentos da sociedade que nas quais  não está presente .
       Em 1977, em pesquisa realizada pela autora, na antiga Região Colonial Italiana, sobre relações interétnicas entre italianos e alemães, entre italianos e negros, utilizando os procedimentos metodológicos  adotados por Ianni ,em 1972, em Florianópolis e em Curitiba. Os resultados revelaram praticamente os mesmos percentuais de preconceito de outras cidades da Região Sul do Brasil, onde a maioria da população é branca e de origem européia. Assim, o propalado racismo dos descendentes de imigrantes italianos  comprovadamente  não é maior nem menor do que a existente nas outras região do Brasil .
        Um dos mais interessantes diários escritos por  imigrantes , sem sombra de dúvida  é o do boêmio Umann,(1981)  que destaca o costume das elites brasileiras de tratar em os imigrantes pobres como escravos, e os escravos como se não fossem humanos. Os imigrantes e os escravos, para as autoridades, pertenciam ao mesmo grupo: os miseráveis.
                                                                                                                                                             A diferença de tratamento das oligarquias aos pobres no  Brasil foi uma constante, como observa Gorender: “A sociedade capitalista herdou, por assim dizer, o DNA da escravidão e não logrou se desvencilhar dessa herança”.(Gorender ,2000,p.89) Assim, muitos  negros deixaram de ser escravos para se tornarem indigentes e, como tais, excluídos da sociedade de consumo. Outros se inseriram na sociedade das  antigas colônias do estado..
       Não foram só as elites que trataram os pobres em geral e os escravos deforma muito particular de forma degradante,  até os abolicionistas assim o fizeram.
       Os abolicionistas,  organizados em  associações, para lutarem pela abolição da escravidão e pela colonização em seu órgão de divulgação O Philantropo, periódico humanitário, scientifico e litterario, expressam  a posição de seus membros.  Um articulista anônimo informa que “os escravos pela sua condição são abjetos, de um caráter infame e inçados dos mais torpes vícios”(1850,nº 11 p.4 .) Segundo a mesma fonte, mais do  que abjetos, os negros eram perigosos e  vingativos cuja   sede de  vingança tem se  manifestado nas agressões e nos assassinatos de brancos. Ainda assim denunciam a venda dos africanos livres como escravos e dão o endereço dos principais depósitos dessa carga ilegal.(1850,nº42 p2)
        Os abolicionistas propagandistas da imigração européia, em especial de alemães, acreditam que estes eram “trabalhadores assíduos, industriosos, empreendedores e pacientes, amigos do lar doméstico e afeiçoados ao sossego da vida em família; enfim, colonos respeitadores das leis, trabalhadores pacíficos e moralizados”(1850,nº10 p.2 ) Em outras palavra os europeus portadores das qualidades que faltariam aos africanos.

          Madame van Langendonk, belga de boa situação social, que viajou em  1857    para o Brasil, fixando-se em Santa Maria da Soledade(hoje  município de São Vendelino ), colônia onde permaneceu até 1875 tem posições semelhantes às da oligarquias. os escravos para ela  teriam  “maus instintos” não possuindo “probidade, pudor e moral” concluindo que  “ a escravidão é menos funesta aos negros do que aos brancos”(Van Langendonk,2002,p41).        
             Desconhecer não significa discriminar. Os imigrantes europeus desconheciam o Brasil e seus habitantes, sua natureza, seus   animais, seus nativos; parecendo a negação do mundo civilizado europeu, para os colonos. Os negros e os indígenas faziam parte desse mundo não civilizado; portanto, não  conhecido  pelos  europeus. Havia mais semelhança entre os dois grupos,do que entre imigrantes e a elite ,pois ambos trabalhavam a terra com suas próprias mãos.

            Apesar da semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo, entre os dois grupos havia a diferenças não apenas da cor, da língua, dos costumes e da religião. Os colonos europeus sentiam a diferença cultural dentre e a dos brasileiros. Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos, os escravos e os indígenas, aqueles que conheciam a língua e a natureza tropical eram os outros, todos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois, como nascidos no Brasil, eram todos brasileiros.

 Era uma época que todas as autoridades eram “brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria, não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.(DALL'Alba,1986p.116)


