Nos antigas colônias imperiais
de Caxias, Dona Isabel, Conde D’Eu, Antônio Prado e Alfredo Chaves, e nos
municípios delas derivados entre 1875 e 1930 imigrantes e escravos e seus
descendentes conviveram. O fato que nas colônias citadas era proibida a posse
de escravos não significa que não houve relações sociais entre os dois grupos.
Os colonos europeus, em sua maioria proveniente do Norte da Itália, chegaram ao
Sul do Brasil a partir de 1875. A pequena propriedade, o trabalho familiar e a
policultura marcaram a região do minifúndio, em contraposição aos campos e à
campanha, que utilizavam mão-de-obra escrava, a monocultura e o latifúndio.
Os imigrantes não podiam
ter escravos, pois, dizia a lei “nas colônias de agora e diante se
fundarem, é expressamente proibido, sob qualquer pretexto a residência de
escravos. Igualmente não poderão nas existentes estabelecer-se pessoas que
tenham escravos” “[i] Ou
seja, nas colônias fundadas após 1868 eram proibidas a posse e a residência de
escravos. Dessa forma, eram raros contatos entre colonos e escravos, mas ainda
assim estes ocorriam, entre colonos e escravos através da vizinhança nas
propriedades ou em viagens dos tropeiros e carreteiros entre os campos e
a serra.
Nos anos de 2007 a 2010 foi realizada uma pesquisa
chamada Negros na Serra que contou com o apoio da Prefeitura
Municipal de Caxias do Sul e da Universidade de Caxias do Sul,que
analisou a presença africana na região colonial italiana do Rio Grande do
Sul. Este ensaio resulta da pesquisa é se propõe analisar as
relações sociais estabelecidas entre colonos italianos e negros,
logo após sua chegada em 1875, até o fim do primeiro quartel do século
XX,por meio de marcas ou indícios que ficaram nas fotos, nos
testemunhos, nas cartas e nas relações sociais de trabalho e familiares
estabelecidas entre os dois grupos.
Segundo Florestan há duas fases distintas que
marcam as relações entre negros e brancas imigrantes. A primeira vai de 1827 a
1855 durante a qual” a imigração seria sufocada pelas contingências
sócioecônomicas do trabalho servil”. No Rio Grande do Sul esse
período possibilita que os alemães (imigrantes ou não )
se tornem latifundiários e por consequência donos de
escravos, através de herança,compra ou de casamento A
segunda corresponde a fase de consolidação e expansão
da competitividade (1885-1930),o autor nega o desalojamento
da mão de obra negra pela dos europeus imigrantes. Segundo ele ocupavam 79% nas
atividades manufatureiras; 85,5% do pessoal ocupado nas atividades artesanais;
81% no setor de transporte e conexos ,e 71,65 das atividades comerciais. Em
síntese 71,2% do pessoal ocupado na zona urbana eram estrangeiros.(Florestan
,2007, p136) o que é número muito elevado. Ou seja, o trabalho da produção fica
com os “gringos,que teriam as maiores habilitações para o trabalho
fabril.
TRAVESSIAS
Os caminhos dos africanos da África à região da colônia é a mesma dos demais
povos imigrantes forçados e escravizados daquele continente que vem para
a América para servir como instrumento de trabalho.. Da mesma forma as
trajetórias dos imigrantes europeus muitos séculos marcam o caminho dos
desvalidos,excluídos e sem terra que vem à América em busca de terra e
de liberdade .
Quando
da chegada dos imigrantes, existiam escravos nas sesmarias, que faziam limite
com a região colonial, como as de Criúva, Vila Oliva e Vila Seca, pertencentes
a São Francisco de Paula. Na sesmaria do Raposo, de José Carvalho Bernardes,
havia muitos escravos. Um dos herdeiros dessa sesmaria, Felisberto Soares de
Oliveira, ou Beto Grande, tinha escravos e índios em sua propriedade
situada em Morro Grande. Muitos dos tropeiros que percorreram a
região colonial eram provenientes dessa sesmaria e muitos deles, negros.
Na Fazenda da Pratinha, nos limites com a Colônia Alfredo Chaves, os escravos
viviam ali, antes da chegada dos imigrantes, sendo de propriedade de donos das
sesmarias um dos quais era Silvério Antônio de Araújo, que
possuía muitas terras e escravos. Com a abolição, tornaram-se agregados
da fazenda, dentre eles estavam: os Martins, os Guedes, os Moreiras e os
Telles, todos afro-brasileiros. Muitos desses escravos eram tropeiros, e
o caminho por eles traçado foi usado para a abertura da estrada
provincial, aberta no século XIX, que ligava os campos à depressão central.
Laytano utilizando o mapa estatístico do Tenente
Córdova de 1780 constata que a população negra do Rio Grande o Sul era de 5mil
indivíduos. De acordo com esse censo nos Campos de Cima da Serra
representados por Vacaria(que incluía os de São
Francisco existiam 248 (43%) escravos quase o mesmo número de brancos
que era 291 (50% ) e 32(5,6,%) índios
numa população de 571 habitantes .O pequeno número de escravos representava
ainda assim o mais alto percentual da Província de
escravos em relação ao restante da população. (LAYTANO,1958 , p.37)
Nos limites sul da região das colônias estão
registrados dois proprietários alemães de grandes glebas de terra
são eles :João Brentano e João Altthofen Também nos registros
de batismo aparecem nomes de proprietários de escravos de origem
germânica como os Horn ,os Hoffmann,os Shimitd entre outros. Entre
1861 e 1883 ocorreram 36 alforrias ,em 1884 136 e em 1885 duas,
de escravos do vale do rio Cai Pelos dados das alforrias é possível
inferir que em média cada proprietário tinha apenas um escravo. Os
maiores proprietários de escravos eram a viúva Catarina Schimitt ,Nicolaus
Blauth , Henrique Bier e Jacob Diefenthäler que possuíam 6
escravos cada um.
O
transporte pelas estradas era realizado por tropeiros, muitas vezes negro ou
índio, encarregado de levar e trazer tanto mercadorias quanto
seres vivos. Foi com os tropeiros que os imigrantes tiveram o maior contato,
pois era longa demais a viagem de 60 quilômetros que ligava o vale do rio Caí e
os lotes coloniais. Para facilitar o transporte, a cada vinte quilômetros
de estradas, havia uma casa de pasto ou uma casa de comércio com
potreiro onde as tropas podiam descansar.
Nas fazendas
muitos dos escravos eram tropeiros, foi o seu caminho que marcou o
trajeto da estrada provincial, aberta em meados do século XIX, que ligava
os campos à depressão central. Os tropeiros estiveram presentes desde a chegada
dos imigrantes. Eram eles que transportavam os recém chegados com suas bagagens
e com eles tiveram o maior contato. O comércio colonial era feito através de
duas estradas: a Buarque de Macedo, que unia a região dos atuais municípios de
Garibaldi, Bento Gonçalves e Veranópolis ao porto de São de
Montenegro, e a Visconde de Rio Branco, que unia a região de Caxias ao
porto de São Sebastião do Caí.
