terça-feira, 29 de outubro de 2013

O FUROR DA LIBERDADE


Não  foi uma ameaça, apenas: a terra põe-se tremer..
O soturno ronco já se faz ouvir.
(Èsquilo0

            Na época da abolição no Brasil, ao que tudo indica havia cerca de 800 mil escravos . Em São Paulo, segundo Florestan Fernandes ,  haveria 397.131 negros e mestiços, que representariam  cerca de 28,6% da população paulista. Contudo, esta população também  tendia diminuir uma vez que as imigrações européias, alteraram a composição da população. Grande parte dessas pessoas vivia na zona rural onde estavam 90% dos paulistas. Ex-escravos, imigrantes e demais brasileiros engrossavam o contínuo fluxo migratório da zona rural em direção à cidade, criando   intensa teria de relações  sociais. (ANDREWS, 1998, p. 93-98)
O número de escravos diminuiu de forma gradativa , em parte foi devido à guerras platinas  em parte devido ao aumento das fugas em massa dos escravos após 1850 . ”Ocorreu o incremento de 60% nas fugas em relação há 15 anos antes, talvez por consequência da guerra”(WEIMER,1994  p.41) 

No Rio Grande do Sul o número de escravos reduziu com o tempo, após 1870 quando a exportação gaúcha de escravos se torna a maior do que a do restante do  Brasil  e a tendência é de redução  no seu número. Em 1872, os resultados do Censo, excluídos os habitantes de quatro paróquias, davam ao Rio Grande do Sul uma população de 434.813 almas. Os pretos constituíam 18,28% e os pardos 16,32 % e os brancos 59,43% da população, ou seja, haveria ainda na Província cerca de 80 mil escravos.
            A substituição de mão-de-obra escrava pela livre, determinadas pelas leis que terminaram de forma gradativa com a escravidão contribuiu para acelerar a vinda de colonos estrangeiros, indispensáveis para garantir a produção agrícola regional, o que contribuiu para o aumento da população branca. Dessa forma, em pouco mais de 90 anos, o percentual da população negra baixou de 50 % à pouco menos de 20% do total da população. No censo de 1890, a população do Estado dobrara, tinha 897.455 habitantes, distribuídos em 63 municípios, sendo que, destes, 459.418 eram homens e 438.337 mulheres. “Ao fim do império, a distribuição percentual da população era a seguinte: brancos 70,17%; pretos 8,68%; caboclos 5,35% e mestiços 15,80%.” (Diretoria de estatística, 1908, p.81)
      Se for calculado o número de negros e mestiços recenseados após a abolição o número de escravos existentes  no RS se aproximaria dos 25 mil . Mas ainda mais nebuloso que o  número  de  escravos libertos no  Rio Grande do Sul é o dos escravos que restaram  nos campos da  Serra no mesmo período , mas ao que tudo indica pode  se aproximar de 2 ,5 mil .
           Para os dias de hoje o número de escravos deixados sem auxílio pode parecer pequeno, mas na época um exército de 800 mil desabrigados era apreciável. A questão para o governo era de como ocupar tais pessoas num mundo eminentemente rural. O governo brasileiro decidiu pelo mais fácil, ou seja, não fazer nada. O mesmo propósito seguiu o governo estadual.
  

            TRABALHO OU CONTRAVENÇÃO?
Eis como podemos ferir àqueles que no maltrataram
Ésquilo

Não é possível determinar com certeza o aconteceu em 1888 com os escravos  libertos do Brasil, no Rio Grande ou na Serra. Há mais hipóteses do que certezas. Os indícios podem ser encontrados nas memórias, nos processos judiciais, nas noticias de jornais, e esses levam a crer que houve uma hecatombe social, segundo a quais antigos escravos corriam das fazendas em busca das cidades em busca de sobrevivência causando desordens e crimes. A debandada de escravos tornou-se um problema nacional que repercutiu até no Parlamento Brasileiro em geral avesso às questões sociais, que registra em seus Anais que

Os escravos fugiram em massa, prejudicando não só os grandes interesses econômicos, mas também interesses de segurança pública: houve mortes, houve ferimentos, houve invasão de localidades, houve o terror derramado por todas as famílias, e aquela importante província durante muitos meses permaneceu no terror mais aflitivo. Felizmente os proprietários de São Paulo, compreenderam que, diante da inação da Força Pública, melhor seria capitularem perante a desordem, e deram liberdade aos escravos.(Internet)

Os negros apesar da diferença de conceito de trabalho que os africanos tinham em relação a dos europeus buscaram o trabalho, como bem destaca Costa. A idéia de que o negro não trabalha ou de que não tem organização perpassa  a cultura italiana como comprova Bernardi(1937) em Nanetto Pipetta que retrata a vida e o pensar dos primeiros imigrantes italianos. A situação de escravidão tornou o negro sujeito a outra experiência cultural para a qual o conceito de trabalho e de economia difere do italiano. (COSTA,1982, p.108)



Muitos foram os trabalhos realizados pelos negros na Serra após a abolição. Para a maior parte dos escravos que viviam nas fazendas o caminho parece ter sido o mesmo em todas as regiões, ou seja,  a debandada em direção às cidades

            Grande parte dos libertos, depois de perambular por estradas e baldios, dirigiu-se às grandes cidades: Rio de Janeiro, Salvador e São Paulo. Lá, ergueram os chamados bairros africanos, origem das favelas modernas. Trocaram a senzala pelos casebres. Apesar da impossibilidade de plantar, acharam ali um meio social menos hostil, mesmo que ainda miserável “(Internet).