            A afirmação de Dall' Alba parece exagerada, pois, nas histórias de família  regionais, fica evidenciado que  se estabeleceram relações entre   imigrantes e negros. Nelas negro  não é uma palavra depreciativa,mas de dureza e sofrimento. Ao falar do trabalho do colono em geral é dito “trabalho de negro, de escravo.”DAL'ALBA,1984p.191).Em relação a viver mal fala-se“vivendo em condição de trabalho escravo ou mal remunerado.”(CoSTELLA,1980p.11).Ao falar  em trabalhador especilaizado também era dito: “tinha mesmo para contratar um negrotalvez ex – escravo, para auxiliá-lo numa derrubada.”DALL'AlBA,1984p.52).O que  indica o  negro sabia trabalhar a terra brasileira melhor que os europeus recém chegados.
            Para o colono o escravo é  um mestre no sofrimento  e no trabalho na nova terra. Longe de ser racista a expressão “tuti neri”é demarcadora da diferença enquanto os  de fora eram neri os de dentro coloni.Os imigrantes se fecharam, dentro de seu grupo, como reação à exclusão da sociedade brasileira à qual eram submetidos. O casamento endogâmico nas duas primeiras gerações revela esse tipo de segregação a que estavam submetidos.Para o colono europeu, os  brasiliani  eram os outros. Sendo tratados de forma genérica como negri, dada a longa miscinegação  pela qual passaram os gaúchos. Era uma reação contra a dominação a que estavam submetidos por parte tanto das autoridades e dos funcionários públicos que administravam as colônias: estruturas de dominação-subordinação, que são o núcleo da política.. Em outras palavras, a cor importava   menos que  a classe. A classe dominante impunha  seu modo de ver aos dominados, enquanto os dominados ao que tudo indica  pareciam se entender. 
No Rio Grande do Sul por outro lado  os imigrantes não substituiriam os negros no trabalho ,com tal fato é destacado na sessão da Assembléia Legislativa  de 13 de outubro de 1852
na fala de  João Jacinto de Mendonça que responde ao deputado Ubatuba

 Irei a outro argumento. Disse o nobre Deputado, que tendo a Província como um principal dever a introdução de braços livres, e estando nós mais adiantados do que outras Províncias a este respeito, não devíamos recear a falta de braços. Responderei  a   isto, que o braços livres que têm vindo para a Província têm sido somente para serem empregados na agricultura; por ora não veio um só colono para ser empregado no serviço doméstico, ou no serviço das charqueadas. E se mesmo nas colônias há falta de braços, se aí os colonos mais ricos não encontram trabalhadores para cultivarem suas terras, pois que continuamente a Assembléia tem recebido queixas a este respeito, qual a razão disto? Seguramente, é a de que os colonos que têm vindo para a Província encontram terras em abundância, e se hão de trabalhar para outros, trabalham para si.( PUCCOLO,1997 p.515)

   Lado a lado trabalharam muitos anos, conviveram no trabalho ,unindo-se em uniões estáveis e separando-se em conflitos em prejulgamentos ou preconceitos .Diz Costa :

A idéia de que o negro não trabalha ou de que não tem organização perpassa  a cultura italiana como comprova Bernardi(1937) em Nanetto Pipetta que retrata a vida e o pensar dos primeiros imigrantes italianos. A situação de escravidão tornou o negro sujeito a outra experiência cultural para a qual o conceito de trabalho e de economia difere do italiano.Nesta diferença cultural,os descendentes italianos fundamentam seus preconceitos em relação ao negro  (COSTA,1982, p.108)

     Em Nanetto Pipetta  a  saga do anti herói imigrante  a figura do negro é uma constante que se relaciona tanto  com os imigrantes  como com os brasileiros. O primeiro negro que aparece na aventura é descrito como bel negro de nariz achatado,olhos brancos armado de faca e pistola,mas que  mata  fome de Nanetto,dando-lhe de comer  pinhão  e insistindo para que tome  chimarrão.. “Nanetto passa a noite no casebre da família na manhã seguinte vai embora” el ze  scampá de tuta carrera” (BERNARDI, 1980, p.59) .Apesar do convite feito pela família para que more com eles  e trance os cestos de vime. .Dias depois perdido no mato encontra um moreno ,quase negro,e o convida para beber,mais tarde encontra um outro que lhe  pede dinheiro. Nanetto foge e ao correr o dinheiro cai de seu  bolso enquanto seu perseguidor o recolhe .(Idem,p.86)
Ao quebrar uma perna é acolhido por uma italiana. O médico manda que fique deitado , e dá- lhe óleo de rícino, a dona da casa  vai buscar uma benzedeira  negra para curá-lo (Idem p.118 ).Ela faz uma série de rezas e simpatias, benze as pernas ,mas quando pede pagamento é expulsa à pancada.(idem p.120)Mais tarde  entram no quarto de Nanetto três negros a mando da curandeira que o assustam com  seus facões. Logo são expulsos (Idem p. 127)Há ainda o sonho com um negro armado que o olha fixo para o desprotegido imigrante.
            As relações entre imigrantes e negros encontram Nanetto  sua imagem especular .  Na ficção são focalizados os mesmos tipos de relações que são estabelecidas  que nos testemunhos e nas histórias de família. As relações em geral  amistosas  podem  acabar em briga sob  ação do álcool,  da mesma maneira o uso do conhecimento das ervas e das curas que é aproveitado em momentos de necessidade.
       

REFERÊNCIAS


ADAMI, João Spadari. História de Caxias do Sul. Caxias do Sul: São Miguel,1972. 

ADAMI, João Spadari. História de Caxias do Sul. Tomo Primeiro .

ANAIS DO ARQUIVO HISTÓRICO DO RIO GRANDE DO Sul. Política e poder nos primeiros anos da República. A correspondência de Júlio de Castilhos e seu secretário Aurélio Viríssimo de Bittencourt. Porto Alegre: EdiPUC/AHRS,2009.

AZAMBUJA, SOs estudos da colonização. IN: O Philantropo , periodico humanitario, scientifico e litterario. Rio de Janeiro, 24 demaio de 1850, anno 2 , nº 64.

