Os
imigrantes como estrangeiros da mesma forma que os escravos não poderiam esquecer ” da neutralidade que devem guardar
no país que os acolheu.” .Sendo vedado
seu direito de ir e vir só podendo
circular pelo país com documentos
que provassem a sua condição de
trabalhadores Para os imigrantes era proibida
tanto a participação política como a vagabundagem Foi por
esta experiência de ausência de liberdade e de controle severo
que passaram tanto os negros como imigrantes
forçados como os imigrantes
europeus. “voluntários” .Para o imigrante
europeu e para o escravo o Brasil era o seu mundo, era o mundo do outro . Ambos estavam proibidos de
participar na política .Através da Decisão de 11 de junho de 1836 governo imperial informa ao presidente da Província do Rio
Grande do Sul que os estrangeiros estavam protegendo rebeldes e por esse motivo
oregente manda
recomendar a V. Exa. toda a atenção e vigilância sobre sua conduta ,usando de todos os meios
ao alcance de V. Exa. para mantê-los no
seu dever”
As colônias oficiais destinadas do RS estavam situadas nos limites dos campos
de criação de gado. Nelas era proibida a existência de escravos. Ainda que
separados pelo espaço negros
e colonos conseguiram estabelecer
relações entre si.. Muitos negros e mestiços auxiliavam a Comissão de Terras no transporte dos imigrantes e outros traziam
produtos das fazendas para vender nas colônias . Nos arquivos históricos da
região existem fotografias tanto de
tropeiros como de carreteiros negros. Outra constante é a fotos de família onde aparecem mocinhas negras vestidas de forma igual às
filhas da casa
Nas histórias de
família fica evidente a relação que se
estabelecia entre imigrantes e negros . Nos textosa palavra negro é usada como
trabalho duro, "trabalho de negro”
ou “ de escravo." Em geral
empregada para explicar o tipo de trabalho executado pelo colono imigrante,
pois ambos tem uma " condição de
trabalho escravo ou mal remunerado."
Outras vezes é empregada para designar trabalho mal pago "tinha
mesmo para contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa
derrubada." Assim .para o colono o escravo era um exemplo de
sofrimento e de trabalho sem recompensa. E ainda como
colaboradores no trabalho "os nativos, negro e caboclo, muito ajudaram, no modo como se derrubava uma árvore e a desdobrá-la
sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda e qual delas lascava melhor."
Reconhecendo ainda seu conhecimento da
agricultura e da flora brasileiras.
Apesar da
semelhança do trabalho do agricultor e o do escravo , percebiam a diferença
não apenas a cor ,mas de língua ,costumes e de religião..
.Ou seja, o outro. Ser outro é ser diferente é ter
outra identidade .Algumas vezes o
pertencimento é confundido com racismo, ainda hoje. Na verdade os
colonos como os negros eram discriminados e estigmatizados Os colonos se
sentiam mais próximos dos escravos do
que dos fazendeiros ,que não trabalhavam .Em compensação como escravos não tinham terras e eram
ainda mais pobres do que eles..
Essa unificação dos brasileiros e não de cor, sendo mais importante do que parece,pois estão baseados na classe
social e não na cor. Como pequenos proprietários donos de sua produção fruto de
seu trabalho ,desprezava os que não tinham um ou outro de seus valores. Assim fechados
em seu grupo através do casamento endogâmico ,mantiveram crenças, valores e
costumes por duas ou mais gerações..
. Dall’Alba aponta que “Todos os brasileiros eram
“negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em casar com
filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é preciso
dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.”.
Poder-se-ia completar a afirmação
:”Casar com colono? Nem pensar. “
Por outro lado, sentiam-se orgulhosos em comparação aos italianos que
não imigraram , pois aqui possuíam mais que terra que os seus antigos senhores
de lá. Assim a distinção deve ser pensada entre imigrantes e “brasiliani “ e
italianos ,pois, sem exceçãobrasileiros brancos e negros estavam excluídos dde relações matrimoniais
As relações entre colonos e escravos se
estreitaram com o passar do tempo e pela vizinhança nos campos onde lidavam de um
lado da cerca em seu lote colonial lidava na terra como trabalhador livre e do outro
lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico é o caso de Ana Rech que
acolheu em sua casa uma criança filha de
uma escrava que foi deixada durante a noite na porta de sua casa pobre, chamando-a de
Maria Joana. O caso não deve ser o único, mas foi o único registrado nos
requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a
menina .As fotos de menibnas negras criadas em famílias
brancas não são raras.
Ao que tudo indica não eram raros os
casos de mães escravas que procuravam livrar seus filhos. Muitas crianças
negras aparecem nas fotos do fim do século XIX e inicio do
XX aos lado das crianças imigrantes no
mesmo trabalho e nas mesmas
escolas, sendo as educadas lado a
lado. Da mesma forma que muitos adultos
negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu ambiente de trabalho
tanto na empresa metalúrgica de Abramo
Eberle como na industria vinícola de Luiz
Antunes.
Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na
província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se
abrem na zona conhecida como da” colônia
italiana “para os ex- escravos..Especialmente o das serrarias ,derrubada de
mato e da estrada de ferro.
DIFÍCIES
RELAÇÕES
Localidade situada ao norte da Segunda Légua, da antiga colônia Caxias, era parte da sesmaria chamada de colônia
Sertorina, de Luiz Antônio Feijó
Júnior, rico fazendeiro de Bom Jesus . .Percebeu
que as terras de Caxias para a venda
estavam terminando. Assim com o auxilio de sócios organizou uma colônia
dividindo-a em lotes e colocando-os a venda. Foram organizadas serrarias para o corte dos pinheiros que
cobria a região . A partir de 1908, surge
uma povoação em torno da casa comercial. próxima do entroncamento
da Estrada Geral e da estrada que
levava à 2ª Légua .Era na 2ª Légua que
vivia a maior parte de colonos provenientes do império Austro Húngaro ,que compraram terras para seus filhos nas
terras de Feijó . No ano de 1875
entraramm na Colônia Caxias 46 famílias tirolesas com 156 dependentes., ou seja 43 % do total
dos colonos entrados na 2ª Légua,que eram provenientes de Trento. .
A linha Feijó ,mais tarde, chamada de Forqueta atraiu proprietários
de serrarias e agricultores .Na região
havia pinheirais. Sendo atravessada pela estrada geral e pela ferrovia em construção que precisava de
madeira para os dormentes. As serrarias desflorestaram a região e as terras sem cobertura vegetal eram vendidas
aos colonos.
Com a chegada da estrada de ferro parece
ter havido uma serie de conflitos entre : "brasileiros" e “italianos”. Colonos e “brasiliani” tinham costumes diversos. Os
colonos que haviam comprado as terras
para seus filhos plantavam milho,
videiras ,batatas ,trigo ,verduras sua
subsistência e para a comercialização. Os trabalhadores "brasileiros
"empregados da s serrarias pela
Companhia Belga encarregada da construção da estrada de ferro;, que nas horas de folga
descansavam e jogavam .
Segundo lembranças de
Dalvo Silvestre, os trabalhadores da
serraria Travi (lote 24 e 25 do
Travessão Alencastro) reuniam-se numa “bodega” situada além do acesso atual para Salete e Santos
Anjos, ali jogavam "bocha" e as
cartas. Já os colonos preferiam jogar a
bocha na cancha de Joaquim
Slomp situada na frente da estação férrea. Conta próxima
à casa Entre
“colonos” e
"brasileiros"
estabeleceu-se uma distância
espacial até para o entretenimento. A separação foi conseqüência das brigas entre os dois
grupos.
.As diferenças não eram por causadas pela côr.
Segundo Faustino Perottoni lembrava que
a colônia de sua pai, foram invadidas
pelos cortadores de mato,empregados da serraria , e suas plantações roubadas pelos novos
moradores da estação.” Primeiro cortaram
os pinheiros sem pedir licença ,depois roubaram parte da colheita”
.Desgostoso Artur Perottoni vendeu sua colônia em lotes e foi morar longe da
estrada de ferro. Os colonos muitas vezes davam tiros de espingarda para
espantar os invasores de suas terras e plantações. A defesa ainda que violenta,
era uma forma de assegurar a integridade da propriedade.
Na
casa de Joaquim Slomp havia muitos empregados carreteiros e cargueiros que
trabalhavam no transporte das mercadorias da casa comercial ,independente da
cor comiam na mesa junto com a família, costume comum a outras casas de colono.
Onde proprietário e empregados dividiam a mesa,como ocorria nas casa dos
mestres medievais onde e donos e
aprendizes conviviam lado a lado, como nas antigas casas dos mestres das antigas corporações
medievais
. Os colonos eram pequenos proprietários, já os trabalhadores
eram proletários,visto que trabalhavam para outros. No Brasil o trabalho agrícola ,por quatrocentos anos
,foi realizado pelos escravos. Plantar e cultivar era visto com desprezo pelas
elites brasileiras. Plantar era tarefa de negros e de escravos. Os
trabalhadores desprezavam os colonos .Os colonos se julgavam
superiores aos trabalhadores
por plantar e colher em suas
próprias terras. Viam com desconfiança os brasileiros que não tinham
propriedade e gastavam tudo o que ganhavam .Os dois grupos tinham uma ideologia
diferente. Os "brasileiros" gastavam , ou melhor” bebiam tudo
o que ganhavam “e os colonos não comiam um ovo para não jogar a casca fora. O
entendimento não poderia ser muito fácil,como realmente não o foi. As brigas
dividiam o povoado .