Se antes da abolição o caminho da liberdade era a contravenção representada pelo quilombo, após a abolição outros rumos poderiam ser traçados.  Na busca de novos caminhos não puderam contar com o apoio governamental ou privado, já que as associações abolicionistas deixaram de atuar após a sua libertação oficial. Deixados à sua própria sorte os recém-libertos buscaram dois grandes rumos: o do trabalho e o da contravenção. Segundo os casos encontrados na região continuaram em economia de subsistência, na qual já estavam envolvidos antes da liberdade.
            O caminho começava no lugar onde viveram aprisionados.  Os que viviam e atuavam nas cidades, em vez de trabalharem para os donos como vendedores ambulantes ou alugados por eles para serviços variados devem ter permanecido na cidade, sua presença é atestada nos jornais da época. O mesmo parece ter ocorrido com os escravos que prestavam que trabalhavam nas casas de seus donos na zona urbana ou na zona rural, podem ter se mantido as mesmas atividades, porém na condição de trabalhadores livres.
            Diversa foi à direção tomada pelos escravos que viviam na zona rural. Pelo número de quilombos registrados na região fica evidente que muitos deles lá permaneceram, mudando sua condição de escravos fugidos para homens  livres
            Outros trocaram a miséria da senzala pela dos casebres.  Várias são as fotos do inicio da década de 1890 que revelam as péssimas condições de vida do ex escravos. O mesmo ocorreu na região da Serra do nordeste gaúcho. Mas nem todos os escravos deixaram as fazendas alguns se instalaram em seus limites, outros receberam terras de seus donos Segundo Alves  
O Capitão Narciso José Pacheco, tinha um filho (ilegítimo) havido com uma escrava, de nome José de Freitas Noronha. Com a morte de Narciso, Manoel Machado Pacheco reconheceu o neto que recebeu de herança uma parte da fazenda. Assim, Noronha, tornou-se o primeiro descendente de escravo com propriedade na região. ( ALVES, 2010,p55)
     Poucos foram os casos de filhos de senhores e de escrava que foram reconhecidos como filhos. Ainda menor foi o número daqueles que receberam terras, nem todos os filhos bastardos de fazendeiros tiveram a sorte de Noronha. A maioria dos escravos buscou trabalho em fazendas vizinhas oferecendo-se como jornaleiros. Outros procuraram vilas próximas.
 Muitos chegaram a lugares improváveis as antigas colônias de Alfredo Chaves e Caxias. Ao se instalarem próximos a essas n povoações agruparam-se em regiões altas desabitadas em locais próximos ao centro, em geral em morros desabitados. As favelas assim formadas recebiam o nome de África. Nelas passaram a viver os antigos escravos provenientes das fazendas de criação de gado situadas nas proximidades das antigas colônias povoadas por imigrantes europeus As vilas coloniais não eram estranhas aos ex escravos, muitos deles haviam sido tropeiros das fazendas e conheciam a região.
            Os tropeiros muitas vezes viajavam sozinhos, sem donos ou capatazes seguindo  a antiga estrada Provincial, aberta na década de 1870 ,que ligava os Campos de Cima da Serra ao rio Caí no Porto de Guimarães; ou  a Estrada  Buarque de Macedo que ligava região dos  campos com o vale do Cai em São João de Montenegro,  passando por Alfredo Chaves, Dona Isabel e Conde d”Eu. Tais caminhos mais tarde, se tornaram a rota dos  imigrantes.Com a demarcação  e o povoamento das colônias mais caminhos foram abertos  por eles passavam mais tropeiros que  em geral, eram antigos escravos  de a muito acostumados a essa atividade . Muitos foram os tropeiros que se estabeleceram nas antigas  colônias.
 Em Caxias o principal agrupamento de negros ficava situado no Burgo. Onde vivem ainda muitos de seus descendentes. Outro foi o Buraco Quente  e a Zona do Cemitério,situados próximo do centro atual da cidade.  Em Bento Gonçalves os negros se reuniram na favela chamada Divineia , próxima da Cidade Alta
Em busca de trabalho alguns ex escravos entraram para a  Brigada Militar do Rio Grande do Sul , foi fundada em 1837, em plena guerra civil Farroupilha , e que desde o seu  inicio  os aceitou.Assim muitos deles entraram naquela corporação.Alguns foram  enviados  para a Serra.  A  força era pequena  e, portanto pequeno também  foi pequeno o número de brigadianos que se fixaram na região.
            Além de tropeiros e de soldados os antigos escravos se tornaram como trabalhadores braçais, ajudaram na abertura de estradas e, mais tarde na construção da estrada de ferro . Nas fotos do período da abertura da ferrovia grande número de negros esta presente, da mesma maneira nos serviços públicos do inicio do século XX.
             A estrada de ferro prometida em 1875, nem o fim do Império, nem o inicio da República resolveu o grave problema dos transportes das antigas colônias. O projeto só saiu do papel na primeira década do século XX .A estrada de ferro chegou a Caxias em 1910, em Bento Gonçalves em 1919. Muitos trabalhadores negros chegaram à serra com a estrada de ferro assentando dormentes e explodindo rochas  e alguns nela passaram a residir.Sem esquecer que era expressivo o número de negros que trabalhavam como empregados da ferrovia,tanto na condição de guarda-chaves, como de condutores.
 Nem todos os antigos escravos entraram para o mundo do trabalho, alguns  buscaram o da contravenção Cardoso(2007, p.60) ao analisar a escravidão no vale do Cai ,no lugar chamado de Rincão do Cascalho relata a ocorrência de  um crime ,no qual    um escravo  matou  com um tiro um mascate italiano confundindo-o com o negociante  que pretendia assassinar,no caso  dono da casa de negocio.Tal ação revela que algumas vezes os escravos andavam armados e armavam vinganças contra brancos que na eram relacionados diretamente a sua condição de escravos.,tal condição deveria ser do conhecimento de seus proprietários

.Weimer apresenta dados que revelam que as regiões de imigração alemã e italiana foram as principais consumidoras do gado roubado de São Francisco de Paula, atividade realizada por antigos escravos juntamente  com homens  livres. Revela ainda que  alemães participavam de forma  ativa de  negócios escusos, tendo como  centro em  3 Forquilhas. Muitos eram roubos políticos, porém a maioria era de  roubos comuns. Entre os roubos políticos estão os realizados por José Pacheco Horn,   Manoel Marques Negrinho e outros na fazenda de Dona Bernardina Batista de Almeida Soares, esposa de Felisberto B. de Almeida Soares da qual, foram roubadas 130 cabeças de gado . (WEIMER,2008,p.168 ) O que revela  a existência de capangas das forças castilhistas nas fazendas,  não como assalariados mas  sem salário fixo e presumível que locupletam-se das vacas gordas de seu patrão. Havia quadrilhas especializadas em abigeatos que percorriam as colônias  vendendo gado roubado ,das quais ex escravos  faziam parte delas faziam parte  também lusos e alemães
  São freqüentes os nomes alemães entre os participantes das quadrilhas. Além dos Gross, também foram indiciados indivíduos que atendiam, por exemplo, por Burg,Hoffman,Shwartz e Horn. Alguns tinham situação razoável para a sociedade de então.(Idem. 170)

No começo do século XX não eram incomuns incidentes envolvendo negros e brancos , podem ser encontrados jornais . Guerino Zugno entrevistado em 1955 por Azevedo informou que: “os colonos não gostam dos negros por causa dos crimes de homicídio,raptos de moças e emboscadas “(AZEVEDO,1994,p.162).
Mas não é só no depoimento de Zugno que a contravenção se faz presente. O jornal A Encrenca   relata um crime ocorrido em Caxias 15 de outubro de 1914

Na manhã de quarta feira última ,quando o senhor Angelo Muratori, na qualidade de sub-intendente interino do 1º distrito,pretendia na rua Sinimbu,neste cidade  efetuar a prisão de um desconhecido indivíduo de cor mixta,sobre quem pesava a suspeita de ter praticado furtos,foi pelo mesmo mortalmente ferido com um tiro de pistola ,vindo a falecer.(Encrenca,1914,p2)