Havia dois tipos de tropeiros e ambos tiveram papel
importante na integração dos imigrantes a nova terra.
O primeiro tipo era aquele ligado a fazendas
e mais tarde as casas comerciais , outros eram autônomos fazendo o
serviço de carga através de contratos de serviços para terceiros..Foi com eles
que os colonos aprenderam um pouco da língua, a forma de vestir
e de comer. Lembra Costa, então morador de Alfredo Chaves,
que “nossa casa era pouso de tropeiros, todos negros, que iam para
Guaporé via Fagundes Varela “ .Lembra que paravam na casa comercial
de seu pai, onde havia um potreiro de mais de meia colônia.
Em tempo de chuva, o pouso dos tropeiros demorava mais tempo, às vezes ficavam
durante dias com a família, preparavam comida e “ensinavam a minha mãe a fazer
charque” e de noite faziam serão: “[...] vinham em casa, cantavam , tocavam
gaita eram divertidos”.(GIRON ,HERÉDIA ,2005,p. 66)
Os tropeiros negros ou brancos ensinavam
música e comida,mas mais do que isso traziam e levavam notícias .Uma
espécie de carteiros ou de radialistas avant la letre . Após
a abolição da escravatura as fazendas continuaram a manter grande número de
empregados ,o que chama a atenção do cônsul Petrocchi, em 1904 que
afirma: “Os estancieiros costumam ter grande número de criados,na maior
parte mulatos,crescidos na casa e filhos de antigos escravos.”O que significa
que os colonos tinham muitos tropeiros com os quais conviver,grande parte dos
quais era negros.(DE BONI,1985, p.94)
Mais tarde foi a vez dos carreteiros,que realizavam um serviço semelhante ao
dos tropeiros mas que exigiam estradas um pouco melhores. Na região havia
centenas de carreteiros e carroceiros Havia os que tinham carretas
puxadas à mula ,e aqueles que tinham carroças puxadas a bois. Havia ainda
as diligências que eram carroças rápidas em geral movidas pela tração de
cavalos.
Os carroceiros eram encarregados do transporte que exigia força motriz
maior,utilizado no transporte de mercadorias pesadas (como toras de madeira) a
serem tiradas do mato e levados para as balsas. Os carreteiros que usavam até 8
mudas de mulas era transporte para distâncias maiores,Já as diligências
prestavam serviços de transporte de passageiros e determinadas cargas ,muito
semelhante ao transporte coletivo prestado pelos ônibus. Nunca é demais
relembrar o papel fundamental que tiveram os pousos e as casas de pasto no
surgimento de povoações,sendo o caso mais característico o de Ana Rech . Burton,
ao analisar os diversos tipos de pousos, observa:
Burton, estudando a evolução dos "pousos
de viajantes", em meiados do século passado, observou que foram eles os
germens de aldeia e vilas populosas, hoje tornadas cidades importantes.
A terceira fase da evolução do rancho, Burton
considera a "venda", progresso decidido, mas não integralmente
respeitável.(...). Nela tudo se vende - desde cabeças de alho a livros de missa
e cachaça. A hospedagem é gratuita, cobrando-se apenas o milho para a tropa e
outras necessidades.A estalagem ou hospedaria é a quarta e última face da
evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se
diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e
"camaradas"(empregados dos viajantes) e pasto para os
animais.DORNAS,2010
DORNAS João Filho
Tropas e tropeiros http://www.tratosc.ulturais.com.br/zona%20da%20mata/Biblioteca/Personagens/Tropeiros/TROPAS.htm
A estalagem ou hospedaria é a quarta e última fase
da evolução do rancho, não se falando no hotel, que naquele tempo não se
diferençava muito da hospedaria. Dava cama e comida para o hóspede e
"camaradas" (empregados dos viajantes) e pasto para os animais.
Burton conclui que muitos desses pousos deram
origem a povoações. Essa observação parece identificar a
pousada de Ana Rech.
CONVIVÊNCIAS
Muitas são as práticas que ligavam imigrantes e negros, uma era o trabalho,
outras relações sociais o lazer e a arte. Muitas são as práticas
cotidianas como falar, ler, circular, fazer compras ou preparar refeições,
táticas que segundo Certeau (1994, P.92) exigem a presença do outro. Muitas
delas são antiquíssimas ,aquilo que os gregos chamavam de práticas. Muitas são
as práticas que reuniram ainda que de forma transitória europeus
imigrantes e negros escravos e livres. Essas práticas revelam convivências, que
podem ser representadas pelo tropeiro, o agricultor, pelo trabalhador de empresas,
pelos músicos, pelas uniões e pelas rixas.
A Lei Provincial, nº 183, de 18 de outubro de 1850,(LAYTANO, 1958 p. 37 )
isolou colonos e negros. Em seu art. 1º, determinava que, a partir de então,
ficava “proibida a introdução de escravos no território marcado para as
colônias existentes, e para as que no futuro se formarem na Província”. Assim,
nas colônias criadas antes dessa data, que haviam sido povoadas em grande parte
por imigrantes alemães, era permitida a existência de escravos. Para os
imigrantes chegados após aquela data ficava proibido o uso de mão-de-obra
escrava no território das colônias. A Lei foi ratificada em 1865 pelo
decreto 3575, de30 de dezembro..
Tal proibição
separou espacialmente escravos e colonos nas chamadas “colônias italianas” do
Rio Grande do Sul. Os diretores e os membros das Comissões de Terra não podiam
trazer seus escravos para as colônias, tendo procurado entre os colonos moças a
serem empregadas nas lides domésticas e homens para serviços pesados.
As relações entre colonos e escravos se estreitaram com o passar do tempo e
pela vizinhança: nos campos, onde lidavam na terra. Num lado da cerca, em
seu lote colonial, o trabalhador livre e, do outro lado, nos campos do
latifúndio, labutava o escravo. Essa vizinhança se deu em vários lugares, como
no Travessão Leopoldina da VIII Légua. Foi assim que uma escrava deve ter
conhecido Ana Rech, imigrante italiana chegada ao Brasil em 1877. A escrava de
uma propriedade vizinha, ao dar à luz a uma criança, deixou-a na porta da casa
da colona. Ana após relutar um pouco, acolheu em sua casa a filha da
escrava, levando-a ao batismo com o nome de Maria Joana; informa à
Intendência através de oficio de 27 de outubro de 1882 que vai criar a
menina. Passados alguns meses, a pequena morre e mais uma vez a Intendência foi
informada do ocorrido. Parece fundamental a data do fato, pois, em 1882
fazia dez anos da promulgação da Lei do Ventre Livre,que determinava a
liberdade dos filhos de escravos nascidos a partir daquela data.A
lei colocava as crianças sob a proteção dos donos da escrava que
dera à luz, até completar vinte anos
Ao que tudo
indica, não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar seus
filhos da escravidão. Muitas crianças negras aparecem nas fotos do fim do
século XIX e início do XX ao lado das crianças imigrantes, no trabalho e
nas escolas, educadas com elas lado a lado. O caso de Maria Joana não parece
ser único ,mas até o momento foi o único documentado.
Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na Província do Rio Grande do Sul. O ato
legal não corresponde à realidade dos registros, pois, até 1888 é possível
encontrar escravos tanto nos registros de batismos, como de casamentos. Por
outro lado as alforrias continuam até a data da abolição da escravidão no
Brasil.
As regiões de imigração alemã e
italiana foram as principais consumidoras do gado roubado de São
Francisco de Paula, atividade realizada por antigos escravos juntamente
com homens livres.Um fato ocorrido em 13 de julho de 1888 em Nova Trento,
5º distrito de São Sebastião do Cai revela as relações que
tinham se estabelecido entre os colonos e os moradores dos
Campos de Cima da Serra especialmente com ladrões de gado.(WEIMER,2008
,p.168) Weimer aponta ainda para uma série de infrações que tinham por
centro 3 Forquilhas ligando lusos e colonos ,especialmente no período da
Revolução federalista .
A abolição
abre novas oportunidades de trabalho para os ex-escravos; nas “colônias
italianas” onde havia empresas e cidades. Alguns procuram trabalho da região,
mas em número pequeno, outros se isolam nos arredores da cidade, em terras
desocupadas situadas próximo a cemitérios, em cima de morros e em zonas
alagadiças que não haviam sido ocupadas pelos colonos.
Na verdade, os
primeiros negros que os imigrantes viram nas sedes colônias devem ter
sido alguns dos 50 praças de linha comandados por um capitão, que guardavam a
colônia. O número de guardas foi baixando com o correr do tempo em 1878 havia
10 praças, na medida em que os imigrantes se mostravam trabalhadores e quietos.
A construção da
estrada de ferro foi outro espaço de união e de conflitos. A linha que
ligaria Porto Alegre- Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São
Leopoldo em 1874, e foi prolongada em 1876 até a estação de Novo Hamburgo. Em
1905, a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil
assume a linha. Em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7
km antes de Novo Hamburgo e chegando até a atual Carlos Barbosa, e, no
ano seguinte, até Caxias.
Desde 1875 no Rio Grande do Sul, havia planos para
prolongar a estrada de ferro até a região das colônias serranas ,da qual
havia um trecho construído ligando Porto Alegre a
São Leopoldo. a obra exigia a derrubada de pinheiros para a
fabricação dos dormentes para a estrada de ferro. Os pinheirais eram numerosos
na região situada entre Nova Vicenza e Caxias.
Entre
1875 a 1910 os colonos esperaram em vão pela estrada de ferro. Com a estrada de
ferro chegaram trabalhadores de outras regiões, entre eles antigos escravos,
ocupados no assentamento de trilhos , na abertura dos
caminhos por onde seguia a estrada de ferro .
O trabalho na construção da estrada de ferro exigia
esforço físico e grande quantidade de mão-de-obra, para o assentamento dos
trilhos. O assentamento dos trilhos por sua vez o exigia dormentes de
madeira, provenientes da derrubada da mata nativa que cobria a região,
especialmente a de pinheiros para a sua fabricação. A derrubada da madeira e o
fabrico dos dormentes exigia que a madeira fosse trabalhada..A
ferrovia estimulou a abertura de serrarias, nas
quais, diz Farina: 'os
negros se tornaram arrastadores, cortadores de pinheiros, limpadores de
estábulos carregadores eram antigos escravos que acorreram para a região
situada nas proximidades dos campos'(FARINA,1986, p.266).
À medida que a estrada de ferro foi
sendo construída e seus trilhos assentados mais negros chegavam à antiga
Região Colonial Italiana. Os trabalhos de assentamento de trilhos para a
abertura da estrada de ferro, movimentou a população do Estado. Novas estações
foram construídas e com elas se desenvolveram de novas localidades, como Carlos
Barbosa( distrito de Garibaldi),Nova Sardenha, Desvio Blauth , Nova Vicenza
(antes pequeno povoado pertencente à Caxias) e Forqueta.
Com a chegada da estrada de ferro parece ter havido
uma serie de conflitos entre: "brasileiros" e “italianos”. Os colonos
imigrantes europeus e seus filhos eram pequenos proprietários. Em suas terras
plantavam milho, videiras, batatas e outras culturas para sua subsistência e
para a comercialização. A maioria dos trabalhadores braçais eram
"brasileiros”, que chegaram a região com as serrarias e com a estrada de
ferro. Seguiam o rumo da estrada construindo seus ranchos ao longo das margens
das ferrovias, em geral não tinham terras e eram mal remunerados. As serrarias
e a ferrovia trouxeram progresso e problemas de convivência e de entendimento
aos moradores da região.
Segundo lembranças
de Dalvo Silvestri os trabalhadores brasileiros em geral negros
menosprezavam os colonos por serem “gringos” e trabalhadores braçais. Os
colonos por sua vez se julgavam superiores a eles por plantar e colher em suas
próprias terras. O modo de vida e a ideologia separavam os dois grupos. Os
"brasileiros" gastavam tudo o que ganhavam e os colonos não comiam um
ovo para não jogar a casca fora. O entendimento não poderia ser muito fácil,
como realmente não o foi. As diferenças entre colonos e trabalhadores
entre eles não tardaram a se manifestar.
Artur
Perotoni, morador da Forqueta ,segundo lembranças de seu filho Faustino teve
suas terras invadidas pelos cortadores de mato, empregados da serraria , e para
completar viu suas plantações serem roubadas pelos novos moradores
da Estação Forqueta . Primeiro tinham cortado os pinheiros sem pedir licença,
depois roubaram parte da colheita. Desgostoso com tais problemas vendeu suas
terras e foi viver em lugar mais distante do caminho de ferro.
Outro problema ocasionado com a construção
estrada de ferro foram as cercas de arame farpado impedindo a passagem através
das antigas estradas vicinais, trazendo problemas de transporte, alguns
desastres e até algumas mortes. A estrada de ferro algumas vezes dividia em
duas uma propriedade, trazendo ainda possíveis posseiros. Assim na medida do
possível os colonos afastavam-se das proximidades das estações.
SABERES
Os negros no
discurso das histórias de famílias não eram tratados do mesmo modo que os
índios ,esses algumas vezes eram apresentados como parte da
natureza selvagem .Eram parte de um mundo exótico e desconhecido. Outras
vezes eram apresentados como parte da sociedade brasileira
“os nativos, negro e caboclo, muito ajudaram, como se derrubava uma
árvore e a desdobrá-lo sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore (...)