Outro problema foi
ocasionado pelas cercas de arame farpado,que impediam a passagem das cargas pelas antigas estradas
vicinais,trazendo problemas de transporte .Desastres e até algumas mortes foram
ocasionadas pela estrada de ferro , como a Guilherme Tamanini sempre lembrada
pelos antigos moradores. Por vezes dividia em duas uma propriedade , trazendo ainda possíveis posseiros. Com as
casas de madeira rústica dos colonos ,Forqueta parecia uma vila do Faroeste americano, que a estrada de ferro fez surgir coisas “ainda
piores” ,como uma pensão mal vista pela
comunidade . Os trabalhadores viviam em
ranchos construídos próximos das serrarias e
os da estrada de ferro,
acampavam próximo dos trilhos .
Comparadas aos ranchos dos trabalhadores , as
pobres casas dos colonos pareciam ricas
Durante muito tempo na pequena
localidade brasileiros e colonos, viveram separados. Os “negri” moravam nas
proximidades da estrada que leva à
capela de Santos Anjos um salão funcionava nas proximidades onde se
reuniam para beber, jogar cartas
e algumas vezes dançar. Outro e salão estava situado próximo da futura
estação onde se reuniam os colonos com o mesmo objetivo. Poucos anos depois,
em 1933, foi fundada a União Forquetense que reuniu os
dois grupos que passaram a ter um espaço comum de entretenimento. As duas mãos
unidas apresentadas no símbolo do
clube lembra a pacificação, entre os
dois grupos.
O que havia separado os dois grupos não era a cor mas a propriedade. Enquanto os colonos eram
donos da terra,os trabalhadores só tinham seu salário. Mais que uma diferença
de cor o que os separava era uma diferença ideológica proveniente da sua
classe social. Que existe até hoje , no clube jogam os proprietários e
num salão perto da encruzilhada que deu nome ao lugar continuam jogando os
trabalhadores, não da estrada de ferro mas das empresas locais. O mundo do
trabalho capitalista separa os homens muito mais que o mundo do antigo
regime. Ainda assim uma nova época
então tem inicio , ocorrendo o que
parecia impensável no final do século
XIX, as uniões interétnicas “apesar da
contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos
e com negros.” .
COLONOS E NEGROS
As colônias
oficiais destinadas preferentemente aos europeus que deveriam ser
agricultores estavam situadas nos
limites dos campos de criação de gado. Nelas era proibida a existência de
escravos. Ainda que separados
pelo espaço negros e colonos conseguiram estabelecer relações com eles. Muitos
auxiliavam a comissão de terras no
transporte dos imigrantes e outros traziam produtos das fazendas para vender
nas colônias . Nos arquivos históricos da região existem fotografias tanto de tropeiros como
de carreteiros negros.
Nas
histórias de família regionais fica
evidenciada a relação que se estabelecia entre imigrantes e negros . Nos
textos o negro tem significado de trabalho duro, "trabalho de negro, de
escravo." Ou seja o trabalho
similar ao trabalho do imigrante, pois ambos
vivem numa " condição de trabalho escravo ou mal
remunerado." E ainda como trabalhador mal pago "tinha mesmo para
contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa derrubada."
Assim .para o colono o escravo era um mestre no sofrimento e do
trabalho na nova terra..
Várias são as
alusões de como os negros conheciam o
mundo tropical assim "os nativos,
negro e caboclo, muito ajudaram, no modo como se derrubava uma árvore e a desdobrá-la
sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda e qual delas lascava melhor."
.A
natureza do Brasil com seus animais e
índios selvagens parecia para os colonos a negação do mundo civilizado europeu.
Os negros e indígenas faziam parte deste mundo não civilizado desconhecido para os europeus..
Havia quantidade grande de
erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois,
(...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se
trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro.
Apesar da semelhança do
trabalho do agricultor e o do escravo entre os dois grupos havia a
diferenças não apenas a cor , a língua ,costumes e religião. Os
colonos europeus sentiam a diferença
cultural dentre a deles a do Brasil e
dos brasileiros .Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos
,os escravos e indígenas aqueles que
conheciam a língua e a natureza tropical
eram os outros ,todos dos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois como
nascidos no Brasil eram todos
brasileiros .
Era uma época que todas as autoridades eram
“brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria,
não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e
racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros
eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em
casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é
preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.
.
Como reação à exclusão da sociedade brasileira a que
eram submetidos os imigrantes se fecharam dentro de seu grupo, praticando o
casamento endogâmico nas duas primeiras gerações. Como o outro os “brasilani “ foram unificados pela cor,
sendo chamados sem distinção de” negri “,pois eram mais morenos que os colonos
.
As relações
entre colonos e escravos se estreitaram com
o passar do tempo e pela vizinhança nos
campos onde lidavam de um lado da cerca
em seu lote colonial lidava na terra como trabalhador livre e do outro
lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico
é o caso de
Ana
Rech que acolheu em sua casa uma criança
filha de uma escrava que foi
deixada durante a noite na porta de sua casa pobre, chamando-a de
Maria Joana. Tal caso não deve ser o único, mas foi o único registrado no
requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a
menina .