Outra notícia citada por Azevedo no dia 22 de julho de 1915,relata  um crime  ocorrido em Nova Vicenza . Segundo a nota um colono e um negro haviam bebido juntos   num bar  com um negro,o colono  deu uma carona para ele em sua carreta; ao descer para examinar uma  roda que estava com um problema foi morto e roubado. Logo o negro foi preso.(AZEVEDO, 1994, p.327)


Diante do ocorrido não é possível descartar a hipótese que a contravenção algumas vezes pode ter sido causada pelo preconceito. Nos dois casos de crime relatos nos jornais parece haver   indícios de motivos raciais.O que leva a concluir que nem sempre era  fácil para os negros achar trabalho no mundo dos brancos.




sábado, 19 de outubro de 2013

COLONOS E NEGROS



Os imigrantes como estrangeiros da mesma forma que   os escravos não poderiam   esquecer ” da neutralidade que devem guardar no país que os acolheu.” .Sendo  vedado seu direito de ir e vir só podendo  circular pelo país com documentos  que provassem  a sua condição de trabalhadores Para os imigrantes era  proibida tanto a participação política como a vagabundagem [1] Foi por esta  experiência  de ausência de liberdade e de controle severo que passaram  tanto os negros como  imigrantes  forçados  como os imigrantes europeus. “voluntários” .Para o imigrante  europeu e para o escravo o Brasil era o seu  mundo, era o mundo  do outro . Ambos estavam proibidos de participar na política .Através da  Decisão  de 11 de junho de 1836 governo imperial   informa ao presidente da Província do Rio Grande do Sul que os estrangeiros estavam protegendo rebeldes e por esse motivo oregente manda recomendar a V. Exa. toda a atenção e vigilância  sobre sua conduta ,usando de todos os meios ao alcance de  V. Exa. para mantê-los no seu dever”
    As colônias oficiais destinadas  do RS estavam situadas nos limites dos campos de criação de gado. Nelas era proibida a existência de escravos. Ainda  que  separados  pelo espaço  negros  e colonos conseguiram  estabelecer relações entre si.. Muitos negros e mestiços auxiliavam a Comissão de Terras  no transporte dos imigrantes e outros traziam produtos das fazendas para vender nas colônias . Nos arquivos históricos da região  existem fotografias tanto de tropeiros como de carreteiros negros. Outra constante é a fotos de família onde aparecem  mocinhas negras vestidas de forma igual às filhas da casa

Nas histórias de família  fica evidente a relação que se estabelecia entre imigrantes e negros . Nos textosa palavra negro é usada como trabalho duro,  "trabalho de negro” ou “ de escravo."  Em geral empregada para explicar o tipo de trabalho executado pelo colono imigrante, pois ambos  tem uma " condição de trabalho escravo ou mal remunerado."  Outras vezes é empregada para designar trabalho mal pago "tinha mesmo para contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa derrubada." Assim .para o colono o escravo era um exemplo de sofrimento  e de  trabalho sem recompensa. E ainda como colaboradores no trabalho "os nativos, negro e caboclo,  muito ajudaram, no modo  como se derrubava uma árvore e a desdobrá-la sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda  e qual delas lascava melhor." Reconhecendo ainda seu conhecimento  da agricultura e da flora brasileiras.
Apesar da semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo , percebiam a  diferença  não apenas  a cor ,mas de   língua ,costumes e de  religião...Ou seja, o outro. Ser outro é ser diferente é ter outra identidade .Algumas vezes o   pertencimento é confundido com racismo, ainda hoje. Na verdade os colonos como os negros eram discriminados e estigmatizados Os colonos se sentiam  mais próximos dos escravos do que dos fazendeiros ,que não trabalhavam .Em compensação como escravos  não tinham terras  e eram  ainda mais pobres do que  eles.. Essa unificação dos brasileiros e não de cor, sendo mais importante  do que parece,pois estão baseados na classe social e não na cor. Como pequenos proprietários donos de sua produção fruto de seu trabalho ,desprezava os que não tinham um ou outro de seus valores. Assim fechados em seu grupo através do casamento endogâmico ,mantiveram crenças, valores e costumes por duas ou mais  gerações.. . Dall’Alba  aponta que “Todos os brasileiros eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.”[2]. Poder-se-ia completar a afirmação  :”Casar com colono? Nem pensar. “  Por outro lado, sentiam-se orgulhosos em comparação aos italianos que não imigraram , pois aqui possuíam mais que terra que os seus antigos senhores de lá. Assim a distinção deve ser pensada entre imigrantes e “brasiliani “ e italianos ,pois,  sem exceçãobrasileiros  brancos e negros  estavam excluídos dde relações matrimoniais
 As relações entre colonos e escravos se estreitaram  com o passar do tempo e  pela vizinhança nos campos onde lidavam de um lado  da cerca em seu  lote colonial lidava  na terra como trabalhador livre e do outro lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico é o caso de Ana Rech que acolheu em sua casa uma criança  filha de uma escrava  que foi deixada   durante a noite  na porta de sua casa pobre, chamando-a de Maria Joana. O caso não deve ser o único, mas foi o único registrado nos requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a menina .[3]As fotos de menibnas negras criadas em famílias brancas não são raras.
Ao que tudo indica não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar seus filhos. Muitas crianças negras  aparecem nas  fotos do fim do século XIX e inicio do XX  aos lado das crianças imigrantes no mesmo trabalho e nas mesmas  escolas,  sendo as educadas lado a lado. Da mesma forma que  muitos adultos negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu ambiente de trabalho tanto na empresa metalúrgica de  Abramo Eberle como na industria vinícola de Luiz Antunes.
 Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se abrem na zona  conhecida como da” colônia italiana “para os ex- escravos..Especialmente o das serrarias ,derrubada de mato e da estrada de ferro.