... e qual delas lascava melhor.” (MAINARDI,1999,p19 )
Os
negros tiveram papel importante no ensino das coisas da terra, ensinavam
o nome de cada árvore e sua utilização. , MAINARDI,1999,p 19) “Havia quantidade
grande de erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um
pé ou dois, (...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí,
sim, se trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro.” (Idem p. 164) Tão
lucrativo foi o negócio que por mais de quarenta nos as empresas da
região colonial exportaram erva mate para a Argentina e o Uruguai.(SASSI IN:
GIRON E BERGAMASCHI ,2001,p208)
O hábito do
chimarrão ao que tudo indica parece ter sido introduzido pelos
tropeiros entre os colonos. Com o correr do tempo, na primeira metade do
século XX, a erva-mate tornou-se um dos mais importantes produtos de exportação
regional. Foram os tropeiros negros os primeiros a se fixarem na zona
urbana das antigas colônias .Na vila de Santa Tereza de Caxias viviam na
rua das Cabritas que contornava as terras de Antonio Giuriollo. Muitos
deles mudaram de trabalho, com o advento dos carroceiros ,já que não
tinham meios para a compra das juntas de bois e das pesadas carroças.São
numerosos os que passam a trabalhar como jornaleiros ou contratados
na construção pública , na abertura de estradas, no rebaixamento de ruas, no
encanamento da água, na construção de barragens .
As relações entre brancos e negros não se resumiam ao trabalho. Os negros
foram importantes para os colonos por seus conhecimentos de plantas e de chás,
“houve curandeiros que eram procurados para tratamento com 'garrafadas' de
chás, por eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas
diferentes. Muito se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a
feiticeiros do campo, conhecedores de ervas, rezas e orações fortes”.(DALL1’Alba
,1984 p.267).
Também entre os imigrantes europeus existiam bruxas e bruxos que benziam,
rezavam e curavam como os giusta ossi, importantes para os
pobres, desvalidos e isolados colonos, que quebravam ossos e ficavam
doentes, estando excluídos dos cuidados médicos,sendo esses seus
únicos recursos .Com o passar do tempo, as duas formas de curar e mesmo e as
artes da cura se fundem. Muitos dos terreiros de umbanda são dirigidos por
brancos de origem italiana.
Assim a influência
africana está presente na região e de certa maneira com o passar do tempo as
formas de curar e até mesmo de cultuar se confundem e se intercambiam. Como afirma
Bosi do contato de duas culturas a que domina a outra mas também é
marcada sendo ambas influenciada uma pela outra. A mais fraca marca sua
presença transformando a dominante.(BOSI,1992,p.32, )
Apesar da predominância na região da religião
católica os negros foram importantes para os colonos , por
seus conhecimentos de plantas e chás . Nas lembranças de
antigos imigrantes reconhecem que “houve curandeiros e curandeiras que eram
procurados para tratamento com “garrafadas” de chás, por eles preparados,
geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito se recorreu a
benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo, conhecedores de
ervas, rezas e orações fortes.” Nas pequenas cidades da região colonial, muitos
conheciam e recorriam a tratamentos de benzedeiras em detrimento de tratamentos
médicos tradicionais.
Também entre os imigrantes europeus existiram strie ou streghe (
bruxas) ,benzedeiros e benzedeiras que rezavam,tratavam e curavam.
Alguns benziam as bichas ,chumbando-as ,outros tiravam a
insolação com garrafas de água Outros ainda curavam os animais :“Sabemos que
havia homens com a capacidade de fazer cais bicheiras de animais sem aplicar
remédio algum “( DALL’ALBA,1997, p.113 .Outros eram os “ giusta
ossi “importantes para os desvalidos que estavam e excluídos dos
cuidados médicos .Com o passar do tempo as duas formas de curar e
mesmo as culturas se funde. Em sua maioria dos terreiros de umbanda
atuais são dirigidos por brancos de origem italiana e imigrante,enquanto negros
buscam as religiões neopentecostais.
Segundo
Dall’Alba “muitos negros conviveram com os italianos .Inesquescível o Avelino
Negro com sua famosa sanfona”. (DALL’ALBA1997,p. 52) Também muito
lembrado pelo povo de Ana Rech foi o curandeiro Negro Pedro,que
trabalhou no serviço público municipal , conhecido por suas curas milagrosas.
Por seus feitos mereceu um estudo monográfico.( DEMORI, 200))
Com a vinda do tiro-de-guerra para Caxias, no início do século XX, muitos
soldados negros chegaram à pequena cidade. Em 1922, foi construído o
quartel para abrigar o 9º Batalhão de Caçadores, que se
instala em 1927, com o objetivo de formar contingente militar na região das
“colônias italianas”. Com a chegada do grupamento militar, novos hábitos se
instalam nas cidades coloniais, são criados os primeiros centros espíritas e
kardecistas. Com a chegada dos militares vindos de outras regiões do Brasil,
renascem as bandas musicais que haviam alegrado as festas até a primeira década
do século XX.
Anos mais tarde (em 1919 ) com a construção do prolongamento da estrada
de ferro de Carlos Barbosa para Bento Gonçalves, ocorre o
mesmo fenômeno que antes ocorrera em Caxias.
UNIÕES & CONFLITOS
Entre imigrantes e antigos escravos nem sempre as
relações foram pacíficas.Cardoso dá conta de um crime ocorrido em 1882, no vale
do rio Cai quando um escravo liberto de nome Paulino ,que
pertencia à propriedade de Narcisa Vieria de Souza matou o
colono italiano Vergínio Pieruchini que estava em visita na
casa de negócio (em Santana) de Horacio Geralome .O acusado foi
absolvido.Ele havia ter matado por engano, já seu que o alvo
era o dono da casa. Foi feito arranjo entre a senhora e Paulino ficou
livre. (CARDOSO ,2007p.67 )Salvo melhor juízo, esse parece ser o primeiro
incidente entre imigrantes italianos e negros.
O primeiro registro escrito de união entre italianos e lusos e italianos
e negros, parece ter ocorrido Santa Lúcia do Piai ,no local chamado Canudo .As
terras dos atuais distritos de Santa Lúcia e de Vila Oliva pertenciam
a um só dono Felisberto Soares ,pai de José de Oliveira
Soares, ficou conhecido como Senhor Grande .
Dona
Ana era italiana e teve um filho com o Senhor Grande, por isto ganhou uma
colônia de terra o filho ficou com o Sio Grande. Ela tomou o nome de Canudo por
que sua terra tinha esse feitio. Casou-se com Marcos Simplício que era
negro,mais ou menos em 1900. Ele trouxe seus parentes para o local onde
construíram suas cabanas. Eram todos negros e seus nomes eram Manuel
Noronha,Onòrio Lemos, Plácido Lemos, Chico Noronha, Anartino da Silva ,Raimundo
Noronha e Leopoldo Lemos entre outros. No Inicio o lugar era chamado de Canto
dos Negros pelos alemães(Bonalume,1986, p.99 )
Os incidentes ocorridos com o primeiro intendente
eleito de Caxias, José Cândido de Campos Júnior, nomeado em seu primeiro
mandato pelo presidente do Estado do Rio Grande do Sul, Júlio de
Castilhos, em 15 de setembro de 1895 ,que foram da expulsão do pároco de
Caxias até atentados a bala contra o administrador, parecem ter causa
política.Pois o intendente do novo município era maçom e mulato.