Ao
que tudo indica não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar
seus filhos. Muitas crianças negras
aparecem nas fotos do fim do
século XIX e inicio do XX aos lado das
crianças imigrantes no mesmo trabalho e nas mesmas escolas escolas, sendo as educadas lado a lado. Da mesma forma
muitos adultos negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu
ambiente de trabalho tanto na empresa metalúrgica de Abramo Eberle como na industria vinícola de Luiz Antunes
Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na
província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se
abrem na zona conhecida como da” colônia
italiana “para os ex- escravos..
Deve-se destacar que o primeiro intendente eleito de Caxias José Cândido de
Campos Júnior nomeado pelo presidente do
estado do Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos ,em 15 de setembro de 1895 , era
maçom e mulato.. . Em 7 de dezembro de 1895 ,em oficio
dirigido pelo intendente Campos Júnior ao Conselho sugere o aumento da
guarda municipal “como deveis saber este município está infestado por pequenos
grupos de bandidos que se preparam para alarmar a população local” , sendo este
o motivo alegado para solicitar mais verbas para aumento do efetivo da policia
. Em 24 de novembro de 1896 foi eleito
por voto direto dos caxiense ,sendo reeleito em 23 de setembro de 1900.
Durante sua gestão ocorreram
enfrentamentos com o padre italiano Pietro Nosadini, pároco de Caxias. fundador do jornal semanal Il Colono Italiano’, “Bollettino
cattolico mensile” (Boletim católico mensal) que se contrapunha ao O
Caxiense primeiro jornal fundado da
região ,fundado em 1897 sendo ligado ao governo estadual e ligado ao
Partido Republicano . Campos Júnior
conhecido como Cazuza Campos nasceu
em Santo Antônio da Patrulha tendo sua residência em Vacaria para onde se
transferiu após deixar o cargo em 1º de
julho de 1902 sem concluir seu mandato. Durante seu governo houve lutas
políticas regionais entre federalistas e republicanos decorrentes da Revolução
Federalista ao que tudo indica estas disputas ocasionaram seu afastamento.
PRIMEIROS
CONTATOS
Em alguns lugares como na Fazenda
da Pratinha ( antiga colônia Alfredo Chaves) viviam antes da colonização proprietários de sesmarias e de escravos,
entre eles Silvério Antônio de Araújo e Placidina sua mulher que possuíam vários escravos que com a bolição tornaram-se
agregados como os: Martins, Guedes, Morreira e Telles todos afro brasileiros . O número de afro
descendentes aumentou com a abertura das serrarias diz Farina que
se tornaram arrastadores, cortadores de pinheiros ,serrarias limpadores de
estábulos carregadores eram antigos
escravos que acorreram para a região situada
nas proximidades dos campos.
Escravos existiam também nas
sesmarias que se limitavam com a região colonial como na
Criúva, Vila Oliva e Vila Seca,
pertencentes ao município de São Francisco de Paula, que faziam limite
com a antiga colônia Caxias.
Na Sesmaria do Raposo de José Carvalho Bernardes, que recebeu essa
concessão do Brigadeiro Francisco João Roscio em 1803, havia muitos escravos Um
dos herdeiros dessa sesmaria, Felisberto Soares de Oliveira, ou Beto Grande
tinha muitos escravos. Na sua propriedade
situada na região conhecida como Morro Grande tinha além de escravos, índios Kaigángs trabalhando para ele. Muitos
dos tropeiros que percorreram a região colonial
eram provenientes desta sesmaria.
Os escravos eram encarregados entre outras atividades do transporte de mercadorias ,como relembra
Angelina Perini :
Depois
que o papai casou eles colocaram uma casa de comércio onde eles vendiam de
tudo, tecidos, ferragens, secos e molhados. Eles trabalhavam muito com os
tropeiros que vinham de Vacaria e Bom Jesus. Os tropeiros traziam queijo, cera,
couro e levavam de volta açúcar, tecidos e outras coisas que vinham de Porto
Alegre. Os colonos que moravam aí também
compravam muito queijo e tecidos. Os tropeiros vinham de mulas e cargueiros, os
que traziam gado vinham tocando a tropa a
cavalo e deixavam o gado todo num potreiro que tinha na casa de
comércio, que também servia de pouso.
A Região Colonial Italiana
enorme quadrangulo com 400 metros de
lado limitava-se em tods extensão com a
região dos campos, sendo uma área
de fronteira, situada entre a
civilização e a natureza selvagem. Basicamente, a região de colonização italiana realizava seu comércio através de duas estradas: a Buarque de Macedo ,que unia a região de
Garibaldi, Bento Gonçalves e Veranopólis ao porto de Montenegro, e a Visconde
de Rio Branco ,que unia a região de Caxias do Sul ao porto do Cai.