DIFÍCIES RELAÇÕES

Localidade situada  ao norte da Segunda Légua,  da antiga colônia Caxias, era   parte da sesmaria chamada de colônia Sertorina, de Luiz Antônio Feijó Júnior,  rico fazendeiro de Bom Jesus . .Percebeu que as terras de Caxias para a venda  estavam terminando. Assim com o auxilio de sócios organizou uma colônia dividindo-a em lotes e colocando-os a venda. Foram organizadas  serrarias para o corte dos pinheiros que cobria a região . A partir de 1908, surge  uma povoação em torno da casa comercial. próxima do  entroncamento da Estrada Geral   e da estrada que levava à 2ª Légua .Era na 2ª Légua que  vivia a maior parte de colonos provenientes do império Austro Húngaro  ,que compraram terras para seus filhos nas terras de Feijó . No ano de  1875 entraramm na Colônia Caxias 46 famílias tirolesas  com 156 dependentes., ou seja 43 % do total dos colonos entrados na 2ª Légua,que eram provenientes de Trento.  .
        A linha Feijó ,mais tarde,  chamada de Forqueta atraiu proprietários de   serrarias e agricultores .Na região havia pinheirais. Sendo atravessada pela estrada geral e pela  ferrovia em construção que precisava de madeira para os dormentes.  As  serrarias desflorestaram a região e  as terras sem cobertura vegetal eram vendidas aos colonos. 
      Com a chegada da estrada de ferro parece ter havido uma serie de conflitos entre : "brasileiros" e  “italianos”. Colonos e  “brasiliani” tinham costumes diversos. Os colonos   que haviam comprado as terras para seus filhos  plantavam milho, videiras  ,batatas ,trigo ,verduras sua subsistência e para a comercialização. Os trabalhadores "brasileiros "empregados da s serrarias pela  Companhia Belga encarregada da construção da  estrada de ferro;, que nas horas de folga descansavam e jogavam .
Segundo lembranças de Dalvo Silvestre,  os trabalhadores da serraria  Travi (lote 24 e 25 do Travessão Alencastro) reuniam-se numa “bodega” situada  além do acesso atual para Salete e Santos Anjos, ali jogavam "bocha" e as  cartas. Já os colonos preferiam jogar a  bocha  na cancha de  Joaquim   Slomp situada na frente da estação férrea.  Conta próxima  à    casa Entre  “colonos” e  "brasileiros"  estabeleceu-se  uma distância espacial  até  para o entretenimento. A separação  foi conseqüência das brigas entre os dois grupos. 
 .As diferenças não eram por causadas pela côr. Segundo  Faustino Perottoni lembrava que a colônia de sua pai, foram  invadidas pelos cortadores de mato,empregados da serraria , e  suas plantações roubadas pelos novos moradores da estação.” Primeiro cortaram  os pinheiros sem pedir licença ,depois roubaram parte da colheita” .Desgostoso Artur Perottoni vendeu sua colônia em lotes e foi morar longe da estrada de ferro. Os colonos muitas vezes davam tiros de espingarda para espantar os invasores de suas terras e plantações. A defesa ainda que violenta, era uma forma de assegurar a integridade da propriedade.
Na casa de Joaquim Slomp havia muitos empregados carreteiros e cargueiros que trabalhavam no transporte das mercadorias da casa comercial ,independente da cor comiam na mesa junto com a família, costume comum a outras casas de colono. Onde proprietário e empregados dividiam a mesa,como ocorria nas casa dos mestres medievais onde  e donos e aprendizes conviviam lado a lado, como nas antigas casas dos mestres das antigas  corporações  medievais
          . Os colonos eram pequenos proprietários, já os trabalhadores eram proletários,visto que trabalhavam para outros. No Brasil  o trabalho agrícola ,por quatrocentos anos ,foi realizado pelos escravos. Plantar e cultivar era visto com desprezo pelas elites brasileiras. Plantar era tarefa de negros e de escravos. Os trabalhadores desprezavam os colonos .Os colonos  se julgavam  superiores aos trabalhadores  por   plantar e colher em suas próprias terras. Viam com desconfiança os brasileiros que não tinham propriedade e gastavam tudo o que ganhavam .Os dois grupos tinham uma  ideologia   diferente. Os "brasileiros" gastavam , ou melhor” bebiam tudo o que ganhavam “e os colonos não comiam um ovo para não jogar a casca fora. O entendimento não poderia ser muito fácil,como realmente não o foi. As brigas dividiam o povoado .
Outro problema foi ocasionado pelas cercas de arame farpado,que impediam  a passagem das cargas pelas antigas estradas vicinais,trazendo problemas de transporte .Desastres e até algumas mortes foram ocasionadas pela estrada de ferro , como a Guilherme Tamanini sempre lembrada pelos antigos moradores. Por vezes dividia em duas uma propriedade ,  trazendo ainda  possíveis posseiros. Com  as  casas de madeira rústica dos colonos ,Forqueta parecia uma vila    do Faroeste americano, que a  estrada de ferro fez surgir coisas “ainda piores” ,como  uma pensão mal vista pela comunidade . Os trabalhadores  viviam em ranchos construídos próximos das serrarias e   os da estrada de ferro,  acampavam  próximo dos trilhos . Comparadas aos ranchos dos trabalhadores , as  pobres casas dos colonos pareciam ricas
Durante muito tempo na pequena localidade brasileiros e colonos, viveram separados. Os “negri” moravam nas proximidades da estrada que leva à  capela de Santos Anjos um salão funcionava nas proximidades onde se reuniam  para beber, jogar  cartas  e algumas vezes dançar. Outro e salão estava situado próximo da futura estação onde se reuniam os colonos com o mesmo objetivo. Poucos anos depois, em   1933, foi  fundada a União Forquetense que reuniu os dois grupos que passaram a ter um espaço comum de entretenimento. As duas mãos unidas  apresentadas no símbolo do clube  lembra a pacificação, entre os dois grupos.
O que havia  separado os dois grupos não era a cor   mas a propriedade. Enquanto os colonos eram donos da terra,os trabalhadores só tinham seu salário. Mais que uma diferença de cor o que os separava era uma diferença ideológica  proveniente da  sua  classe social. Que existe até hoje , no clube jogam os proprietários e num salão perto da encruzilhada que deu nome ao lugar continuam jogando os trabalhadores, não da estrada de ferro mas das empresas locais. O mundo do trabalho capitalista separa os homens muito mais que o mundo do antigo regime.   Ainda assim uma nova época então tem inicio , ocorrendo  o que parecia impensável  no final do século XIX, as uniões interétnicas  “apesar da contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos e com negros.” .[4]



COLONOS E NEGROS

As colônias oficiais destinadas preferentemente aos europeus que deveriam ser agricultores  estavam situadas nos limites dos campos de criação de gado. Nelas era proibida a existência de escravos. Ainda  que  separados  pelo espaço  negros  e colonos conseguiram  estabelecer relações com eles. Muitos auxiliavam a comissão de terras  no transporte dos imigrantes e outros traziam produtos das fazendas para vender nas colônias . Nos arquivos históricos da região  existem fotografias tanto de tropeiros como de carreteiros negros.
Nas histórias de família   regionais fica evidenciada a relação que se estabelecia entre imigrantes e negros . Nos textos  o negro  tem significado  de trabalho duro,  "trabalho de negro, de escravo."  Ou seja o trabalho similar ao trabalho do imigrante, pois ambos  vivem numa " condição de trabalho escravo ou mal remunerado."  E ainda como   trabalhador mal pago "tinha mesmo para contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa derrubada." Assim .para o colono o escravo era um mestre no sofrimento  e do  trabalho na nova terra..
Várias são as alusões de como os negros  conheciam o mundo tropical assim  "os nativos, negro e caboclo,  muito ajudaram, no modo  como se derrubava uma árvore e a desdobrá-la sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda  e qual delas lascava melhor."
.A natureza do Brasil com seus   animais e índios selvagens parecia para os colonos a negação do mundo civilizado europeu. Os negros e indígenas faziam parte deste mundo não civilizado desconhecido  para os europeus..