Em 7 de dezembro de 1895, em ofício dirigido pelo intendente Campos
Júnior ao Conselho Municipal, sugere o aumento da guarda municipal: “Como
deveis saber este município está infestado por pequenos grupos de bandidos que
se preparam para alarmar a população local”. Esse foi o motivo alegado para
solicitar mais verbas para aumento do efetivo da polícia. Em 24 de novembro de
1896, foi eleito por voto direto dos caxienses, sendo reeleito em 23 de
setembro de 1900.(ADAMI ,1972, p.372)
Na correspondência entre Júlio de Castilhos e seu secretário Aurélio Viríssimo
de Bittencourt fica claro o papel estratégico de Campos Júnior na política da
região antiga colonial. (ANAIS, 2009).Várias vezes tentou se demitir da
função sendo dissuadido pelo governador .
Os intendentes nas colônias devem ter vivido
tempos difíceis ,um deles Alorino Machado de Lucena externa seu
desconforto afirmando em oficio de 23 de julho de 1895 “demito-me ,porque,
percebo claramente que a qualidade de ser eu brasileiro nato
angaria-me antipatia de muitos de outra origem.”(Adami, 1964 ,p.183)
O conflito entre Nosadini e o Intendente não foi um conflito racial, mas
político,o mesmo que dividia o Estado do Rio Grande do Sul entre
federalistas e republicanos. Os federalistas eram antigos defensores da
monarquia, e os republicanos eram os adeptos da nova crença : o positivismo.
Thales de Azevedo em 1955 entrevistou monsenhor José Maria Balen,
nascido em Caxias em 1883 que lembrou “ quando era menino
brasileiros só havia no serviço de colonização. Havia poucos negros só
tropeiros e soldados. (AZEVEDO,1994,p.367) Os negros não eram só soldados e funcionários da Comissão de
terras, como lembrou Balen estavam presentes nas empresas regionais e nas
serrarias. São numerosos os negros que aparecem nas fotos da Metalúrgica Abramo
Eberle , no inicio do século XX e em outras empresas regionais. ..
Ao que tudo indica no começo do século XX não eram incomuns
incidentes envolvendo negros e brancos. Guerino Zugno
lembra que os “colonos não gostam dos negros por causa dos
crimes de homicídio, raptos de moças e emboscadas “AZEVEDO,1994,p162)
lembra também que as jovens apreciavam namorar com eles o que ocasionava ciúmes
nos colonos.
Ainda assim as uniões
interétnicas continuavam a ocorrer. Segundo Dal’Alba “apesar da
contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos
e com negros”. DAll’ALBA ,1984,p117)
Ainda assim as essas uniões não era tão pacificas, pois velhos
costumes de segregação eram mantidos e dificultavam o convívio
social.Entre eles está a separação nas festas. A existência da segregação
em festas e bailes na região dos campos faz parte das lembranças coletivas. Há
muitas histórias sobre os salões de baile separados por cordas, nos quais de um
lado dançavam os brancos e de outro os não brancos. Em regiões de campo
como Criúva, Mulada e Cazuza Ferreira, que mais tarde foram
povoadas por imigrantes .
Castilhos informa que na festa de Santa Maria
do Belo Horizonte , em Cazuza Ferreira ,festa comemorada em 2 do
fevereiro ocorriam festividades religiosas e recreativas que
duravam todo o dia
A noite com inicio às 9 horas começava o baile na
sociedade com a entrada dos corredores dançando a polonesa. O baile durava até
o dia clarear. .Nesse mesmo dia havia o baile dos morenos (negros) e dos
agricultores (amarelos) cada grupo em suas respectivas comunidades. A padroeira
dos morenos Nossa Senhora do Rosário. A padroeira dos agricultores era
Nossa Senhora da Penha. Toda programação religiosa, festiva e cavalhadas era
feita como todas as outras festas, mas cada um em sua própria sociedade. (apud
Castilhos, 2007.p32 )
O informante não se limita citar as diferenças entre os grupos revela também as
diferenças entre os oragos dos grupos. Os salões separados correspondem à
divisão não só de cores mas a uma divisão social da sociedade
escravista em sua fase terminal . Havia três salões, um para os brancos, um
para os negros e uns para os mestiços. Conta-se que na Mulada e nas localidades
menos povoadas, nas quais havia apenas uma sala de baile essa era dividida ao
meio por uma corda, de um lado dançavam os brancos de outro os pretos, o
gaiteiro tocava no meio entre as duas salas, assim os dois grupos não se
misturavam . Caso semelhante ocorria também em Criúva.
Interessante observar que a segregação se refere as
também às padroeiras. A origem dos cultos às santas indica uma divisão
social. Os negros cultuavam Nossa Senhora do Rosário .A devoção teve
inicio em Portugal quando a partir 1478, os padres dominicanos os negros
no culto religioso católico . Ao que tudo indica o culto a Nossa Senhora
vincula-se ao rosário ,que lembrava o rosário de Ifa o que parece ter
facilitado a assimilação ,já que lembrava objetos sagrados do culto africano.(Internet)
Por outro lado ele é reforçado pela
lenda que diz que a Senhora apareceu no mar.:
os Caboclos, já
devotos da Santa Virgem através de catequese dos Jesuítas, rezaram, dançaram,
cantaram, tocaram seus instrumentos, para que a Santa Virgem viesse até eles.
Mas Ela não veio. Em seguida, os Marujos, também devotos, foram até a praia e
empreenderam sua tentativa de trazer a Virgem do Rosário até eles. Após
rezarem, dançarem, cantarem, tocarem seus instrumentos, não conseguiram
trazê-la. Por último, vieram os Negros ou Catopês até a praia e após louvarem a
Virgem do Rosário, Ela veio até eles. Por isto é que se diz que a Virgem de N.
Sª do Rosário é a protetora dos negros.(Internet)
Assim a fé em Nossa Senhora do Rosário seria uma escolha da Padroeira e não
deles negros e escravos.
A fé em
Nossa Senhora da Penha por parte dos agricultores, iniciou no século XVII
quando o fazendeiro Baltazar de Abreu Cardoso em sua propriedade,
no Rio de Janeiro encontrou uma serpente em um penhasco(penha )
,conta a tradição e que ele teria sido salvo pela proteção da virgem a
festa da padroeira é 1º de setembro(internet).
Assim com Santas separadas, a festa
continuava à noite com bailes em clubes separados.O costume continuou
com a chegada dos imigrantes italianos que passaram a engrossar as fileiras dos
agricultores .Outro costume que se manteve foi o das cavalhadas ,que
relembram as lutas entre mouros e cristãos. Não parece ser insignificante o
fato que o papel de mouros cabe aos morenos .Afinal os heróis em geral eram
europeus e brancos,como nos antigos filmes de faroeste, nos quais os
bandidos são sempre os índios..