Foi o caminho traçado pêlos
tropeiros e pelo gado foi usado para o traçado aproximado da estrada provincial
,aberta no século XIX ,que ligava os campos a depressão central. E que
atravessava o atual município de Caxias do Sul. Não é de estranhar que seus
campos tenham servido de pouso , de potreiros e de ocupação muitos anos antes
da chegada dos colonos europeus. Aantiga
estrada Provincial, aberta na década de
1870 ,que ligava os Campos de Cima da Serra ao
rio Caí.. Era por esse o caminho
que passavam os tropeiros este , mais
tarde, se tornou o caminho dos imigrantes. atravessava
a sede Santa Teresa de Leste a
Oeste, no trecho urbano tomou o nome de
Silveira Martins, e mais tarde Júlio de Castilhos, cortando a 3ª Légua.. Mais
tarde a estrada provincial tomou o nome Conselheiro Dantas ,no trecho entre
Caxias e Vacaria e de Rio Branco entre Caxias e Caí.. Uma outra estrada
ligava a colônia Caxias à Dona
Isabel , partia do cruzamento das ruas Marechal Floriano com a Pinheiro Machado,
seguia a atual Feijó Júnior até o Moinho Germani ,atravessando então a
Linha Palmeiro. Tinha ,numa extensão de 50 quilômetros.
O transporte pelas estradas era realizado tropeiro que era
encarregado do transporte tanto de
mercadorias como de seres vivos.
O transporte dos imigrantes da capital a São Sebastião do
Caí era feito por vapores e daí, até a sede da colônia, por meio através
de tropeiros. Para o transporte dos
colonos, que era feito por tropeiros,
foram abertas novas picadas na direção da Terceira Légua
e abertos novos caminhos que ligavam a sede aos lotes,
como a estrada Rio Branco. Em 1884, estava em boas condições a estrada Conselheiro Dantas, que unia a
Colônia Caxias à Dona Isabel e a estrada Rio Branco, que ligava a colônia tanto
aos campos de Cima da Serra quanto ao vale do rio Caí.
Muitas vezes, a casa de pasto era
anexa à casa de negócio. Nela não
havia apenas produtos, mas era local de
repouso tanto para tropas quanto para tropeiros: “Os que traziam gado vinham
tocando a tropa a cavalo e deixavam o
gado todo num potreiro que tinha na casa de comércio, que também servia de
pouso.”[12]
A mula (ou burro) conseguem andar por
caminhos íngremes nas montanhas, sendo utilizados como animais de carga. As mulas são mais fortes que o cavalo e o
jumento, podendo carregar até cem quilos de carga. Mas, ainda
assim, devem descansar após um dia de tropeada. Para o descanso das mulas, era
usado o potreiro e, para o descanso dos tropeiros, a casa de pasto. Sobre a casa de pasto conta João Corso:
Os carreteiros
vinham de São Sebastião do Caí e iam para Vacaria, Lagoa Vermelha e Bom Jesus.
Já os Tropeiros eram anunciados de longe pelo barulho do cincerro. A noite se
reuniam na casa de pasto para contar histórias, comer pinhão e tocar gaita. A
casa de negócio tinha quartos para os que quisessem a 10 réis por noite e o potreiro custava 20 réis. [13]
O tropeiro carregava crianças nas
bruacas de suas mulas, mulheres
cansadas, arcas com os bens dos imigrantes.
Os tropeiros da região realizavam vários
tipos de transporte: de mercadorias, de animais e de pessoas. Na região, havia
muitos tipos de tropeiros: que eram donos de suas tropas e que serviam a casas
de comércio; os que eram contratados pelos fazendeiros para transportar tropas
de bovinos, suínos e aves do lugar de criação para o da venda e os contratados
pelas casas comerciais para o transporte
de gêneros coloniais até a capital, e
dos produtos industrializados da capital para a região colonial
Para facilitar o transporte a cada
vinte quilômetros de estradas havia uma
pouso, uma casa de pasto ou uma casa de comércio. A passagem das mercadorias garantia
o progresso. Para servir as tropas e tropeiros, de cargas e cargueiros foi
criada uma rede de serviços para atender suas necessidade. Muitas vezes a mudança do traçado dos caminhos decretava o
fim de uma pequena povoação, surgida em
função de uma rota comercial.
Se a maioria das casas comerciais da região pertencia aos
imigrantes italianos, no caso dos tropeiros e
carreteiros a maioria era de
brasileiros, pois eles conheciam a
língua portuguesa e os caminhos
das tropas, bem como os locais de compra e de venda. Com o passar dos anos
os colonos aprenderam o ofício e
passaram a realizar tais
atividades.