Havia quantidade grande de erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois, (...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro. [5]


Apesar da semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo entre os dois grupos havia a diferenças  não apenas  a cor , a língua ,costumes e religião. Os colonos europeus  sentiam a diferença cultural dentre a  deles a do Brasil e dos brasileiros .Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos ,os escravos  e indígenas aqueles que conheciam a  língua e a natureza tropical eram os outros ,todos dos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois como nascidos no Brasil eram   todos brasileiros  .

 Era uma época que todas as autoridades eram “brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria, não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.[6].


Como reação à exclusão da sociedade brasileira a que eram submetidos os imigrantes se fecharam dentro de seu grupo, praticando o casamento endogâmico nas duas primeiras gerações. Como o outro  os “brasilani “ foram unificados pela cor, sendo chamados sem distinção de” negri “,pois eram mais morenos que os colonos .

 As relações entre colonos e escravos se estreitaram  com o passar do tempo e  pela vizinhança nos campos onde lidavam de um lado  da cerca em seu  lote colonial lidava  na terra como trabalhador livre e do outro lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico é o caso de
Ana Rech que acolheu em sua casa uma criança  filha de uma escrava  que foi deixada   durante a noite  na porta de sua casa pobre, chamando-a de Maria Joana. Tal caso não deve ser o único, mas foi o único registrado no requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a menina .[7]
Ao que tudo indica não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar seus filhos. Muitas crianças negras  aparecem nas  fotos do fim do século XIX e inicio do XX  aos lado das crianças imigrantes no mesmo trabalho e nas mesmas escolas escolas,  sendo as educadas lado a lado. Da mesma forma muitos adultos negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu ambiente de trabalho tanto na empresa metalúrgica de  Abramo Eberle como na industria vinícola de Luiz Antunes
 Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se abrem na zona  conhecida como da” colônia italiana “para os ex- escravos..
Deve-se  destacar que o primeiro  intendente eleito de Caxias José Cândido de Campos Júnior  nomeado pelo presidente do estado do Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos ,em 15 de setembro de 1895 , era maçom e  mulato.. . Em  7 de dezembro de 1895 ,em oficio dirigido  pelo intendente  Campos Júnior ao Conselho sugere o aumento da guarda municipal “como deveis saber este município está infestado por pequenos grupos de bandidos que se preparam para alarmar a população local” , sendo este o motivo alegado para solicitar mais verbas para aumento do efetivo da policia . Em 24 de novembro de 1896 foi  eleito por voto direto dos caxiense ,sendo reeleito em 23 de setembro de 1900.[8]
Durante sua gestão ocorreram enfrentamentos com o padre italiano Pietro Nosadini, pároco  de Caxias. fundador do jornal semanal  Il Colono Italiano’, “Bollettino cattolico mensile” (Boletim católico mensal) que se contrapunha ao O Caxiense primeiro jornal fundado  da região ,fundado em 1897 sendo ligado ao governo estadual e ligado ao Partido  Republicano . Campos Júnior conhecido como Cazuza  Campos nasceu em  Santo Antônio da Patrulha tendo   sua residência em Vacaria para onde se transferiu após deixar o cargo em  1º de julho de 1902 sem concluir seu mandato. Durante seu governo houve lutas políticas regionais entre federalistas e republicanos decorrentes da Revolução Federalista ao que tudo indica estas disputas ocasionaram seu afastamento.



PRIMEIROS CONTATOS

Em alguns lugares como na Fazenda da Pratinha ( antiga colônia Alfredo Chaves) viviam antes da colonização  proprietários de sesmarias e de escravos, entre eles Silvério Antônio de Araújo e Placidina  sua mulher que possuíam  vários escravos que com a bolição tornaram-se agregados como os: Martins, Guedes, Morreira e Telles todos  afro brasileiros . O número de afro descendentes  aumentou  com a abertura das serrarias diz Farina que se tornaram arrastadores, cortadores de pinheiros ,serrarias limpadores de estábulos  carregadores eram antigos escravos que acorreram para a região situada  nas proximidades dos campos.[9]
Escravos existiam também nas sesmarias que se limitavam com a região colonial  como na  Criúva, Vila Oliva e Vila Seca,  pertencentes ao município de São Francisco de Paula, que faziam limite com a antiga colônia Caxias.

Na Sesmaria do Raposo de  José Carvalho Bernardes, que recebeu essa concessão do Brigadeiro Francisco João Roscio em 1803, havia muitos escravos Um dos herdeiros dessa sesmaria, Felisberto Soares de Oliveira, ou Beto Grande tinha muitos escravos. Na sua propriedade  situada na região conhecida como Morro Grande  tinha além de escravos,  índios Kaigángs trabalhando para ele. Muitos dos tropeiros que percorreram a região colonial  eram provenientes desta sesmaria.
 Os escravos eram  encarregados entre outras atividades  do transporte de mercadorias ,como relembra Angelina Perini :
 Depois que o papai casou eles colocaram uma casa de comércio onde eles vendiam de tudo, tecidos, ferragens, secos e molhados. Eles trabalhavam muito com os tropeiros que vinham de Vacaria e Bom Jesus. Os tropeiros traziam queijo, cera, couro e levavam de volta açúcar, tecidos e outras coisas que vinham de Porto Alegre. Os  colonos que moravam aí também compravam muito queijo e tecidos. Os tropeiros vinham de mulas e cargueiros, os que traziam gado vinham tocando a tropa a  cavalo e deixavam o gado todo num potreiro que tinha na casa de comércio, que também servia de pouso. [10]