IMÁGINARIO
“È impossível compreender o que foi, e o que é a história humana, fora da
categoria do imaginário”observa Castoriades (1982, p.192). Ainda mais
difícil é esquecer como cada sociedade vê determinados indivíduos de modo
muito preciso. De forma simplificada pode-se afirmar que cada grupo
imputa ao outro seus problemas (IDEM ,194).De forma similar a
palavra negro no discurso dos imigrantes significa trabalho duro,ou trabalho
forçado e mal remunerado .Ao se referir aos brasileiros como ‘neri ‘era
demarcada a diferença ,entre os que eram do grupo e os que não
eram ou seja, não pertenciam ao grupo dos
‘coloni’. Em relação aos negros os imigrantes atribuíram a eles o mesmo
que atribuíam a si. Ou seja, os imigrantes julgavam que eles colonos “
trabalhavam como um negro”(GIRON ,2007, p.46),pois,. eram eles que
realizavam o trabalho mais árduo, sacrificado e mal pago. Segundo
Stavinski a semelhança começava antes da chegada dos imigrantes ao Brasil
.Era na viagem que ela transparecia“ as famílias de imigrantes eram
instaladas nos porões de terceira classe,Repetiam-se, aqui , as cenas
tristemente célebres navios 'negreiros' empregados outrora no tráfico de
escravos africanos.(Stavisnki,1976, p )
Comparar as condições de imigrantes que
vinham em navios à vapor com os navios negreiros é exagerada. Os navios
que transportavam viajantes e turistas entre a Europa e a América
eram bem diversos do que os que transportavam os escravos. Os imigrantes
bem ou mal instalados eram passageiros,com passagem paga. Os escravos eram
considerados peças e como tal transportados como carga. A
memória que irmana os dois grupos no sofrimento,algumas vezes também são
comparados na virtude .
Assim imigrantes e escravos eram
irmanados no sofrimento, e algumas vezes comparados na
virtude . Como informa Antoni Zielinski em carta de 26 de fevereiro de 1891 (
STOLZ,1997 , p.116 ) “A população é 50% branca e 50% preta. Os
pretos são muito bons e até melhores do que os brancos,pois esses são exibidos
e sem religião.” Ou seja os negros são tão simples e bondosos como os
imigrantes,que tem religião e não são exibidos ,como os ricos ,pois nada tem a
exibir a não ser a própria pobreza. Essa é uma visão que perpassa em
cartas e memórias.
Além de melhores que os brancos brasileiros , os negros, nas lembranças eram
julgados mais trabalhadores que seus donos. Albin
August Kaempffe em carta a seus pais de 1º de maio de 1835 observa
em relação aos brasileiros :
De trabalho essa gente não sabe nada o que,
alias, eles não necessitam, pois seus negros devem fornecer-lhes,
diariamente,determinada quantia do que vivem. Só os negros de famílias de melhores
condição tem alguma vestimenta ;os demais trazem apenas um avental pela cintura
e o resto fica nu( STOLZ,1997 ,p.81 )
.
Ao chegar à Porto Alegre o imigrante
anota “eu estava na cidade desejada a tanto, e observava os negros, que alegres
e contentes, estavam ocupados em bater couros de boi.”(idem p 82) Dias depois
constata que “ dois negros nos servem :um cuida da cozinha;outro faz os
demais serviços caseiros, posso assegurar-lhes que nosso cozinheiro nada perde
para os europeus, pois eu nunca comi tão bem na Europa como aqui.”(idem p. 84)
Um dos relatos mais interessantes sobre a visão de
um imigrante sobre o Brasil e sobre os escravos é o de Giuseppe
Dall’Acqua, que veio para o Brasil do povoado de Lantrago( Beluno) em 1878 .O
diário publicado na obra Assim vivem os italianos (COSTA E
BATTISTEL1983,p. 1111 e seguintes) conta detalhes da viagem de um
grupo de italianos desde a saída da Itália até a chegada na colônia Dona Isabel
Há ter três citações sobre escravos. A
primeira data da chegada no dia 28 de maio em Pernambuco ,diz
Dall’Acqua: “ Aqui os imigrantes têm ocasião pouco edificante de ver os negros
quase nus ,que se atiravam ao mar de cabeça para baixo ,para disputar no fundo
com aboca a moeda que alguns atiravam na água”(Idem p. 1147) Complementa suas
observações ao chegar à cidade de São Salvador na Bahia:
Nesta cidade,como também em Pernambuco,existem
muitíssimos negros,oriundos da África,de ambos os sexos, mal e escassamente
vestidos. No Brasil ainda existe a desumana lei da escravidão,que em todas a
República da América,já foi abolida há tempo ( DALL’ACQUA,1983p. 1147)
Cita ain da
as lavadeiras negras na barra da lagoa ,e por último o morettino(
moreninho) que levava a égua madrinha ,” que guiava tropa é chamado de
vulgarmente de madrinheiro.”(Idem p. 1159).As três observações para alguém que
desconhecia os negros ,tem caráter descritivo.
Por outro lado poucos são os provérbios que
tratam das relações entre brancos e negros Um dos raros afirma I
zê come i nêgri(são como negros) o que significa que
vivem muito mal ,sem condições econômicas. Mais uma vez há a comparação entre a
vida de brancos miseráveis e negros. Fica claro nos provérbios usados
pelos colonos ,que o preconceito (ou talvez seja inveja ) aparece
contra os ricos, paradigmático é o que segue : ‘El tempo e i
siúri quel che i vol luri” (o tempo e os ricos fazem o que
querem).Ou seja imprevisíveis e incontroláveis como o próprio tempo são
os ricos ,contra os quais não há salvação.
Não foram
encontrados entre os provérbios trazidos pelos imigrantes , que revelem
preconceito dos colonos contra os ‘neri”.Existem na região
muitos provérbios que manifestam posições evidentemente
racistas,mas em geral são em português , para os quais não foi
encontrada a versão em dialeto.
Há uma citação em
Costa que talvez explique a origem do medo que os imigrantes tinham
dos índios e que passaram a desenvolver em relação aos negros.
Talvez,o conceito já criado na mente dos imigrantes
,na Itália que o Brasil estava cheio de índios que comiam gente ,criara
ainda maior pânico.Preconceito (grifo
da autora) semelhante a esse criou-se em relação ao negro, hoje ainda (1982) em
lugares mais retirados ,onde há descendentes de italianos as crianças
,até certa idade ,tem medo de negro.São esses preconceitos culturais que
desencadeiam preconceitos tacias.”( COSTA ,1982,
p.108)
O medo parece no
caso citado estar relacionado mias ao desconhecimento e a ignorância do que a
um preconceito racial. Na verdade o preconceito como o imaginário dos colonos
foi sendo plasmado no Rio Grande do Sul de acordo com pensamento
hegemônico da classe dominante.
IMAGENS
Outra marca da presença dos negros na região são as fotografias. Essas são bem
mais numerosas que as memórias e as histórias escritas, onde
eles as vezes parecem não existir . Nas fotos ao contrário
estão presentes, apesar de seu pequeno. Ainda assim aparecem como
trabalhadores como soldados,como funcionários da Comissão de Terras e
trabalhadores braçais das intendências.