Os tropeiros não eram responsáveis apenas pela distribuição das mercadorias e de
colonos Eram eles que levavam e traziam as
notícias e a correspondência
vindas de outros lugares .Eram eles que levavam
a língua nacional para os estrangeiros que ocupavam a região colonial
.Lembra Rovílio Costa
Então o brasileiro é aquele que
falava o brasileiro, que era o português, Mas a gente dizia que falava em
brasileiro. E quem falava em brasileiro era negro, porque lá em casa era pouso
de negros, que eram os tropeiros que iam para Guaporé e seguiam pelo caminho de
Fagundes Varela. Depois eles iam... às vezes eles iam para a serra, às vezes
voltavam para pegar o caminho de Lagoa Vermelha e Vacaria, e como meu pai tinha
uma casa de comércio, uma casa grande, e
na frente tinha uma cantina, e, no
fundo, umas grandes estrebarias. Então
eles paravam ali, pastavam os animais, acho que eram mulas. E tinha potreiro,
um enorme potreiro, que ainda hoje existe. Tem quase uma colônia de potreiro.
Então eles largavam os animais ali, e como eram animais mansos, davam pasto, e depois quando chamavam já
recolhiam. Ficavam às vezes até dois dias. então nós plantávamos aquela cana e,
eles entendiam e falavam em português, a gente entendia. Ele não falava o
português, só entendia. Pouquíssimas palavras, ele sabia
Mas com os tropeiros os imigrantes não aprendiam
apenas a língua aprendiam também uma nova cultura não ensinavam apenas Segundo
o mesmo testemunho:” então iam tomar banho de rio, faziam as comidas deles,
preparavam comida para andar, ensinavam minha mãe a fazer charque. “
Mas os tropeiros ensinavam aos colonos mais do como
fazer as comidas aa que tudo indica “ negro e caboclo, muito ajudaram, como se derrubava uma árvore
e a desdobrá-lo sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore.”
Ensinava
ainda a utilização de árvores nativas.
Um hábito que os tropeiros introduziram entre os imigrantes foi o do chimarrão.
Na região
“Havia quantidade grande de erva-mate. Mas
fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois, (...). Mas
depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se trabalhou muito
e se ganhou um bom dinheiro.”
Com o correr do tempo a erva mate
tornou-se um dos mais importantes produtos e exportação regional na primeira metade do século XX Como relembra
Júlio Sassi
Nós
trabalhávamos, trabalhamos muito anos
com erva-mate, exportação de erva-mate, durante 40 anos, exportamos erva prá
Argentina, aqui da zona de Caxias, São Francisco, Veranópolis antes Alfredo
Chaves.
Era em folha,
era em folhas, porque a erva-mate o processo dela era colher, secar em folhas,
depois vinha prá nós preparávamos e mandávamos prá Porto Alegre, lá nós
tínhamos um depósito, embarcávamos a erva nos vapores da Argentina e dali ia prá Montevidéu e Buenos
Aires.
NOVAS FRENTES
A discussão sobre a construção de estradas de ferro no Rio
Grande do Sul tem inicio em 1866.Mas só em abril de 1874, foi inaugurado o primeiro trecho que
ligava Porto Alegre e São Leopoldo feito pela
Porto Alegre & New Hamburg Brazilian Railway Company .Em 1880 teve início a construção da Estrada
de Ferro do Paraná em Paranaguá Em 1884
foi inaugurado trecho da estrada de ferro Porto Alegre a Cachoeira que ligaria acapital a Uruguaiana até
Cachoeira, no ano seguinte mais um trecho
da estrada de ferro Rio Grande – Bagé. .Em 1887: foi o concluida a
Quaraí - Itaqui, administrada pela The Brazil Great Southern Railway Company
Ltd Em 9 de novembro de 1889, foi iniciada construção da estrada de ferro que
ligaria São Paulo ao Rio Grande.
Em
1898 foi assinado o contrato de arrendamento das ferrovias federais no
Rio Grande do Sul com a Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil Em 1907: foi concluída a ferrovia
ligando Porto Alegre – e Uruguaiana a
Uruguaiana Transferência da concessão da
Estrada de Ferro do Paraná para a Estrada de Ferro São Paulo - Rio Grande, em 5
de abril, e conclusão da ligação entre Santa Maria e Marcelino Ramos em 25 de
outubro;.1920: Encampação da Compagnie Auxiliaire de Chemins de Fer au Bresil
em 29 de junho, dando início à VFRGS - Viação Férrea Rio Grande do Sul
A linha Porto
Alegre-Caxias foi aberta no trecho entre a Capital e São Leopoldo em 1874, como
a primeira ferrovia do Estado. Em 1876 foi prolongada até a estação de Novo
Hamburgo. Em 1905, a Cie. Auxiliaire assumiu a linha. Apenas em 1909 a linha
teve continuação, partindo de Rio dos Sinos, 7 km antes de Novo Hamburgo e
chegando até Carlos Barbosa, e, no ano seguinte, até Caxias (Caxias do Sul).
Foi
com a estrada de ferro que chegaram mais
negros a antiga região colonial italiana.. Os trabalhos de assentamento
de trilhos para a abertura da estrada de ferro ligando Porto Alegre a Caxias
movimentou o estado propiciando a chegada de
trabalhadores de outras regiões, entre eles antigos escravos. Os negros
conseguiam trabalho nesta construção .Por outro a obra exigia a derrubada de pinheiros para a fabricação dos dormentes para a
estrada de ferro. Os pinheirais eram numerosos na região situada entre Nova
Vicenza e Caxias. Na chamada estação
Forqueta (hoje bairro de Caxias do Sul)
as serrarias eram a principal atividade econômica nelas trabalhavam brancos e negros . Durante muito tempo na
pequena localidade negros e colonos, viveram separados.