            A Região Colonial Italiana enorme  quadrangulo com 400 metros de lado limitava-se em tods extensão  com a região dos campos, sendo  uma área de  fronteira, situada entre a civilização e a natureza selvagem. Basicamente, a região de colonização italiana realizava    seu comércio através de  duas estradas: a  Buarque de Macedo ,que unia a região de Garibaldi, Bento Gonçalves e Veranopólis ao porto de Montenegro, e a Visconde de Rio Branco ,que unia a região de Caxias do Sul ao porto do Cai.[11]
Foi o  caminho traçado pêlos tropeiros e pelo gado foi usado para o traçado aproximado da estrada provincial ,aberta no século XIX ,que ligava os campos a depressão central. E que atravessava o atual município de Caxias do Sul. Não é de estranhar que seus campos tenham servido de pouso , de potreiros e de ocupação muitos anos antes da chegada dos colonos europeus. Aantiga estrada Provincial,  aberta na década de 1870 ,que ligava os Campos de Cima da Serra ao  rio Caí.. Era por  esse o caminho que passavam os tropeiros este ,  mais tarde,  se tornou  o caminho dos imigrantes. atravessava a sede Santa Teresa    de Leste a Oeste,  no trecho urbano tomou o nome de Silveira Martins, e mais tarde Júlio de Castilhos, cortando a 3ª Légua.. Mais tarde a estrada provincial tomou o nome Conselheiro Dantas ,no trecho entre Caxias e Vacaria e de Rio Branco entre Caxias e Caí.. Uma outra  estrada  ligava a colônia Caxias à    Dona Isabel , partia do cruzamento das ruas Marechal Floriano com a Pinheiro Machado, seguia a atual Feijó Júnior até o Moinho Germani ,atravessando então  a  Linha Palmeiro. Tinha ,numa extensão de 50 quilômetros.
O transporte pelas  estradas era realizado tropeiro que era encarregado do transporte tanto de  mercadorias como  de seres vivos.
O transporte  dos imigrantes da capital a São Sebastião do Caí era feito por vapores e daí, até a sede da colônia, por meio através de  tropeiros. Para o transporte dos colonos,    que era feito por tropeiros, foram  abertas  novas picadas na direção da Terceira Légua e  abertos  novos caminhos que ligavam a sede aos lotes, como a estrada Rio Branco. Em 1884, estava em boas condições  a estrada Conselheiro Dantas, que unia a Colônia Caxias à Dona Isabel e a estrada Rio Branco, que ligava a colônia tanto aos campos de Cima da Serra quanto ao vale do rio Caí.
Muitas vezes, a casa de pasto era anexa à casa de negócio. Nela  não havia  apenas produtos, mas era local de repouso tanto para tropas quanto para tropeiros: “Os que traziam gado vinham tocando a tropa a  cavalo e deixavam o gado todo num potreiro que tinha na casa de comércio, que também servia de pouso.”[12]
A mula (ou burro) conseguem andar por caminhos íngremes nas montanhas, sendo utilizados  como animais de carga.  As mulas são mais fortes que o cavalo e o jumento,  podendo  carregar até cem quilos de carga. Mas, ainda assim, devem descansar após um dia de tropeada. Para o descanso das mulas, era usado o potreiro e, para o descanso dos tropeiros, a casa de pasto. Sobre  a  casa de pasto conta João Corso:
Os carreteiros vinham de São Sebastião do Caí e iam para Vacaria, Lagoa Vermelha e Bom Jesus. Já os Tropeiros eram anunciados de longe pelo barulho do cincerro. A noite se reuniam na casa de pasto para contar histórias, comer pinhão e tocar gaita. A casa de negócio tinha quartos para os que quisessem a 10 réis por noite  e o potreiro custava  20 réis. [13]
O tropeiro carregava crianças  nas  bruacas de suas mulas,  mulheres cansadas, arcas com os  bens dos imigrantes. Os  tropeiros da região realizavam vários tipos de transporte: de mercadorias, de animais e de pessoas. Na região, havia muitos tipos de tropeiros: que eram donos de suas tropas e que serviam a casas de comércio; os que eram contratados pelos fazendeiros para transportar tropas de bovinos, suínos e aves do lugar de criação para o da venda e os contratados pelas  casas comerciais para o transporte de gêneros coloniais  até a capital, e dos produtos industrializados da capital para a região colonial
Para facilitar o transporte a cada vinte quilômetros  de estradas havia uma pouso, uma casa de pasto ou uma casa de comércio. A passagem das mercadorias garantia o progresso. Para servir as tropas e tropeiros, de cargas e cargueiros foi criada uma rede de serviços para atender suas necessidade. Muitas vezes a  mudança do traçado dos caminhos decretava o fim de uma pequena povoação, surgida em  função de uma rota comercial.

Se a  maioria das casas   comerciais da região pertencia aos imigrantes italianos, no caso dos tropeiros e  carreteiros a  maioria era de brasileiros, pois eles conheciam a  língua portuguesa e  os caminhos das tropas, bem como  os locais  de compra e de venda. Com o passar dos anos os colonos aprenderam o ofício e  passaram a  realizar tais atividades.

Os tropeiros não eram  responsáveis apenas  pela distribuição das mercadorias e de colonos Eram eles que levavam e traziam as  notícias  e a correspondência vindas de outros lugares .Eram eles que levavam  a língua nacional para os estrangeiros que ocupavam a região colonial .Lembra Rovílio Costa 
Então o brasileiro é aquele que falava o brasileiro, que era o português, Mas a gente dizia que falava em brasileiro. E quem falava em brasileiro era negro, porque lá em casa era pouso de negros, que eram os tropeiros que iam para Guaporé e seguiam pelo caminho de Fagundes Varela. Depois eles iam... às vezes eles iam para a serra, às vezes voltavam para pegar o caminho de Lagoa Vermelha e Vacaria, e como meu pai tinha uma casa de comércio,  uma casa grande, e na frente  tinha uma cantina, e, no fundo,  umas grandes estrebarias. Então eles paravam ali, pastavam os animais, acho que eram mulas. E tinha potreiro, um enorme potreiro, que ainda hoje existe. Tem quase uma colônia de potreiro. Então eles largavam os animais ali, e como eram animais mansos,  davam pasto, e depois quando chamavam já recolhiam. Ficavam às vezes até dois dias. então nós plantávamos aquela cana e, eles entendiam e falavam em português, a gente entendia. Ele não falava o português, só entendia. Pouquíssimas palavras, ele sabia [14]




Mas com  os tropeiros os imigrantes não aprendiam apenas a língua aprendiam também uma nova cultura não ensinavam apenas Segundo o mesmo testemunho:” então iam tomar banho de rio, faziam as comidas deles, preparavam comida para andar, ensinavam minha mãe a fazer charque. “[15]
Mas os tropeiros ensinavam aos colonos mais do como fazer as comidas aa que tudo indica “ negro e caboclo,  muito ajudaram, como se derrubava uma árvore e a desdobrá-lo sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore.” [16]Ensinava ainda a utilização de  árvores nativas. Um hábito que os tropeiros introduziram entre os imigrantes foi o do chimarrão. Na região

 “Havia quantidade grande de erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois, (...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro.” [17]

Com o correr do tempo a erva mate tornou-se um dos mais importantes produtos e exportação regional  na primeira metade do século XX Como relembra Júlio Sassi

Nós trabalhávamos, trabalhamos muito  anos com erva-mate, exportação de erva-mate, durante 40 anos, exportamos erva prá Argentina, aqui da zona de Caxias, São Francisco, Veranópolis antes Alfredo Chaves.
Era em folha, era em folhas, porque a erva-mate o processo dela era colher, secar em folhas, depois vinha prá nós preparávamos e mandávamos prá Porto Alegre, lá nós tínhamos um depósito, embarcávamos a erva nos vapores da  Argentina e dali ia prá Montevidéu e Buenos Aires.[18]