As fotos mais do que os relatos contam da presença do negro entre os brancos
imigrantes. Cerca de 40 fotos cuja temática é a construção da estrada de
ferro apresentam negros e brancos trabalhando lado a lado. Grande parte das
fotos são da coleção Mancuso um dos fotógrafos da região,do inicio do século XX.
Enquanto outros fotógrafos se preocupavam com os retratos e com fotografias de
empresas por encomenda dos donos, Mancuso se debruçou sobre a cidade e
seus habitantes comuns. Uma de suas fotos tem em primeiro plano um negro e
outros aparecem ao fundo trabalhando na construção de uma estrada em Caxias.
Outra mostra negros trabalhando nas obras da Praça Dante Alighieri e
guardas correndo pelo logradouro público. Provas incontestáveis que os negros
estavam na região desde o final do século XIX e que conviviam com os
imigrantes.
as fotos encontradas pode-se identificar uma
maioria de trabalhadores brancos no movimento operário caxiense, conseqüência
da predominância da imigração italiana na região de Caxias do Sul, o que não
exclui a presença de trabalhadores negros no movimento operário.
Nas
fotos de trabalhadores que ainda existem em grande número,
identifica-se uma maioria de trabalhadores brancos, consequência da
predominância de trabalhadores brancos vindos com a imigração,o que não exclui
os trabalhadores negros. (DUTRA ,2007)
Os trabalhadores por outro lado foram muitos: homens, mulheres, brasileiros,
estrangeiros, brancos, negros, crianças, jovens e adultos cujas imagens
,mas não seu nome , estão preservados nas fotografias.
Mas há muitas
outras fotos. Uma delas datada de 1893, em Conde D”Eu (Garibaldi) apresenta um
grupo caçadores reunidos com o produto de sua caçada .Em primeiro
plano aparece um negro junto a outros caçadores que são imigrantes
e colonos.
Em uma fotografia de uma banda da Linha Palmeiro,datada da primeira década do
século XX, há um negro tocando bumbo, seu nome consta
da foto é João Garcez.Outra foto da nova banda Santa Cecília de
Caxias apresenta grande número de músicos negros.
São comuns fotos de famílias de imigrantes com mocinhas
negras são comuns, vestidas do mesmo modo que as pequenas as outras
moças ,parecendo um membro da família .Algumas são
identificadas ,outras não. Uma delas é Maria, que trabalhava
no hotel Bela Vista de Luigia Grossi . A roupa que veste na foto é
semelhante à de Rita, filha da dona do hotel.. Uma foto da família
Perini, da 6ª Légua que retrata á colheita da uva tem
uma criança negra, com uvas na mão,sentada ao lado de outras
crianças , como parte parte do grupo familiar.
Por outro lado, em fotos de uma escola de Conde’ Eu aparecem
crianças negras,junto aos pequenos colonos loiros. As fotos de crianças brancas
e pretas escolas se repetem em várias escolas municipais, como na escola
municipal de Caxias,cuja professora era Suely Bascu.
A figura de um menino como auxiliar de um tropeiro é outra figura emblemática,
assim eles aparecem incluídos nos grupos dos primeiros tempos. Há várias fotos
de tropeiros, brancos pretos e de carroceiros.Junto A famílias no inicio da
partida ou no caminho.
As fotos são estáticas, nelas
não se percebe a possível discriminação,mas encerram um momento privilegiado da
vida cotidiana ,que sem sombra de dúvida reúnem negros e colonos e que
merecem ser consideradas. A imagem do negro preservada em fotografia de
época não tem correspondência com as memórias e histórias escritas,
nas quais eles muitas vezes parecem ausentes.
A Brigada Militar do Rio Grande do Sul fundada em 1837, em plena guerra civil,
desde o inicio aceitou negros, e mais tarde os antigos escravos
logo após a abolição, entraram naquela corporação. A seu serviço vieram
para a Serra, e passaram a viver entre os colonos Mas a força era pequena
e, portanto pequeno também o foi o contato entre os colonos e soldados da
Brigada .
As fotos de
militares são muitas. Na escadaria da Intendência,em fotos de festas
de família.,nas praças e nos desfiles.
CONSIDERAÇÕES PRELIMINARES
O
preconceito contra os pobres sejam escravos ou imigrantes tem sido através dos
tempos uma prática comum das elites brasileiras. Muitas vezes ele é atribuído a
outros segmentos da sociedade que nas quais não está presente .
Em 1977, em
pesquisa realizada pela autora, na antiga Região Colonial Italiana, sobre
relações interétnicas entre italianos e alemães, entre italianos e negros,
utilizando os procedimentos metodológicos adotados por Ianni ,em 1972, em
Florianópolis e em Curitiba. Os resultados revelaram praticamente os mesmos
percentuais de preconceito de outras cidades da Região Sul do Brasil, onde a
maioria da população é branca e de origem européia. Assim, o propalado racismo
dos descendentes de imigrantes italianos comprovadamente não é
maior nem menor do que a existente nas outras região do Brasil .
Um dos
mais interessantes diários escritos por imigrantes , sem sombra de
dúvida é o do boêmio Umann,(1981) que destaca o costume das elites
brasileiras de tratar em os imigrantes pobres como escravos, e os escravos como
se não fossem humanos. Os imigrantes e os escravos, para as autoridades,
pertenciam ao mesmo grupo: os miseráveis.
A diferença de tratamento das
oligarquias aos pobres no Brasil foi uma constante, como observa
Gorender: “A sociedade capitalista herdou, por assim dizer, o DNA da escravidão
e não logrou se desvencilhar dessa herança”.(Gorender ,2000,p.89) Assim, muitos
negros deixaram de ser escravos para se tornarem indigentes e, como tais,
excluídos da sociedade de consumo. Outros se inseriram na sociedade das
antigas colônias do estado..
Não foram só
as elites que trataram os pobres em geral e os escravos deforma muito
particular de forma degradante, até os abolicionistas assim o fizeram.
Os
abolicionistas, organizados em associações, para lutarem pela
abolição da escravidão e pela colonização em seu órgão de divulgação O
Philantropo, periódico humanitário, scientifico e litterario, expressam
a posição de seus membros. Um articulista anônimo informa que “os
escravos pela sua condição são abjetos, de um caráter infame e inçados dos mais
torpes vícios”(1850,nº 11 p.4 .) Segundo a mesma fonte, mais do que
abjetos, os negros eram perigosos e vingativos cuja sede
de vingança tem se manifestado nas agressões e nos assassinatos de
brancos. Ainda assim denunciam a venda dos africanos livres como escravos e dão
o endereço dos principais depósitos dessa carga ilegal.(1850,nº42 p2)
Os
abolicionistas propagandistas da imigração européia, em especial de alemães,
acreditam que estes eram “trabalhadores assíduos, industriosos, empreendedores
e pacientes, amigos do lar doméstico e afeiçoados ao sossego da vida em
família; enfim, colonos respeitadores das leis, trabalhadores pacíficos e
moralizados”(1850,nº10 p.2 ) Em outras palavra os europeus portadores das
qualidades que faltariam aos africanos.