Os negros moravam nas proximidades da estrada
que leva à capela de Santos Anjos um
salão funcionava nas proximidades onde se reuniam os negros para beber,
jogar cartas e algumas vezes dançar. Outro e salão estava
situado próximo da futura estação onde se reuniam os colonos com o mesmo
objetivo. Poucos anos depois, em 1933,
foi fundada a União Forquetense que
reuniu os dois grupos que passaram a ter um espaço comum de entretenimento.
As relações entre brancos e negros
não se resumiam ao trabalho. Os negros foram importantes para os colonos por seus conhecimentos de plantas e de
chás , “houve curandeiros e
curandeiras que eram procurados para tratamento com “garrafadas” de chás, por
eles preparados, geralmente, com sete, 13, 15 e até 21 ervas diferentes. Muito
se recorreu a benzedores negros, mandingueiros, ou a feiticeiros do campo,
conhecedores de ervas, rezas e orações fortes.”
Mas entre os europeus existiam também
bruxas e bruxos que benziam, rezavam e curavam como os “ giusta ossi “importantes
para os desvalidos que quebravam ossos e estavam e excluídos dos cuidados médicos .Com o
passar do tempo as duas formas de curar
e mesmo as culturas se fundem. Muitos
dos terreiros de umbanda atuais em sua maioria são dirigidos por brancos de
origem italiana e imigrantes . Hoje a cidade possui mais de 600 terreiros “de
batuque” a frente dos quais estão
brancos de origem italiana.
Com
a vinda do tiro de guerra para Caxias no inicio do século XX ,muitos soldados
negros chegaram na pequena cidade
.Em
1922 foi construído o quartel para
abrigar na cidade de Caxias do 9º Batalhão de caçadores , que é instalado
apenas em 1927. com o objetivo de formar contingente militar na região das
“colônias italianas”
.Com
a chegada do grupamento militar novos hábitos se instalam nas cidades
coloniais, são criados os primeiros centros espíritas e kardecistas,
os terreiros de umbanda e a criação do Clube
das Margaridas em 1933 e do Clube Gaúcho em Caxias em 1934, visando
reunir a sociedade negra que se sentia
rejeitada pelos clubes sociais da
elite local.Não se pode deixar de observar que com a chegada do exército
renascem as bandas de música que
infestavam a região ,mas a partir de então com outra conotação , agora como
bandas militares.
Uma nova época começa então, ocorrendo o que parecia impensável no final do século XIX, as uniões
interétnicas desta forma “apesar da
contrariedade dos pais, sempre havia moças casando com brasileiros, com morenos
e com negros.” .
A imagem do negro preservada em fotografias de época não tem correspondência
com as memórias e histórias escritas onde eles não parecem existir.
MARCANDO PRESENÇA
COLONOS E NEGROS
As colônias
oficiais destinadas preferentemente aos europeus que deveriam ser
agricultores estavam situadas nos
limites dos campos de criação de gado. Nelas era proibida a existência de
escravos. Ainda que separados
pelo espaço negros e colonos conseguiram estabelecer relações com eles. Muitos
auxiliavam a comissão de terras no
transporte dos imigrantes e outros traziam produtos das fazendas para vender
nas colônias . Nos arquivos históricos da região existem fotografias tanto de tropeiros como
de carreteiros negros.
Nas
histórias de família regionais fica
evidenciada a relação que se estabelecia entre imigrantes e negros . Nos textos
o negro
tem significado de trabalho
duro, "trabalho de negro, de
escravo." Ou seja o trabalho
similar ao trabalho do imigrante, pois ambos
vivem numa " condição de trabalho escravo ou mal
remunerado." E ainda como trabalhador mal pago "tinha mesmo para
contratar um negro, talvez ex - escravo, para auxiliá-lo numa derrubada."
Assim .para o colono o escravo era um mestre no sofrimento e do
trabalho na nova terra..
Várias são as
alusões de como os negros conheciam o
mundo tropical assim "os nativos,
negro e caboclo, muito ajudaram, no
modo como se derrubava uma árvore e a
desdobrá-la sobre estaleiros. Ensinavam o nome de cada árvore ainda e qual delas lascava melhor."
.A
natureza do Brasil com seus animais e
índios selvagens parecia para os colonos a negação do mundo civilizado europeu.
Os negros e indígenas faziam parte deste mundo não civilizado desconhecido para os europeus..
Havia quantidade grande de
erva-mate. Mas fazia-se roça e derrubava-se. Ás vezes deixava-se um pé ou dois,
(...). Mas depois vieram os negros ensinar a fazer erva-mate. Aí, sim, se
trabalhou muito e se ganhou um bom dinheiro.