NOVAS FRENTES

A discussão  sobre a construção de estradas de ferro no Rio Grande do Sul  tem inicio em  1866.Mas só em abril de  1874, foi inaugurado o primeiro trecho que ligava Porto Alegre e São Leopoldo feito pela  Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company  .Em 1880 teve início a construção da Estrada de Ferro do Paraná em Paranaguá Em  1884 foi inaugurado trecho da estrada de ferro Porto Alegre a Cachoeira   que ligaria acapital a Uruguaiana até Cachoeira, no ano seguinte mais um trecho  da estrada de ferro Rio Grande – Bagé. .Em 1887: foi o concluida a Quaraí - Itaqui, administrada pela The Brazil Great Southern Railway Company Ltd Em 9 de novembro de 1889, foi iniciada construção da estrada de ferro que ligaria São Paulo ao Rio Grande.
Em  1898 foi assinado o contrato de arrendamento das ferrovias federais no Rio Grande do Sul com a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil   Em 1907: foi concluída a ferrovia ligando  Porto Alegre – e Uruguaiana a Uruguaiana  Transferência da concessão da Estrada de Ferro do Paraná para a Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, em 5 de abril, e conclusão da ligação entre Santa Maria e Marcelino Ramos em 25 de outubro;.1920: Encampação da Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil em 29 de junho, dando início à VFRGS - Viação Férrea Rio Grande do Sul
A linha Porto Alegre-Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, como a primeira ferrovia do Estado. Em 1876 foi prolongada até a estação de Novo Hamburgo. Em 1905, a Cie. Auxiliaire assumiu a linha. Apenas em 1909 a linha teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e chegando até Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias (Caxias do Sul). [19]


Foi  com a estrada de ferro que chegaram mais  negros a antiga região colonial italiana.. Os trabalhos de assentamento de trilhos para a abertura da estrada de ferro ligando Porto Alegre a Caxias movimentou o estado propiciando a chegada de  trabalhadores de outras regiões, entre eles antigos escravos. Os negros conseguiam trabalho nesta construção .Por outro a obra  exigia a derrubada de pinheiros  para a fabricação dos dormentes para a estrada de ferro. Os pinheirais eram numerosos na região situada entre Nova Vicenza e Caxias.  Na chamada estação Forqueta (hoje bairro de Caxias do Sul)  as serrarias eram a principal atividade econômica nelas trabalhavam   brancos e negros . Durante muito tempo na pequena localidade negros e colonos, viveram separados.
 Os negros moravam nas proximidades da estrada que leva à  capela de Santos Anjos um salão funcionava nas proximidades onde se reuniam os negros para beber, jogar  cartas  e algumas vezes dançar. Outro e salão estava situado próximo da futura estação onde se reuniam os colonos com o mesmo objetivo. Poucos anos depois, em   1933, foi  fundada a União Forquetense que reuniu os dois grupos que passaram a ter um espaço comum de entretenimento.
          As relações entre brancos e negros não se resumiam  ao trabalho.  Os negros foram  importantes para os colonos por seus  conhecimentos de  plantas e de  chás ,  “houve curandeiros e curandeiras que eram procurados para tratamento com “garrafadas” de chás, por eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo, conhecedores de ervas, rezas e orações fortes.”[20] Mas entre os europeus existiam também  bruxas e bruxos que benziam, rezavam e curavam  como os “ giusta ossi “importantes para os desvalidos que quebravam ossos e estavam  e excluídos dos cuidados médicos .Com o passar do tempo as duas formas de   curar e mesmo as  culturas se fundem. Muitos dos terreiros de umbanda atuais em sua maioria são dirigidos por brancos de origem italiana e imigrantes . Hoje a cidade possui mais de 600 terreiros “de batuque”  a frente dos quais estão brancos de origem italiana.
Com a vinda do tiro de guerra para Caxias no inicio do século XX ,muitos soldados negros chegaram na pequena cidade
.Em 1922 foi construído o quartel  para abrigar na cidade de Caxias do 9º Batalhão de caçadores , que é instalado apenas em 1927. com o objetivo de formar contingente militar na região das “colônias italianas”
.Com a chegada do grupamento militar novos hábitos se instalam nas cidades coloniais,  são criados  os primeiros centros espíritas e kardecistas, os terreiros de umbanda e a criação do Clube  das Margaridas em 1933 e do Clube Gaúcho em Caxias em 1934, visando reunir a sociedade negra que se sentia    rejeitada pelos  clubes sociais da elite local.Não se pode deixar de observar que com a chegada do exército renascem  as bandas de música que infestavam a região ,mas a partir de então com outra conotação , agora como bandas militares.
Uma nova época  começa então, ocorrendo  o que parecia impensável  no final do século XIX, as uniões interétnicas  desta forma “apesar da contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos e com negros.” .[21]
A imagem do negro   preservada em  fotografias de época não tem correspondência com as memórias e  histórias  escritas onde eles não parecem existir. 

MARCANDO PRESENÇA

Muitos negros marcaram presença na região entre eles o Maestro Gama, Cesar Passarinho, Negro Pedro entre outros .
Os negros foram importantes para o desenvolvimento regional, mas alguns marcaram presença ,não tendo nascido em Caxias do Sul fizeram da região sua terra de adoção,  entre eles merecem destaque:  Campos Júnior , Cesar Passarinho , Maestro Gama  e o Negro Pedro
Cesar  Osmar Rodrigues Escoto nasceu em Uruguaiana nasceu em 21 de março de 1949 ,na cidade de Uruguaiana seu nome artístico Cesar Passarinho foi utilizado nas várias participações nas Califórnias da canção onde venceu por quatro vezes nos anos de 1976,1977,1983   e 19932  Em 1980 ao se casar com  1980 até 1998 residiu em Caxzias ,estando enterrado no cemitério de São Luiz na Sexta légua .[22]

COLONOS E NEGROS

As colônias oficiais destinadas preferentemente aos europeus que deveriam ser agricultores  estavam situadas nos limites dos campos de criação de gado. Nelas era proibida a existência de escravos. Ainda  que  separados  pelo espaço  negros  e colonos conseguiram  estabelecer relações com eles. Muitos auxiliavam a comissão de terras  no transporte dos imigrantes e outros traziam produtos das fazendas para vender nas colônias . Nos arquivos históricos da região  existem fotografias tanto de tropeiros como de carreteiros negros.
Nas histórias de família   regionais fica evidenciada a relação que se estabelecia entre imigrantes e negros . Nos textos  o negro  tem significado  de trabalho duro,  "trabalho de negro, de escravo."  Ou seja o trabalho similar ao trabalho do imigrante, pois ambos  vivem numa " condição de trabalho escravo ou mal remunerado."  E ainda como   trabalhador mal pago "tinha mesmo para contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa derrubada." Assim .para o colono o escravo era um mestre no sofrimento  e do  trabalho na nova terra..
Várias são as alusões de como os negros  conheciam o mundo tropical assim  "os nativos, negro e caboclo,  muito ajudaram, no modo  como se derrubava uma árvore e a desdobrá-la sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda  e qual delas lascava melhor."
.A natureza do Brasil com seus   animais e índios selvagens parecia para os colonos a negação do mundo civilizado europeu. Os negros e indígenas faziam parte deste mundo não civilizado desconhecido  para os europeus..