AZEVEDO, Tales de. Os italianos no rio grande do sul- cadernos de pesquisa Caxias do Sul: EDUCS. 1994.
BOSI,Alfredo. A dialética da colonização .São Paulo: Companhia das Letras:1992. 
CARDOSO ,Raul S. Escravidão Rural : Formação de um território negro no Vale do Caí-RS 1870 -1888 Porto Alegre: Est,2007.

CASTILHOS , Maria Aparecida et alii .Cazuza Ferreira:ontem,hoje e sempre. Monografia do Curso de história. Universidade de Caxias do Sul ,2007.

CASTORIADES, Cornelius.A instituição imaginária da sociedade.Tradução de Guy Reynaud.Rio de Janeirpo:Paz e Terra,1982.

COSTELLA,Gentil  Costella – Matiello: uma presença ítalo brasileira.  Porto Alegre Porto Alegre, EST, 1980.
DALL’ ALBA João Leonir Pe. História do povo de Ana Rech.Volume II.Caxias do Sul : Educs,1997 .
DALL’ ALBA João Leonir Pe., et Alii  História do povo de Ana Rech. Porto Alegre:Est,1987.

DALL’ ALBA, Pe. Leonir João. Os Dall’Alba no Brasil; 100 anos de Brasil. Porto Alegre:EST, 1984.

DANELUZ, Silvano .Àgua Azul IN:História e cultura de um povo.Satna Lúcia do Piaí. POZENATO,J.C.(org) Caxias do Sul:Educs ,1986.

DE BONI,Luís A..(Org) Bento Gonçalves era assim. Bento Gonçalves:EST/FERVI/Correio Riograndense,1986.

DEMORI, Tatiana Maria.Negro Pedro.Monografia do Curso de História .Universidade de Caxias dosul ,2000.

DEMORI, Tatiana Maria.Vila Oliva:Histórias e memórias.Monografia do Curso de especialização em História do Brasil. Universidade de Caxias do Sul ,2002.



DUTRA,Helen Gelati, BOLSONI ,Samuel  O negro e o movimento operário em Caxias do Sul (1931 – 1945)Universidade de Caxias do Sul Monografia do curso de história 2007

FARINA, Geraldo. História de Nova Prata .Porto Alegre: EST,1986.

FERNANDES , Florestan . O Negro no mundo dos brancos. São Paulo: Global, 2007.

FERNANDES Florestan.A integração do negro na sociedade de classes. São Paulo: Globo,2008 vol 1

GIRON,  Loraine Slomp ,BERGAMASCHI, Heloisa. Casas de Negócio-125 anos de comércio regional.Caxias do Sul:CDL/EDUCS ,2001.

GIRON,  Loraine Slomp, HEREDIA ,Vania. Rovílio Costa :homem,obra e acervo. Porto Alegre: EST, 2005. p. 66.
GORENDER, Jacob.  Brasil em  preto  e  branco. São Paulo: Senac, 2000.

GUIMARÃES,Elione da Silva e Valéria Alves. Aspectos cotidianos da escravidão em Juiz de Fora. Juiz de Fora: Funalfa, 2001


http://www.revistamuseu.com.br/naestrada/naestrada.asp?id=6431

IANNI,Otcavio . As metamorfoses do escravos.São Paulo: DIFEL, 1970

Jornal O Philantropo .periodico humanitario,scientifico e litterario. Rio de Janeiro, anno 2,  nº X, p. 4, 24 de maio de 1850.
Jornal O Philantropo .periodico humanitario,scientifico e litterario. Rio de Janeiro, anno 2, nº 41 , 11 de janeiro  de 1850.
LAYTANO, Dante.O Escravo no Rio Grande do Sul. Porto Alegre ,Sulina, 1958.

MAINARDI,Geraldo. Os Mainardi no RGS. Porto Alegre: EST, 1999

PICCOLO,Helga I.Landgraf. Coletânea de discursos parlamentares da Assembléia Legislativa da Província de São Pedro do Rio Grande do Sul .Porto Alegre:Assembléia Legislativa do Estado do RS
RECH, Ana. Ofício,  de 27 de outubro de 1882, para diretoria da Comissão de Terras. Arquivo Municipal João Spadari Adami, Caxias do Sul.

STAVISNKI,Frei Alberto Primórdios da imigração polonesa no Rio Grande do Sul.Porto Alegre:UCS/EST ,1976.

STOLZ,Roger Cartas de  imigrantes. Porto Alegre:EST ,1997.

UMANN,S. Memórias de um imigrante boêmio. Trad. E org. de Hilda Flores. Porto Alegre: EST, 1981.

VAN LANGENDONK,  Maria de. Uma colônia no Brasil. Santa Cruz: Edunisc, 2002.

WEIMER, Rodrigo de Azevedo. Os nomes da  liberdade .Ex escravos na serra gaúcha no pós abolição.São Leopoldo Unisinos 2008.


ntegraçãohttp://www.revista.tempodeconquista.nom.br/attachments/File/Paulo_Henrique_Pacheco.pdf














           







Nenhum comentário:

Postar um comentário