Apesar da semelhança do
trabalho do agricultor e o do escravo entre os dois grupos havia a
diferenças não apenas a cor , a língua ,costumes e religião. Os
colonos europeus sentiam a diferença
cultural dentre a deles a do Brasil e
dos brasileiros .Para os imigrantes fazendeiros lusos, funcionários públicos
,os escravos e indígenas aqueles que
conheciam a língua e a natureza tropical
eram os outros ,todos dos eles sem distinção de classe ou de etnia, pois como
nascidos no Brasil eram todos
brasileiros .
Era uma época que todas as autoridades eram
“brasileiras” e a maioria dos imigrantes sentia-se gente de segunda categoria,
não podendo aspirar a ser da “sociedade”. Por outro lado, sentia-se orgulhosa e
racista, comparando-se a outras raças ou nacionalidades. Todos os brasileiros
eram “negri”, gente que não sabia trabalhar, gente que nem podia pensar em
casar com filhos ou filhas de outras raças. Estamos falando dos brancos. Nem é
preciso dizer dos negros de verdade. Casar com um negro, com negra? Impensável.
.
Como reação à exclusão da sociedade brasileira a que
eram submetidos os imigrantes se fecharam dentro de seu grupo, praticando o
casamento endogâmico nas duas primeiras gerações. Como o outro os “brasilani “ foram unificados pela cor,
sendo chamados sem distinção de” negri “,pois eram mais morenos que os colonos
.
As relações
entre colonos e escravos se estreitaram
com o passar do tempo e pela
vizinhança nos campos onde lidavam de um lado
da cerca em seu lote colonial
lidava na terra como trabalhador livre e
do outro lado nos campos do latifúndio labutava o escravo.
Característico
é o caso de Ana Rech que acolheu em sua casa uma criança filha de uma escrava que foi deixada durante a noite na porta de sua casa pobre, chamando-a de
Maria Joana. Tal caso não deve ser o único, mas foi o único registrado no
requerimentos da colônia Caxias, através da qual Ana informa que vai criar a
menina .
Ao
que tudo indica não eram raros os casos de mães escravas que procuravam livrar
seus filhos. Muitas crianças negras
aparecem nas fotos do fim do
século XIX e inicio do XX aos lado das
crianças imigrantes no mesmo trabalho e nas mesmas escolas escolas, sendo as educadas lado a lado. Da mesma forma
muitos adultos negros e negras aparecem em fotos junto aos brancos em seu
ambiente de trabalho tanto na empresa metalúrgica de Abramo Eberle como na industria vinícola de
Luiz Antunes
Em 1884 ocorre a abolição dos escravos na
província do Rio Grande do Sul, com isto novas oportunidades de trabalho se
abrem na zona conhecida como da” colônia
italiana “para os ex- escravos..
Deve-se destacar que o primeiro intendente eleito de Caxias José Cândido de
Campos Júnior nomeado pelo presidente do
estado do Rio Grande do Sul Júlio de Castilhos ,em 15 de setembro de 1895 , era
maçom e mulato.. . Em 7 de dezembro de 1895 ,em oficio
dirigido pelo intendente Campos Júnior ao Conselho sugere o aumento da
guarda municipal “como deveis saber este município está infestado por pequenos
grupos de bandidos que se preparam para alarmar a população local” , sendo este
o motivo alegado para solicitar mais verbas para aumento do efetivo da policia
. Em 24 de novembro de 1896 foi eleito
por voto direto dos caxiense ,sendo reeleito em 23 de setembro de 1900.
Durante sua gestão ocorreram enfrentamentos
com o padre italiano Pietro Nosadini, pároco
de Caxias. fundador do jornal semanal
Il Colono Italiano’, “Bollettino cattolico mensile” (Boletim
católico mensal) que se contrapunha ao O Caxiense primeiro jornal
fundado da região ,fundado em 1897 sendo
ligado ao governo estadual e ligado ao Partido
Republicano . Campos Júnior conhecido como Cazuza Campos nasceu em Santo Antônio da Patrulha tendo sua residência em Vacaria para onde se
transferiu após deixar o cargo em 1º de
julho de 1902 sem concluir seu mandato. Durante seu governo houve lutas
políticas regionais entre federalistas e republicanos decorrentes da Revolução
Federalista ao que tudo indica estas disputas ocasionaram seu afastamento.
DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116
DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 117
DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116
CDOC
UCS IE1001-1992 Angelina filha de
Antonio De Lazzer e Stela Panigaz
De Lazzer nasceu em 15 de agosto
de 1915 no Travessão D. Pedro II ( De Lazzer) Casou com Amádio Perini. Em seu
depoimento realizado a Sérgio Antônio Periniem 1992 fala
sobre a atividade econômica de seu pai:
http://www.estacoesferroviarias.com.br/rs_linhaspoa/esteio.htm
DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 117
DALL’ ALBA João Leonir Padre. História Do Povo De Ana Rech p. 116