Havia quantidade grande de erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois, (...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro. [23]


Apesar da semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo entre os dois grupos havia a diferenças  não apenas  a cor , a língua ,costumes e religião. Os colonos europeus  sentiam a diferença cultural dentre a  deles a do Brasil e dos brasileiros .Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos ,os escravos  e indígenas aqueles que conheciam a  língua e a natureza tropical eram os outros ,todos dos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois como nascidos no Brasil eram   todos brasileiros  .

 Era uma época que todas as autoridades eram “brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria, não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.[24].


Como reação à exclusão da sociedade brasileira a que eram submetidos os imigrantes se fecharam dentro de seu grupo, praticando o casamento endogâmico nas duas primeiras gerações. Como o outro  os “brasilani “ foram unificados pela cor, sendo chamados sem distinção de” negri “,pois eram mais morenos que os colonos .





 As relações entre colonos e escravos se estreitaram  com o passar do tempo e  pela vizinhança nos campos onde lidavam de um lado  da cerca em seu  lote colonial lidava  na terra como trabalhador livre e do outro lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico é o caso de Ana Rech que acolheu em sua casa uma criança  filha de uma escrava  que foi deixada   durante a noite  na porta de sua casa pobre, chamando-a de Maria Joana. Tal caso não deve ser o único, mas foi o único registrado no requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a menina .[25]
Ao que tudo indica não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar seus filhos. Muitas crianças negras  aparecem nas  fotos do fim do século XIX e inicio do XX  aos lado das crianças imigrantes no mesmo trabalho e nas mesmas escolas escolas,  sendo as educadas lado a lado. Da mesma forma muitos adultos negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu ambiente de trabalho tanto na empresa metalúrgica de  Abramo Eberle como na industria vinícola de Luiz Antunes
 Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se abrem na zona  conhecida como da” colônia italiana “para os ex- escravos..
Deve-se  destacar que o primeiro  intendente eleito de Caxias José Cândido de Campos Júnior  nomeado pelo presidente do estado do Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos ,em 15 de setembro de 1895 , era maçom e  mulato.. . Em  7 de dezembro de 1895 ,em oficio dirigido  pelo intendente  Campos Júnior ao Conselho sugere o aumento da guarda municipal “como deveis saber este município está infestado por pequenos grupos de bandidos que se preparam para alarmar a população local” , sendo este o motivo alegado para solicitar mais verbas para aumento do efetivo da policia . Em 24 de novembro de 1896 foi  eleito por voto direto dos caxiense ,sendo reeleito em 23 de setembro de 1900.[26]
Durante sua gestão ocorreram enfrentamentos com o padre italiano Pietro Nosadini, pároco  de Caxias. fundador do jornal semanal  Il Colono Italiano’, “Bollettino cattolico mensile” (Boletim católico mensal) que se contrapunha ao O Caxiense primeiro jornal fundado  da região ,fundado em 1897 sendo ligado ao governo estadual e ligado ao Partido  Republicano . Campos Júnior conhecido como Cazuza  Campos nasceu em  Santo Antônio da Patrulha tendo   sua residência em Vacaria para onde se transferiu após deixar o cargo em  1º de julho de 1902 sem concluir seu mandato. Durante seu governo houve lutas políticas regionais entre federalistas e republicanos decorrentes da Revolução Federalista ao que tudo indica estas disputas ocasionaram seu afastamento.






[1] Decisão nº 338 , de  11 de junho de 1836 )Luiza p.96”
[2] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116

[3] Ofício de 27 de outubro de 1882,de Ana Rech para diretoria da Comissão de Terras. Arquivo Municipal João Spadari Adami.
[4] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 117


[5] Os Dall’Alba- Cem anos de Brasil Porto Alegre: Est 1984.p.36

[6] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116

[7] Ofício de 27 de outubro de 1882,de Ana Rech para diretoria da Comissão de Terras.Arquivo Municipal João Spadari Adami.
[8] ADAMI, João Spadari. História de Caxias do Sul. Caxias do Sul: São Miguel,1972 p.372 e seguintes
[9] FARINA,Geraldo. História de Nova Prata .Porto Alegre:EST,1986 p.266
[10] CDOC UCS IE1001-1992 Angelina filha de  Antonio De Lazzer e Stela Panigaz  De Lazzer  nasceu em 15 de agosto de 1915 no Travessão D. Pedro II ( De Lazzer) Casou com Amádio Perini. Em seu depoimento realizado a Sérgio Antônio Periniem 1992  fala  sobre a atividade econômica de seu pai: [10]

[11] MOLON, Floriano. O significado dos carreteiros na economia da imigração italiana no Rio Grande do Sul.IN: A presença Italiana no Brasil ,Volume II Organizador. .DE BONI, Luís Alberto.Porto Alegre.EST/ Fondazione G. Agnelli, 1990.p.509
[12] Depoimento de  Angelina De Lazzer Perini ao Cedoc da Universidade de Caxias do Sul-RS.
[13]Entrevista concedida  a Mauren Corso, citada  na obra História da família Corso .Não publicada.
[14] Entrevista de Rovílio Costa .IN Giron,L.S e Heredia, Vania. Rovilio Costa: o homem,o ..... Porto alegre:Est 2005 p.
[15] idem
[16] MAINARDI,Geraldo  Os Mainardi no RGS Porto Alegre EST 1999 p. 19
[17] DALL’ ALBA, Pe. Leonir João. p.19Os Dall’Alba no Brasil; 100 anos de Brasil. Porto Alegre:EST, 1984.p.191

[18] GIRON Casas deNegócio p.208
[19] http://www.estacoesferroviarias.com.br/rs_linhaspoa/esteio.htm

[20] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech  p 267
[21] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 117


[22] Andrade,Ines e outros. Cesar Osmar Rodrigues Escolto.Monografia do Curso de
[23] Os Dall’Alba- Cem anos de Brasil Porto Alegre: Est 1984.p.36

[24] DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116

[25] Ofício de 27 de outubro de 1882,de Ana Rech para diretoria da Comissão de Terras.Arquivo Municipal João Spadari Adami.
[26] ADAMI, João Spadari. História de Caxias do Sul. Caxias do Sul: São Miguel,1972 p.372 e seguintes