Madame van Langendonk, belga de boa situação social, que viajou em
1857 para o Brasil, fixando-se em Santa Maria da
Soledade(hoje município de São Vendelino ), colônia onde permaneceu até
1875 tem posições semelhantes às da oligarquias. os escravos para ela
teriam “maus instintos” não possuindo “probidade, pudor e moral”
concluindo que “ a escravidão é menos funesta aos negros do que aos
brancos”(Van
Langendonk,2002,p41).
Desconhecer não significa discriminar. Os imigrantes europeus desconheciam o
Brasil e seus habitantes, sua natureza, seus animais, seus nativos;
parecendo a negação do mundo civilizado europeu, para os colonos. Os negros e
os indígenas faziam parte desse mundo não civilizado; portanto, não
conhecido pelos europeus. Havia mais semelhança entre os dois
grupos,do que entre imigrantes e a elite ,pois ambos trabalhavam a terra com
suas próprias mãos.
Apesar da semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo, entre os dois
grupos havia a diferenças não apenas da cor, da língua, dos costumes e da religião.
Os colonos europeus sentiam a diferença cultural dentre e a dos brasileiros.
Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos, os escravos e os
indígenas, aqueles que conheciam a língua e a natureza tropical eram os outros,
todos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois, como nascidos no Brasil,
eram todos brasileiros.
Era uma época que todas as autoridades eram
“brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria,
não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e
racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros
eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em
casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é
preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.(DALL'Alba,1986p.116)
A afirmação de Dall' Alba parece exagerada, pois, nas histórias de
família regionais, fica evidenciado que se estabeleceram relações
entre imigrantes e negros. Nelas negro não é uma palavra
depreciativa,mas de dureza e sofrimento. Ao falar do trabalho do colono em
geral é dito “trabalho de negro, de escravo.”DAL'ALBA,1984p.191).Em
relação a viver mal fala-se“vivendo em condição de trabalho escravo ou mal
remunerado.”(CoSTELLA,1980p.11).Ao falar em trabalhador especilaizado
também era dito: “tinha mesmo para contratar um negro, talvez ex
– escravo, para auxiliá-lo numa derrubada.”DALL'AlBA,1984p.52).O que
indica o negro sabia trabalhar a terra brasileira melhor que os europeus
recém chegados.
Para o colono o escravo é um mestre no sofrimento e no trabalho na
nova terra. Longe de ser racista a expressão “tuti neri”é demarcadora da
diferença enquanto os de fora eram neri os de dentro coloni.Os
imigrantes se fecharam, dentro de seu grupo, como reação à exclusão da
sociedade brasileira à qual eram submetidos. O casamento endogâmico nas duas
primeiras gerações revela esse tipo de segregação a que estavam submetidos.Para
o colono europeu, os brasiliani eram os outros. Sendo
tratados de forma genérica como negri, dada a longa
miscinegação pela qual passaram os gaúchos. Era uma reação contra a
dominação a que estavam submetidos por parte tanto das autoridades e dos
funcionários públicos que administravam as colônias: estruturas de
dominação-subordinação, que são o núcleo da política.. Em outras palavras, a
cor importava menos que a classe. A classe dominante
impunha seu modo de ver aos dominados, enquanto os dominados ao que tudo
indica pareciam se entender.
No Rio Grande do Sul por outro lado os
imigrantes não substituiriam os negros no trabalho ,com tal fato é destacado na
sessão da Assembléia Legislativa de 13 de outubro de 1852
na fala de João Jacinto de Mendonça que
responde ao deputado Ubatuba
Irei a outro
argumento. Disse o nobre Deputado, que tendo a Província como um principal
dever a introdução de braços livres, e estando nós mais adiantados do que
outras Províncias a este respeito, não devíamos recear a falta de braços.
Responderei a isto, que o braços livres que têm vindo para a
Província têm sido somente para serem empregados na agricultura; por ora não
veio um só colono para ser empregado no serviço doméstico, ou no serviço das
charqueadas. E se mesmo nas colônias há falta de braços, se aí os colonos mais
ricos não encontram trabalhadores para cultivarem suas terras, pois que
continuamente a Assembléia tem recebido queixas a este respeito, qual a razão
disto? Seguramente, é a de que os colonos que têm vindo para a Província
encontram terras em abundância, e se hão de trabalhar para outros, trabalham
para si.( PUCCOLO,1997 p.515)
Lado a lado trabalharam muitos anos,
conviveram no trabalho ,unindo-se em uniões estáveis e separando-se em
conflitos em prejulgamentos ou preconceitos .Diz Costa :
A idéia de que o negro não trabalha ou de que não
tem organização perpassa a cultura italiana como comprova Bernardi(1937)
em Nanetto Pipetta que retrata a vida e o pensar dos primeiros imigrantes
italianos. A situação de escravidão tornou o negro sujeito a outra experiência
cultural para a qual o conceito de trabalho e de economia difere do
italiano.Nesta diferença cultural,os descendentes italianos fundamentam seus
preconceitos em relação ao negro (COSTA,1982, p.108)
Em Nanetto Pipetta
a saga do anti herói imigrante a figura do negro é uma constante
que se relaciona tanto com os imigrantes como com os brasileiros. O
primeiro negro que aparece na aventura é descrito como bel negro de
nariz achatado,olhos brancos armado de faca e pistola,mas que mata
fome de Nanetto,dando-lhe de comer pinhão e insistindo para que
tome chimarrão.. “Nanetto passa a noite no casebre da família na manhã
seguinte vai embora” el ze scampá de tuta carrera” (BERNARDI,
1980, p.59) .Apesar do convite feito pela família para que more com eles
e trance os cestos de vime. .Dias depois perdido no mato encontra um moreno
,quase negro,e o convida para beber,mais tarde encontra um outro que lhe
pede dinheiro. Nanetto foge e ao correr o dinheiro cai de seu bolso
enquanto seu perseguidor o recolhe .(Idem,p.86)
Ao quebrar uma
perna é acolhido por uma italiana. O médico manda que fique deitado , e dá- lhe
óleo de rícino, a dona da casa vai buscar uma benzedeira negra para
curá-lo (Idem p.118 ).Ela faz uma série de rezas e simpatias, benze as pernas
,mas quando pede pagamento é expulsa à pancada.(idem p.120)Mais tarde
entram no quarto de Nanetto três negros a mando da curandeira que o assustam
com seus facões. Logo são expulsos (Idem p. 127)Há ainda o sonho com um
negro armado que o olha fixo para o desprotegido imigrante.
As relações entre imigrantes e negros encontram Nanetto sua imagem
especular . Na ficção são focalizados os mesmos tipos de relações que são
estabelecidas que nos testemunhos e nas histórias de família. As relações
em geral amistosas podem acabar em briga sob ação do
álcool, da mesma maneira o uso do conhecimento das ervas e das curas que
é aproveitado em momentos de necessidade.
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